A preço de hoje a situação política do ministro do Desenvolvimento Regional Rogério Marinho parece bem delicada. Com mal desempenho nas pesquisas de intenção de voto e vendo o presidente de cujo governo faz parte também definhando nas pesquisas, Rogério tem como tábua de salvação ser o pré-candidato ao Senado justamente com apoio do bolsonarismo.
Para isso, ele conta com a máquina do ministério e com a narrativa de que está diretamente envolvido em ações estruturantes no Estado e no Nordeste. Hoje, para além da sua claque e do cercadinho de Bolsonaro, essa estratégia não funcionou.
Como registrou em matéria no Saiba Mais a repórter Mirella Lopes, a transmissão da cerimônia de inauguração das obras do Rio São Francisco no Rio Grande do Norte realizada no final da manhã desta quarta (9), na cidade de Jucurutu, foi encerrada sem que fosse vista uma gota de água sair da mangueira segurada pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro Rogério Marinho.
A barragem de Oiticica fica localizada entre os município de Jardim de Piranhas, São Fernando e Jucurutu, onde foi organizado o evento da presidência. A barragem será o primeiro reservatório a receber as águas do São Francisco no RN. Porém, até o fim da cerimônia a água não tinha chegado, segundo a direção da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e de uma fonte que falou com exclusividade à agência Saiba Mais, por falta de planejamento, escreveu Mirella na reportagem.
Não obstante parte considerável da imprensa potiguar reproduzir a narrativa desconectada da realidade de Bolsonaro e Rogério, o fato é que a dupla carece de fotos e vídeos que mostrem o que eles desejavam e “venderam”: Água jorrando aos borbotões.
Na reportagem de Mirella Lopes, a explicação técnica para o fiasco: Por causa de um erro de cálculo, até a manhã desta quarta as águas não tinham chegado sequer à cidade de São Bento, que fica a 18 quilômetros de Jardim de Piranhas, município que faz parte da Barragem de Oiticica e fica a uma hora de Jucurutu. Com isso, apesar de todo o evento, a água presente no rio hoje era proveniente apenas das chuvas na região e não há águas do São Francisco no Rio Grande do Norte ainda.
Bolsonaro e Rogério necessitavam desta água hoje. Sem ela, restará à dupla construir a narrativa (já iniciada) que o Governo Fátima Bezerra foi o responsável pela não chegada da água. Pouca coisa para reverter números como os 51,4% das intenções de voto para presidente do RN de Lula contra os 23,8 de Bolsonaro na faixa estimulada, como registrou na segunda-feira, , o Instituto Seta (Lula 50,3% contra 21,4% de Bolsonaro na faixa espontânea). Na mesma pesquisa Rogério não consegue ficar entre os três mais lembrados nem na Espontânea nem na Estimulada. Nem mesmo a claque gritando “Rogério senador” enquanto Fábio faria discursava salvou o dia de Rogério. Entrou água no projeto dele.