OPINIÃO

Vacinação: Um direito e ato político

Por Victória Z. Alves

Após dois anos de enfrentamento da pandemia ocasionada pelo Covid-19, várias vacinas em constantes estudos e outras aprovadas pelas instituições governamentais, a quem interessa duvidar da eficácia das vacinas e por quê a vacinação além de um direito é uma obrigação moral?

A vacinação em massa vem mostrando resultados positivos, isso porque o número de óbitos diminuiu, mesmo com a Ômicron, nova variante, em vasta circulação no Brasil e no mundo. Mas por quê a disseminação de fake news é tão comum, mesmo não sendo algo diretamente ligado à política? A quem interessa desestimular, duvidar ou relativizar a necessidade das vacinas? Facilmente podemos responder isso.

De acordo com o Ministério da Saúde, a média móvel de óbitos por Covid-19 no Brasil teve uma queda de quase 90% no mês de outubro, a vacinação já estava em andamento e a variante Ômicron não havia surgido ainda. Agora, em 2022, com a nova variante e o afrouxamento das medidas em dezembro, os números começam a subir novamente. Mas dessa vez, a taxa de mortalidade assusta entre os que tomaram apenas uma ou nenhuma dose, isso porque é o dobro quando comparada a quem está completamente vacinado. O estudo promovido pela Secretaria de Saúde de Minas Gerais comprova a importância da imunização.

Retomando o início da pandemia, para além de apoiar a vacinação, temos que acreditar que a pandemia traz a necessidade de mecanismos sociais para tentar blindar ao máximo a população, sem distinção de classe social. Esses mecanismos, nesse contexto, são investimentos não apenas na saúde, mas também na economia do país, já que para garantir a segurança de todos, medidas sanitárias são necessárias, e que acabam afetando serviços e comércios, e a economia de uma forma geral.

Sendo assim, assegurar que a pandemia é real e que seus impactos precisam ser minimizados pelo Governo, é tomar o problema como algo sério. Coisa que não aconteceu da melhor forma durante muito tempo. O presidente da república, Jair Bolsonaro, incontáveis vezes negou em seus discursos a eficácia das vacinas, de sua necessidade e também alegou que a pandemia trata-se de uma “gripezinha”, mesmo com recordes de mortos a cada novo dia nesses dois anos de enfrentamento do vírus.

Apoiar o Governo é crer em suas falas, desacreditar na vacinação foi desde o princípio um palanque eleitoral. Ignorar e adiar contratos de compra de vacinas foi negligência com o seu povo. As vidas dos que se foram, foi mero capricho e desinteresse dos que estão no poder, poderíamos ter evitado tantas perdas.

Muito mais que um direito, a vacinação é um ato político. Se vacinar é exercer seu papel ativo diante do descaso com a saúde pública. Se vacinar é desafiar, resistir, é pensar menos na unidade e mais em um conjunto. Quando possuímos o direito da vacinação, independente de nossa história, nossa classe, estamos indo contra o sistema, indo contra as estatísticas e indo a favor da vida.

Muitos grupos ultraconservadores lutam contra as medidas sanitárias impostas em seus países, no Brasil não seria muito diferente. Apesar de alguns estados em nosso país solicitar em eventos e estabelecimentos a comprovação da vacinação, muitos asseguram que é injusto, pois a vacina não é obrigatória. Como forma de falar sobre a influência que personalidades exercem nas pessoas sobre questões políticas e de saúde pública, podemos citar o tenista Novak Djokovic. O sérvio, considerado o número 1 do mundo pela Association of Tennis Professionals (ATP), se recusou a tomar a vacina contra a Covid-19 e defendeu uma postura antivacina. Ele chegou em Melbourne no dia 5 de janeiro, foi detido no aeroporto e teve seu visto cancelado por não apresentar justificativa médica válida para não comprovar a vacinação.

Por se tratar de saúde pública e dele ser uma pessoa que detém influência na vida de milhares de pessoas, os advogados do governo australiano argumentaram que a permanência de Djokovic no país estimulava a não vacinação contra o coronavírus, dizendo que o sérvio teve diversas chances de se imunizar e não o fez. Apoiar a permanência de Djokovic e sua participação no Australian Open seria validar uma postura antivacina diante da sociedade. A vacinação contra a Covid-19 na Austrália, assim como no Brasil, é gratuita e um direito de todos, desde cidadão a turista estrangeiro.

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