DEMOCRACIA

PSDB vive ´inferno astral` com possível desistência de Doria em SP e indecisão de Ezequiel no RN

As notícias da imprensa paulista nesta quinta-feira (31) de que governador de São Paulo, João Doria, vai comunicar que não vai renunciar ao cargo de governador e sua desistência à candidatura presidencial pelo PSDB surpreenderam e sacudiram o mundo político, além de mostrar o tamanho da crise no partido. Doria vai anunciar sua decisão na tarde desta quinta.

Em relação à corrida presidencial a possível saída de Dória, que tem 2% de intenção de voto em média nas pesquisas, pouco afeta. Mas, mexeria muito com a dinâmica partidária e com a sucessão no Estado de São Paulo. Isso porque Doria tinha acordo com seu vice, Rodrigo Garcia (DEM) e outros membros dos dois partidos. A decisão do governador compromete a possibilidade da candidatura de Garcia ao Governo, já que assumir a gestão faz parte da estratégia da candidatura do vice. A desistência de Doria também significaria o descumprimento de um acordo político feito entre os dois.

Contudo, embora a cúpula tucana prefira uma candidatura de Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul que renunciou ao cargo há dias, que perdeu para Doria as prévias do partido, o PSDB não vê com bons olhos a candidatura de Leite devido a uma desistência e um acordo descumprido de Dória. Existe a possibilidade de Doria sair do partido e também renunciar ao governo, mas no PSDB tornou-se difícil acreditar em qualquer compromisso assumido por ele.

Se nacionalmente e em São Paulo, berço do tucanato, a situação é tensa, no Rio Grande do Norte o partido prima pela indecisão. O líder e nome mais forte do partido em terras potiguares é o presidente da Assembleia Legislativa Ezequiel Ferreira de Souza, que atualmente faz parte do Governo Fátima Bezerra (PT), a quem apoiou no segundo turno das eleições de 2018, mas especula-se que a qualquer momento ele pode romper e ser o candidato de oposição. Ezequiel, que teve sua pré-candidatura ao Governo lançada apenas pela imprensa e por políticos de outros partidos que não o PSDB, se mantém em absoluto silêncio sobre o assunto.

A indecisão não é novidade em um partido dividido politicamente. Na Assembleia, enquanto o presidente Ezequiel dá sustentação ao Governo Fátima, outros deputados tucanos como Luiz Antônio Tomba e José Dias fazem oposição radical à governadora.

Na atual conjuntura, o PSDB potiguar vive um paradoxo: está se fortalecendo na Assembleia Legislativa, tendo hoje sete deputados, mas ao mesmo tempo não sabe sequer em que palanque vai subir na campanha, que tanto pode ser do da governadora, que receberá Lula, ou o da oposição, em caso de rompimento e candidatura de Ezequiel, neste caso sob as bênçãos de Rogério Marinho e recebendo o presidente Jair Bolsonaro, que tentará reeleição.

Dória tomou a decisão em São Paulo e vai colher os frutos (amargos em grande escala) políticos disso. No Rio Grande do Norte, espera-se a decisão de Ezequiel. Que, para políticos e jornalistas, está demorando muito para tomá-la e perdendo o timing para sair como candidato de oposição, só lhe restando, portanto, continuar apoiando Fátima, caminho que ele levará parte do PSDB

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