DEMOCRACIA

PSTU lança pré-candidatura de mulher negra, ex-operária e socialista à presidência da República

A ex-operária sapateira negra e socialista Vera Lúcia concorrerá à presidência da República do PSTU em 2022. O lançamento da pré-candidatura ocorre dia 19 de março. O nome da pernambucana é uma proposta do grupo intitulado Polo Socialista Revolucionário, espaço político que vem sendo construído desde outubro do ano passado pelo PSTU e outras correntes políticas, incluindo setores do PSOL. Essa é a segunda vez que Vera tenta chegar à presidência do país. Em 2018, ela formou chapa ao lado de Hertz Dias. Na ocasião, a chapa obteve 55.762 votos, o equivalente a 0,5%, ficando à frente de Eymael e João Goulart Filho.

“A minha pré-candidatura foi apresentada pelo PSTU, mas queremos que seja do conjunto do Polo Socialista Revolucionário, que reúne organizações que avaliam que é necessário apresentar uma alternativa socialista e revolucionária para o país. Um projeto socialista e da classe trabalhadora e não um projeto capitalista de conciliação com empresários e banqueiros”.

Para a operária sapateira, “a tarefa mais urgente é colocar, através da luta unificada, para fora Bolsonaro e Mourão, responsáveis pelas mais 650 mil vidas perdidas em nosso país para a covid-19”.

Vera pontua que Bolsonaro, “aprofundou a crise econômica existente no país e acelerou todas as mazelas que já afligiam a vida dos trabalhadores e do povo pobre: a fome, o desemprego, os baixos salários, a destruição do meio ambiente, as opressões, a carestia e a rapina, desmantelamento e entrega do país aos oligopólios e super-ricos internacionais e seus sócios nacionais”.

Vera Lúcia se coloca como alternativa revolucionária à presidência da República / Foto: Romerito Pontes

Vera afirma que para mudar de verdade o país e a vida do povo “é necessário adotar medidas profundas e se apoiar em ampla mobilização social, que irão se enfrentar com os super-ricos, latifundiários, banqueiros e grandes empresários, que ficam com a riqueza produzida pelos trabalhadores”.

“Essas medidas cabem ao PSTU e ao Polo Socialista Revolucionário apresentarem, já que o PT, PCdoB e a maioria da direção do PSOL irão apresentar o velho projeto de conciliação de classes nos limites do capitalismo e da ordem atual, que já vimos nos mais de 13 anos de governos do PT. Esse filme é velho e o final dele é a desmobilização, frustração, desorganização e desmoralização da classe trabalhadora e fertilização do terreno para crescimento da extrema direita. Uma frente com grandes com setores da burguesia, tendo Alckmin como vice, será incapaz de aplicar um programa que mude de verdade o país e a vida do povo pobre e trabalhador”, afirma Vera.

A pré-candidata do PSTU, de acordo com a operária formada em Ciências Sociais , reafirma a luta por uma sociedade igualitária e socialista:

“O Brasil precisa de uma revolução socialista. Não podemos aceitar que quase 20 milhões de brasileiros não tenham o que comer diariamente, sendo que somos o quarto maior produtor de grãos no mundo. Só um sistema cruel como o capitalismo, que coloca o lucro acima da vida e das necessidades básicas do nosso povo, é capaz de tal barbaridade. Por isso, defendemos um outro modelo de sociedade, igualitária, onde os trabalhadores possam governar através dos conselhos populares, uma sociedade socialista”.

Vera conclui apresentando seu posicionamento contrário à invasão russa à Ucrânia.

“Emitimos nosso total apoio à resistência do povo da Ucrânia. É necessária uma ampla campanha de ajuda operária pela derrota das tropas russas e de Putin. Defendemos uma Ucrânia unificada e livre da opressão russa. Bem como, dizemos fora as garras dos Estados Unidos, da OTAN e da União Europeia da Ucrânia”, finaliza.

Vera Lúcia foi candidata à prefeitura de São Paulo em 2020

Operária e socióloga, Vera Lúcia nasceu em Pernambuco e foi criada na periferia de Sergipe / Foto: Romerito Pontes

Nascida na cidade de Inajá, no Sertão de Pernambuco, Vera, como tantos outros, se viu obrigada a migrar, ainda criança, para Sergipe. Vivendo na periferia da capital, começou a trabalhar aos 14 anos e, aos 19, quando se tornou operária da indústria calçadista, começou a atuar no movimento sindical.

Formou-se em sociologia na Universidade Federal de Sergipe e compôs a primeira chapa à Presidência totalmente negra na história do país, ao lado de Hertz Dias, em 2018.

Em 2020, foi a primeira candidata negra à Prefeitura de São Paulo.

Clique para ajudar a Agência Saiba Mais Clique para ajudar a Agência Saiba Mais
Previous ArticleNext Article