Acesso de indígenas à educação triplica em três décadas e vira alvo do governo Bolsonaro
Natal, RN 28 de mar 2024

Acesso de indígenas à educação triplica em três décadas e vira alvo do governo Bolsonaro

13 de abril de 2022
3min
Acesso de indígenas à educação triplica em três décadas e vira alvo do governo Bolsonaro

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Dados mais recentes divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira aponta um avanço no acesso dos indígenas à educação pública. Atualmente, 300 mil estudantes representantes dos povos originários estão matriculados em escolas básicas indígenas nos municípios espalhados pelo país.

O número, segundo o antropólogo e professor universitário Gersen Baniwa, é três vezes maior do que o registrado nos anos 1990, quando cerca 100 mil indígenas estudavam. Outro dado importante, relacionado à política de cotas criada e adotada pelas gestões petistas à frente do Governo Federal, mostra mais de 100 mil indígenas cursando o ensino superior em alguma universidade brasileira.

Também por isso, a política pública mais atacada pelo governo Bolsonaro está relacionada à educação indígena. Liderança do povo Baniwa, originário do rio Negro, na Amazônia, Gersen foi uma das estrelas do Acampamento Terra Livre nesta quarta-feira (13), na mesa O Sistema Nacional de Educação e a Educação Escolar Indígena. A 18ª edição do ATL acontece até quinta (14), em Brasília.

Em contraponto aos dados oficiais que mostram o crescimento do acesso de indígenas à educação, ele citou uma série de ações do governo Bolsonaro contra os povos originários no setor.

- A política indigenista foi a que mais avançou nos últimos anos, mas também é a política mais atacada pelo governo Bolsonaro. Acho até que gritamos e xingamos pouco o presidente. A educação está sendo destruída por esse governo”, disse.

O antropólogo cita como exemplo o fato da coordenação escolar indígena ter desaparecido do Ministério da Educação. O MEC também excluiu os indígenas do Conselho Nacional de Educação. A Comissão Nacional de Educação também tinha participação de lideranças indígenas, mas os povos originários também foram excluídos deste fórum.

- Também não tem recursos para formar professores. Esses cursos de formação seguem por resistência e insistência das universidades. Agora eu acho que o governo cumpriu o que queria: enfraquecer a educação indígena”, afirmou.

As críticas do antropólogo também foram direcionadas ao modelo de escolas mantidas pelo MEC. Uma das pautas históricas do movimento indígena é a construção de escolas voltadas para os povos originários onde o ensino da língua mãe seja ensinada em paralelo ao português.

- Temos por princípio defender a educação diferenciada. As escolas continuam, mas não valorizam a pedagogia, a língua e os saberes indígenas”, concluiu.

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