Pré-candidatura de Ezequiel ao Governo pela oposição esbarra em palanque bolsonarista
Natal, RN 24 de abr 2024

Pré-candidatura de Ezequiel ao Governo pela oposição esbarra em palanque bolsonarista

23 de fevereiro de 2022
3min
Pré-candidatura de Ezequiel ao Governo pela oposição esbarra em palanque bolsonarista

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Há duas semanas o assunto mais comentado nos intramuros da política potiguar e mídia local é a possibilidade de pré-candidatura ao Governo do Estado do presidente da Assembleia Legislativa Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB) pela oposição. Embora para essa possibilidade se tornar algo real seja necessária uma complexa engenharia política, parte de blogs e sites tem essa pré-candidatura como algo certo. Mas, há fatores de peso que podem fazer com que essa possibilidade se mantenha onde está: no campo da torcida.

O primeiro fator é que Ezequiel é aliado da governadora Fátima Bezerra (PT) a quem apoiou no segundo turno das eleições de 2018 e com quem mantém bom diálogo. Em três anos e dois meses, o presidente da ALRN jamais criticou ou usou de palavras duras para com Fátima. Teria dificuldade em, migrando para oposição, justificar um novo discurso de ataques a Fátima.

O segundo fator é questão do risco. Ezequiel tem reeleição praticamente garantida como deputado estadual e imensas chances de manter o poder político na casa. Ele arriscaria tal cenário para uma candidatura ao Governo em que, mal sucedida, o deixaria sem mandato a partir de janeiro de 2023?

O terceiro fator talvez seja o mais decisivo: Para concorrer ao Governo pela oposição, Ezequiel teria necessariamente que polarizar com Fátima, que lidera as pesquisas de intenção de voto, e, para isso, teria de aderir ao bolsonarismo. Ou seja, subir no palanque com os ministros Rogério Marinho (este possivelmente candidato ao Senado) e Fábio Faria e o deputado General Girão. Mais que isso: Ezequiel seria impelido a adotar os discursos e as narrativas bolsonaristas, de críticas virulentas e agressivas aos adversários políticos (sempre tratados como inimigos a serem eliminados).

Esta maneira de fazer política contrasta em muito com a forma de proceder de Ezequiel. Político de tendência à diplomacia e ao diálogo, é conhecido pela discrição e maneira educada de tratar a aliados e mesmo adversários. Teria dificuldade em ficar à vontade em um palanque com discursos gritados e truculentos.

Portanto, a pergunta que fica é: Ezequiel pagaria este preço para disputar o Governo? E ainda: o deputado acompanha as pesquisas de intenção de voto para presidente no RN que mostram Lula muito à frente de Jair Bolsonaro. Ezequiel ganharia migrando para o lado político que tem desaprovação do eleitorado?

Perguntas que Ezequiel certamente fará a si mesmo nestes dias de Carnaval, já que, segundo a mídia que torce pela sua candidatura, após a festa momesca, deverá ser anunciada sua pré-candidatura ao Governo. O que na prática significa rompimento com a governadora Fátima e adesão a um palanque agressivo e que vai mal nas pesquisas. A esperar.

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