Em viagem de negócios a Copenhaguen, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), assinou na manhã desta sexta (12) um memorando com a empresa Copenhagen Infrastructure Partners, maior fundo de investimentos de energias renováveis no mundo atualmente, para implantação do projeto Alísios Potiguares, que prevê a implantação de infraestrutura para geração de 1,8 GW na produção de energia offshore, além do também chamado hidrogênio verde.
Com a assinatura do acordo, a estimativa é que o Rio Grande do Norte se torne o primeiro estado do Brasil a implementar a energia eólica no mar (offshore). Nesse sistema, as turbinas eólicas são implantadas no leito marinho para aproveitar a força dos ventos sem barreiras em alto-mar.
Nesta quinta (11), a governadora do Estado já havia se reunido com a Vestas Wind Systems e assinou acordo com a European Energy através do “Memorando de Entendimento (MoU)”, para o desenvolvimento de novas fontes de energias renováveis no estado, em especial hidrogênio verde, amônia verde, energia solar e armazenamento de energia.
Com maior poder de combustão, o hidrogênio libera três vezes mais energia do que a gasolina e tem sido apontado como o combustível do futuro. Empresas de petróleo têm desenvolvido projetos com sua utilização com o objetivo de reduzir a emissão de poluentes na atmosfera e o efeito estufa.
“Nos últimos três anos o nosso Estado vem se preparando para o desenvolvimento do setor de energias. Através de planejamento e gestão o Governo vem realizando parcerias estratégicas com empresas e elaborando estudos para infraestrutura e para a cadeia de valor. O RN hoje é líder em geração de energia eólica onshore e também pretende liderar na produção offshore [no mar]”, comentou a governadora Fátima Bezerra.
Atualmente, 94% da matriz elétrica do RN é composta por fontes renováveis, sendo a energia eólica a principal, com geração de 6,1 GW de potência instalada, tornando o estado líder nacional na geração e exportação para o Sistema Nacional de Energia.
“O Governo do Estado vem investindo na diversificação de fontes de geração de energias renováveis com o intuito de aumentar a sua participação no processo de transição energética para uma economia de baixo carbono. E temos alcançado resultados importantes na inserção de novas fontes como biomassa, solar, hídrica e, como combustível de transição, do gás natural“, argumentou o secretário Desenvolvimento Econômico (SEDEC), Jaime Calado.
Mas, apesar da boa notícia de diversificação da matriz energética para redução dos gases poluentes na atmosfera, a professora Moema Hofstaetter, que faz parte do grupo de pesquisas LISAT/UFRN, é coordenadora da Escola Milton Santos-Lorenzo Milani e atua junto ao Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Sócio Ambiental/Núcleo RN, alerta para as consequências da implementação de energias renováveis sem diálogo com as comunidades locais e estudos de impacto.
“Não podemos associar energias renováveis a energia limpa, porque teria que ser algo que ao longo da sua cadeia produtiva não gerasse nenhum tipo de impacto. E não é o caso. Sem essa inclusão efetiva das populações atingidas, os impactos são diversos, desde a limitação de circulação, com interrupção de estradas, dificuldade de acesso ao mar para pescadores; passando por retirada da mata e aterramento de lagoas, como ocorreu na Ponta do Tubarão, nas proximidades de Diogo Lopes, onde uma empresa usou a água da lagoa para fazer a base do cimento, em grande quantidade; até prostituição e exploração sexual de crianças e adolescentes”, alertou, Moema Hofstaetter em entrevista ao Balbúrdia do dia 3 de novembro.