OPINIÃO

Insana sanha do é ou não é        

Ser ou não ser? Verde ou vermelho? Esquerda ou direita? Essas, e tantas questões dicotômicas que ganharam terreno na sociedade com o advento da tal nova política, apregoada pelos mesmos atores de sempre, e por muitos que sempre estiveram no submundo legislativo, o tal do baixo clero, transformou, de uma hora para outra, a vida das pessoas. É como se o debate se limitasse a mera expectativa de um jogo de futebol ou ainda a velha disputa infantil do par ou ímpar.

A vida nos últimos tempos se tornou muito chata. De repente, as pessoas se descobrem donas de uma verdade em que, na maioria das vezes, nem elas sabem o que é e o que está por trás das verdadeiras questões no centro do debate. E isso tanto vale para a política ou para uma simples discussão familiar que surge nos grupos de whats app ou em outras redes sociais.

No campo político, essa tendência de autoafirmação ganha musculatura a partir da não separação no debate em si, das preferências individuais, muitas vezes, recheada de distorções e equívocos, do real sentido daquilo que está posto à mesa para discussão.

As pessoas, muitas vezes sem saber claramente, são levadas a expressar opiniões, a partir do interesse de um determinado grupo. Sim, os ditos grandes temas que aparentemente, surgem do nada, são, na verdade, forjados e distribuídos em setores bem montados; e com um objetivo bem definido, cujo interesse maior não é o debate civilizado, mas a provocação clara e a distorção dos fatos com vistas a certos posicionamentos de interesses bem específicos.

Viver atualmente em sociedade tem exigido um esforço enorme para não ferirmos sensibilidades e evitar confrontos desnecessários, tendo em vista que o que acabou ganhando força mesmo foi a verdade de uns em detrimento do consenso geral. E aí, a dificuldade é buscar entender de forma simples e prática, a grande questão filosófica que se tornou a pergunta do príncipe melancólico da Dinamarca na peça a tragédia de Hamlet, de William Shakaspeare: ser ou não ser? Eis a questão”.

No mundo virtual em que nos encontramos, e em que muitos passaram a adotar a “verdade das redes” como princípio, ficou difícil perceber o quanto somos facilmente enganados. Ou mesmo nos tornarmos presas fáceis para aventureiros, estrategistas de marketing (em todas as áreas) e os golpistas que se aproveitam para aplicar os mais diversos e inteligentes golpes nos incautos.

Essa sanha insana de se tornar evidente a qualquer custo, a partir das redes sociais, não só inverteu valores e descortinou o lado mais sombrio dos seres humanos, como nos impôs a eterna dúvida preconizada por Hamlet e que abro esse artigo ampliando para o que na prática se tornou o debate público: um verdadeiro maniqueísmo. Uma chatice onde só uns poucos ou quase ninguém ganha.

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