Em Natal, um jovem negro tem 5,3 mais chances de ser assassinado do que um jovem branco, é o que aponta o levantamento que faz parte do primeiro Diagnóstico sobre o Genocídio da Juventude Negra Natalense, documento da Frente Parlamentar da Juventude, presidida pelo vereador Pedro Gorki (PCdoB), da Câmara Municipal de Natal, em parceria com o Observatório da Violência do Rio Grande do Norte (OBVIO).
O tema foi debatido nesta terça (23), durante audiência pública organizada pela Frente Parlamentar da Juventude da Câmara que realizou uma audiência pública para discutir o enfrentamento ao genocídio da juventude negra em Natal. Representantes de institutos de pesquisa, movimentos sociais, Ministério Público, conselheiros tutelares, estudantes, professores, entidades do meio jurídico, Secretarias Estadual e Municipal de Juventude e Direitos Humanos, além de familiares e amigos de jovens negros assassinados participaram do encontro.



“Milhares e milhares de jovens foram mortos como meu filho. O assassinato de Giovanne só foi descoberto porque eu fui pra luta, não me calei e nem tive medo. Eu fico me perguntando ‘que mundo é esse em que a gente vive?”, denunciou Priscila Souza, mãe de Giovanne Gabriel, jovem de 18 anos assassinado a caminho da casa da namorada, em Parnamirim, região metropolitana de Natal.
Negro, com 18 anos e morador da periferia, Gabriel foi assassinado por policiais militares ao ser confundido com um assaltante, segundo a investigação da Polícia Civil. O caso é só um exemplo do extermínio que vêm ocorrendo no país, como pode ser constatado no levantamento feito pelo Atlas da Violência de 2020, que aponta um crescimento de 11,5% de assassinatos de negros nos últimos 10 anos. No Rio Grande do Norte, jovens com idades entre 15 e 29 anos representam quase 60% das vítimas de homicídios.



“Enquanto o futuro dos jovens negros natalenses for interrompido por uma violência desumana e enquanto a inexistência de dignas condições de vida resultar no predomínio das condições de morte, se indignar e enfrentar o genocídio em curso é um dever humanitário que deve unir toda a sociedade natalense”, comentou Pedro Gorki, que apresentou dados inéditos coletados pelo OBVIO e COINE, em parceria com o OBIJUV.
Durante o encontro, foi formado um grupo de trabalho para estruturar um texto e propor políticas públicas para o enfrentamento do problema.