Justiça rejeita pedido de proibir festas no RN por causa da covid, mas municípios decidem cancelar carnaval por conta própria
Natal, RN 29 de mar 2024

Justiça rejeita pedido de proibir festas no RN por causa da covid, mas municípios decidem cancelar carnaval por conta própria

28 de janeiro de 2022
5min
Justiça rejeita pedido de proibir festas no RN por causa da covid, mas municípios decidem cancelar carnaval por conta própria

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Apesar do aumento de casos e dos 10 hospitais com todos os leitos críticos (semi-intensivos e UTI’s) para pacientes com covid-19 ocupados, o juiz da 4ª Vara da Fazenda Pública, Cícero Martins de Macedo Filho, rejeitou nesta quinta (27) o pedido feito pelo Ministério Público e Defensoria Pública do RN para que todas as festas no estado com público acima de 100 pessoas fossem canceladas.

Na avaliação do juiz, cabe ao Governo, que optou pela cobrança do passaporte vacinal, decidir as medidas a serem adotadas e não ao judiciário. Cícero Martins ainda criticou em sua decisão a política adotada no Brasil de questionar as decisões de gestores por via judicial, enquanto em outros países do mundo são ouvidos pesquisadores, cientistas, médicos e profissionais da área.

Até está sexta (28), mais de 40 municípios no Rio Grande do Norte anunciaram a suspensão de suas festas públicas de carnaval. Além de Natal, Parnamirim, Caicó, Macau, Apodi e Tibau do Sul, que já tinham cancelado eventos públicos durante o carnaval, outros 37 municípios emitiram uma nota pública anunciando o cancelamento de festas públicas de carnaval em 2022.

O documento foi assinado pelos municípios de Afonso Bezerra, Alto do Rodrigues, Angicos, Assú, Caiçara do Rio dos Ventos, Carnaubais, Fernando Pedroza, Itajá, Ipanguaçu, Jardim de Angicos, Macau, Paraú, Pedra Preta, Pedro Avelino, Pendências, Porto do Mangue, São Rafael, Serra do Mel e Triunfo Potiguar, representados pela Associação dos Municípios da Região Central e Vale do Açu (Amcevale).

Além deles, os prefeitos das cidades de Acari, Bodó, Campo redondo, Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Cruzeta, Currais Novos, Equador, Florânia, Japi, Jardim do Seridó, Lagoa Nova, Ouro Branco, Parelhas, Santa Cruz, Santana do Seridó, São Vicente e Tenente Laurentino Cruz, também assinaram o documento por meio da Associação dos Municípios da Microrregião do Seridó Oriental (AMSO).

Além dos municípios que cancelaram as festas públicas de carnaval, Areia Branca e Tibau proibiram, também, as festas privadas.

Cientista alerta para risco de carnavais privados

Os prefeitos dos municípios que decidiram cancelar as festas públicas, ainda aguardam um posicionamento do Governo do Estado quanto à realização das festas privadas. Na avaliação do pesquisador e professor do departamento de Física Teórica e Experimental da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DFTE/ UFRN), José Dias do Nascimento Júnior, o cancelamento apenas do carnaval financiado pelo poder público, não será suficiente para barrar a propagação da covid-19.

“A proibição dos carnavais oficiais não irá impedir que festas privadas mantenham um nível elevado de transmissão do vírus, pois a variante ômicron é muito mais eficiente na sua transmissão quando comparada com as versões anteriores, como a delta.   Ou seja, a velocidade do avanço da ômicron é extremamente rápida e no Rio Grande do Norte, como em parte do nordeste, a disseminação será mantida devido a concentração de pessoas nas praias, festas, em encontros casuais de proximidade e lugares onde a máscara não será utilizada. A quebra da transmissibilidade exige uma barreira eficiente, rápida nos próximos dias e isso não é trazido se não pela quebra brusca da rede de contágio através de distanciamento social. Até 24 de fevereiro de 2022, época do carnaval, são quatro semanas. Deveríamos construir uma situação de regressão da doença nesse período, ao invés de deixar o quadro atual se expandir“, alerta Dias, que trabalha nos gráficos de projeção da covid-19 para o Comitê Científico do Nordeste desde o início da pandemia.

Dias calcula que as aglomerações provocadas pelo Carnatal, Natal e Réveillon foram responsáveis pelo espalhamento da variante Ômicron no estado, o que pode ser verificado nos gráficos que apontam aumento na solicitação de leitos no sistema de regulação cerca de 15 dias após cada um desses eventos.

Nesta sexta, 10 dos 16 hospitais com leitos críticos (semi-intensivos e UTI’s) para pacientes com covid-19 estão com 100% de ocupação, segundo os dados que podem ser consultados no Regula RN. Em todo Rio Grande do Norte, a média de ocupação é de 70%, baixa para 64% na região metropolitana de Natal, sobe para 83% na região Oeste e desce para 60% no Seridó. O estado já acumula um total de 1.025 óbitos de pessoas com covid-19 em estado grave que morreram antes de conseguir um leito de internação para tratar a doença da forma adequada.

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