ANÁLISE: Candidatura de Carlos Eduardo ao Senado na chapa de Fátima envolve xadrez político complicado
Natal, RN 19 de abr 2024

ANÁLISE: Candidatura de Carlos Eduardo ao Senado na chapa de Fátima envolve xadrez político complicado

3 de fevereiro de 2022
4min
ANÁLISE: Candidatura de Carlos Eduardo ao Senado na chapa de Fátima envolve xadrez político complicado

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Um dos assuntos mais comentados na política potiguar atualmente é a pré-candidatura ao Senado na chapa da governadora Fátima Bezerra (PT), que tentará reeleição. O nome natural para a disputa, em tese, é a do senador Jean Paul Prates, que é do próprio PT, tem mandato ativo e elogiado e faria parte da bancada de apoio a Lula, se este for eleito presidente da República. Contudo, o medo de setores do petismo potiguar de Jean Paul não conseguir ser eleito somado à necessidade de ampliar alianças faz com que outras possibilidades para além do espectro de Esquerda sejam ventiladas.

Atualmente a possibilidade com maior chances de acontecer e que permite mais diálogo é a que envolve o ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT)

Carlos quer ser candidato, seja ao Governo do Estado, seja ao Senado. A seu favor, ele apresenta bons números nas pesquisas de intenção de voto. Para o Governo, a tarefa parece difícil. Para polarizar com Fátima (como aconteceu no segundo turno da eleição ao Governo de 2018) Carlos teria de aderir ´de cabeça` ao bolsonarismo, de onde, inclusive, parece estar se afastando, e compor com os ministros Fábio Faria e Rogério Marinho.

Restaria a Carlos tentar o Senado. Pelo bolsonarismo, a tarefa seria impossível, os ministros Fábio Faria e Rogério Marinho disputam a indicação a vaga com unhas e dentes. Já uma candidatura fazendo dobradinha com Fátima para o Governo parece o melhor dos cenários para o filho de Agnelo Alves. Teria a seu favor a aprovação que Fátima vem tendo (e de quebra o apoio indireto ou direto de Lula, que lidera as pesquisas para presidente da República) e teria tanto o voto dos eleitores progressistas (que iriam acompanhar o voto de Fátima e do PT) como de antigos apoiadores da família Alves e de parte dos eleitores "neutros". Carlos também tenderia a ter boa votação em Natal, onde foi prefeito bem avaliado por três vezes e ainda tem capital político-eleitoral.

Mas existem fatores que tornam essa possibilidade um tabuleiro de xadrez político. O primeiro deles é ter a provação do PT potiguar. Parte dos petistas não confia em Carlos e deixa isso bem claro. Na quarta, dia 2, o senador Jean Paul Prates divulgou nora na qual diz sem meias palavras que "seria constrangedor ver o partido oferecer aos nossos eleitores a opção de votar para o Senado, em nossa chapa, em um candidato que irá nos trair em breve", se referindo claramente a Carlos Eduardo.

A desconfiança com Carlos não é sem razão. O pedetista para chegar a vice-prefeito de Natal na chapa de Wilma de Faria em 2000 rompeu com a própria família. Nos anos seguintes gravitou entre a Esquerda e a Direita, chegando tanto a apoiar Fátima para prefeita (em 2008, quando ela perdeu para Micarla de Sousa) como a apoiar Bolsonaro para presidente no segundo turno em 2018, quando disputava no estado o segundo turno contra a mesma Fátima, para quem perdeu.

Percebendo o desgaste e a tendência truculenta do bolsonarismo, Carlos se afastou. mas, para muitos petistas, tarde demais.

Outro fator que dificultaria Carlos como "o senador de Fátima" é o palanque nacional. Carlos é do PDT que tem pré-candidato a presidente, Ciro Gomes. Com o ex-prefeito de Natal aliado a Fátima, ele subiria no palanque de Lula pedindo votos para o petista? Como Ciro e o PDT nacional aceitariam o fato?

Em suma, os diálogos estão acontecendo, mas a possibilidade de Carlos ser candidato ao Senado com apoio de Fátima ainda está na fase das especulações e projeções. Mas, se não houvesse chance disso acontecer, Jean Paul não teria lançado nota pública com palavras tão duras e recados explícitos para a cúpula petista e avisos para a militância.

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