“Resistir: é isso que a gente faz”, dizem curadores da Mostra de Cinema de Gostoso
Natal, RN 19 de abr 2024

“Resistir: é isso que a gente faz”, dizem curadores da Mostra de Cinema de Gostoso

22 de novembro de 2021
5min
“Resistir: é isso que a gente faz”, dizem curadores da Mostra de Cinema de Gostoso

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De volta ao formato presencial, a Mostra de Cinema de Gostoso chega à 8ª edição celebrando o audiovisual brasileiro entre os dias 26 e 30 de novembro, na Praia do Maceió, em São Miguel do Gostoso. Os curadores Eugenio Puppo e Matheus Sundfeld falaram ao Programa Balbúrdia desta segunda-feira (22) sobre organização e expectativas.

A 7ª edição do festival estava marcada para novembro de 2020, mas foi realizada em março de 2021 de forma virtual. Tanto a seleção de filmes para a versão online quanto para os próximos dias de exibição dialogam com a “memória”, de acordo com os curadores.

“Não só memória do passado, mas algo que alavancasse novos pensamentos, novas reflexões”, disse Matheus Sunfeld, atrelando à questão da Cinemateca Brasileira, responsável pela preservação e difusão do audiovisual do Brasil. A entidade teve todos os colaboradores demitidos em agosto do ano passado; em julho, o galpão da Vila Leopoldina sofreu um incêndio e retomou as atividades parcialmente no último dia 18.

“Uma coisa que também é motivadora [para resgate da memória] é o fato de estarmos vivendo essa tragédia do atual governo e que é uma destruição, é um desmonte da nossa cultura, do nosso cinema, da cultura preta, da cultura histórica importantíssima para o nosso país”, completa Sunfeld. “Resistir: é isso que a gente faz, fazendo filmes, fazendo a mostra de Gostoso, mesmo online. Mostrar que a gente tem força e tem filme”.

Eugênio conta que no final de 2020 constataram que ainda não era o momento de retomar as atividades presenciais. “Foi uma decisão difícil. Um festival tão aguardado aqui por toda a comunidade e também por todo o estado, mas ainda não era o momento”, lembrou.

O avanço da vacinação encorajou o grupo. Normalmente a mostra ocorre na praia e no Centro de Cultura do município, mas desta vez será realizado apenas ao ar livre.

“A gente acha que nada substitui a experiência de uma vivência que é uma mostra de cinema presencial e ainda mais com essas características tão peculiares daqui de Gostoso, ao ar livre. A gente tá muito feliz desse retorno, mas tomando todas as precauções e fazendo uma amostra um pouco mais concisa”, relatou Eugênio Puppo

Matheus Sunfeld disse que não poderiam colocar em risco a saúde das pessoas que trabalham no evento e da comunidade. “As pessoas falam ‘ah, mas é ao ar livre’, mas não é só isso. As pessoas se encontram, se abraçam, falam de tête-à-tête. Tem uma série de outras variáveis”.

Programação

A programação da 8ª edição da Mostra de Cinema de Gostoso está composta por um total de oito curtas-metragens e cinco longas-metragens, divididos entre Mostra Competitiva, Mostra Coletivo Nós do Audiovisual e Sessões Especiais.

Os 13 filmes da 8ª Mostra de Cinema de Gostoso estarão em exibição na Praia do Maceió, sempre a partir das 21h. Alguns desses filmes foram destaques em festivais nacionais e internacionais no último ano. Outros, são totalmente inéditos, tendo sua estreia nas areias de São Miguel do Gostoso.

Os filmes da Mostra Competitiva congregam duas obras de ficção de diretores estreantes em longa-metragem e um documentário de um diretor mais experiente. São eles: Cabeça de Nêgo, de Déo Cardoso, e A Felicidade das Coisas, de Thais Fujinaga, no primeiro caso, e Rolê — A História dos Rolezinhos, de Vladimir Seixas, no segundo caso. Todos eles têm como ponto em comum o desafio a narrativas e representações hegemônicas, adotando como eixo narrativo as inquietações, conflitos e desejos de personagens marginalizados.

Os filmes selecionados na categoria curta-metragem da Mostra Competitiva são Portugal Pequeno, de Victor Quintanilha; Tereza Joséfa de Jesus, de Samuel Costa; e Céu de Agosto, de Jasmin Tenucci. Suas histórias contemplam, cada uma à sua maneira, diversas experiências e formas de elaboração da vida, em muitos casos em descompasso com uma realidade cada vez mais insustentável, como no caso da protagonista de Sideral, de Carlos Segundo, produzido no Rio Grande do Norte, exibido no Festival de Cannes e que faz sua estreia no estado nesta edição da Mostra.

Outros dois curtas potiguares apresentam visões distintas sobre a realidade local. Fole, de Lourival Andrade, apresenta uma tragédia sertaneja repleta de música e ancorada na relação entre pai e filho. Vale do Vento Eterno, de Pedro Medeiros, que terá sua estreia na 8ª Mostra de Cinema de Gostoso, cria uma singular perspectiva futurista de um mundo não tão distante.

Veja entrevista completa:

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