1
Pórtico dos Reis Magos, em Natal, amanhece com mensagens sobre feminicídio e legalização do aborto no Dia Internacional da Mulher
8 de março de 2022
7min

00:00
00:00
O três Reis Magos que ficam na entrada da cidade para quem chega a Natal pela BR-101, na zona sul da capital, amanheceram nesse 8 de março, Dia Internacional da Mulher, segurando cartazes com mensagens que questionam a criminalização do aborto e o feminicídio.
A intervenção foi realizada pelo Coletivo AnarcFEM com apoio do Coletivo Autônomo Potiguar (CAPOT RN). O grupo defende a legalização do aborto e destaca que o procedimento já é realizado ilegalmente, o que só prejudica as mulheres de classe social mais baixa, que não têm dinheiro para pagar por um aborto seguro.
“Muitas abortam por meio de métodos inadequados que podem trazer complicações, hemorragias, perfurações e infeções. O Estado quando se nega a discutir sobre o aborto segue condenado milhares de mulheres pobres a perseguição e a morte”, traz um trecho do texto publicado nas redes sociais do grupo.
Em seu manifesto, os dois grupos lembraram ainda que o governo Bolsonaro tem atuado para proibir, inclusive, os abortos já permitidos por lei.
“O governo Bolsonaro e seus aliados têm seguido a estratégia de propor leis para extinguir o direito ao aborto já previsto na legislação, tanto no âmbito federal quanto estadual e municipal. Esse governo quando nega direitos, na verdade, acentua sua misoginia e o seu odeio de classe. As tentativas absurdas do “bolsa estuprador” buscaram uma forma ainda mais cruel de castigar e punir meninas e mulheres e responsabilizá-las pelas violências das quais são vítimas. Assim o governo não só comete um crime contra a vida e a liberdade das mulheres, mas ele legitima um privilégio de classe, criminalizado e oprimindo a nós mulheres periféricas e cometendo sim um feminicídio de Estado”.
Os grupos fazem referência ao decreto assinado por Bolsonaro (PL), em outubro de 2020, que visa garantir a vida “desde a concepção” e os “direitos do nascituro”. Com isso, os grupos defensores dos direitos reprodutivos apontam que Bolsonaro tenta proibir os casos de abortos previstos na legislação, como nas situações em que há risco de vida para a gestante, quando a gravidez é resultado de um estupro e quando o bebê não tem cérebro. O decreto nº 10.531 faz parte da Estratégia Federal de Desenvolvimento para o Brasil e tem validade até 2031.
Além da intervenção no Pórtico dos Reis Magos, o grupo também fez uma segunda intervenção em um outdoor localizado em um terreno baldio do supermercado Carrefour, no qual foi pixada a hastag #AbortoLegalJá.
A arquiteta e fundadora do Coletivo Leila Diniz no Rio Grande do Norte, Claudia Gazola, lembra que essa é uma pauta urgente, que também está relacionada com a saúde pública da população mais carente.
“É urgente e necessário falar de aborto em todos os espaços. É sobre a vida das mulheres, é sobre violência, é sobre racismo”.
[caption id="attachment_57808" align="alignnone" width="1080"]
Foto: cedida[/caption]

