A Sede de “Vingança” de Simonetti Marinho
Natal, RN 19 de abr 2024

A Sede de “Vingança” de Simonetti Marinho

24 de março de 2022
5min
A Sede de “Vingança” de Simonetti Marinho

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O atual ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Simonetti Marinho, ex-deputado federal que embarcou de corpo e alma no reacionarismo bolsonarista, primeiro como Secretário Especial de Previdência e Trabalho de janeiro de 2019 a fevereiro de 2020, e nessa função ajudou a implantar mais um reforma (sic) da previdência, que encolheu ainda mais os direitos sociais de aposentados e pensionistas, terça (22) veio a público para um pronunciamento em que exerceu o direito de mentir e delirar ao mesmo tempo.

Coube a este senhor, que já participara da destruição das relações de trabalho, quando da reforma (sic) trabalhista de 2017, no governo Temer; que se encalacrou com o bolsonarismo e obteve, do Mandrião, cheque em branco para “tomar” o governo do RN do PT e desde então o ministro vem agindo como um “coronel”, cooptando prefeitos e lideranças locais com obras e dinheiro, ser o protagonista dessa peça política patética. Marinho se comporta com um “ministro do RN” e alguém poderia lembrar a ele que ele é ministro de país que tem 8,5 milhões de Km².

Até a metade de 2020 Marinho era o “dono” do PSDB local, que ainda se refere a uma “social-democracia” no nome, embora hoje seja um monturo político e a razão alegada era o trabalho que ele realizava para o seu “duce” e transferia a herança para Ezequiel Ferreira de Souza, presidente da Assembleia Legislativa desde 2015 e que deixara o PMDB em 2016 e fora para o PSDB, tornando-se seu presidente em 2017, sob o comando de Marinho. Daí em diante ele preparou seu embarque em outro monturo, o Partido Liberal (PL), antigo Partido da República (PR), hoje o ancoradouro da chusma bolsonarista.

Feito esse introdutório necessário para que as pessoas lembrem como essa figura sinistra tem se movimentado nos últimos anos, vamos ao que interessa. No seu pronunciamento Marinho, cita de passagem o início das obras de transposição do São Francisco, em 2007, foi iniciada em 2004 com a realização de estudos e a apreciação do projeto no Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), portanto não nasceu de uma canetada, coisa que o governo que ele integra faz diariamente. Num esperto jogo de palavras, algo que ele realmente sabe fazer, Marinho tentou criar uma transposição como um conjunto de obras malfeitas, que Bolsonaro, o “Santo Homem”, recuperou. Um delírio.

Outra coisa omitida por Marinho, coisa que ele tem como método político, foi que a transposição foi um dos carros chefe do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado em janeiro de 2007 e foi um dos maiores indutores do desenvolvimento nos anos seguintes, e foi exterminado pelo governo do Mandrião, substituído pelo eleitoreiro programa “Pró Brasil”, nascido e implementado sem nenhuma participação da sociedade civil. Aliás, devemos lembrar que Bolsonaro, em busca de votos no Nordeste, desandou a inaugurar obras concluídas, sempre tendo ao lado essa figura patética da nossa terra.

Numa espécie de delírio, Marinho afirmou que a obra poderia ter sido entregue em 2011 “não fossem os erros de projeto, condução e execução da obra nas gestões anteriores. O que resultou em um custo quatro vezes maior do que o inicial”, asseverou Marinho, com seu habitual cinismo. Foram pouco mais de seis minutos de palavrório eleitoreiro. Nada mais que isso.

Na verdade, o pronunciamento de Marinho faz parte de um desses momentos trágicos, em que o país vive, igualando o país a uma prefeitura pequena, visto que descaradamente a fala ministerial é voltada para o Rio Grande do Norte, onde o ministro tenta bancar uma candidatura oposicionista e, ao mesmo tempo, garantir oito anos no Senado. Nesse sentido o pronunciamento é uma caricatura desse governo que mergulhou o país em uma das maiores crises econômicas e sociais dos últimos cem anos.

A fala do ministro Marinho teve endereço certo. Aos prefeitos, chefetes locais, deputados estaduais, vereadores e toda a caterva que enxerga no governo Bolsonaro, uma ótima oportunidade para preservar seus espaços políticos e, dessa forma, conseguir manter a possibilidade de exercer sua sede vampiresca por dinheiro público, algo muito conhecido na história da nossa taba.

Marinho já colocou seu nome na história do RN, do Nordeste e do BraZil. Será lembrado, se for, como uma criatura sombria, ressentida, que mergulhou no reacionarismo, transtornado por ter sido, em algum momento, retirado do seu “sonho juvenil” de ser preterido ao cargo de prefeito de Natal, em 2008, quando Wilma de Faria preferiu uma aliança com o PT. Daí nasceu o ódio visceral do ministro contra o PT e tudo que tenha qualquer ligação com esse partido.

Veremos se a “vingança” de Simonetti Marinho terá sucesso nas eleições de outubro ou se ele vai amargar mais uma derrota política, tornando-se a representação mais explícita de um reacionarismo desqualificado e vingativo na política potiguar.

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