Oposição no RN lança chapa Tora-réia  

A oposição bolsonarista no Rio Grande do Norte escolheu o vice-governador de Robinson Faria para enfrentar Fátima Bezerra nas urnas em outubro. Coube ao ex-ministro de Bolsonaro Rogério Marinho (PL) a articulação para ungir Fábio Dantas (Solidariedade) a candidato anti-petista ao Governo do Estado. A polarização é a tônica. O velho “nós contra eles”, de que tanto acusaram Lula insuflar. No mesmo dia, o presidente nacional do partido de Fábio, Paulinho da Força, anunciou nas redes sociais apoio à candidatura presidencial de Luís Inácio da Silva.

A verdade é que com a dupla Fábio Dantas/Rogério Marinho, as eleições terão obrigatoriamente um olho no futuro e outro no passado.

Sem novidades no cardápio eleitoral, e sem muito espaço para uma terceira via (a menos que Styvenson confirme a candidatura e divida ainda mais os votos da direita), o povo vai ter que comparar os governos petistas com quem veio antes e depois. Em nível estadual, o embate será entre as administrações de Fátima e Robinson, representado na urna por Fábio Dantas. Já no plano nacional, a comparação se dará entre as gestões de Lula e de Bolsonaro.

Se o candidato de oposição não quiser nacionalizar a campanha, como tem dito em entrevistas, além de inventar uma mágica para esconder Rogério Marinho, vai precisar também reunir argumentos para explicar o motivo pelo qual o governo dele deixou quatro folhas em aberto só com o funcionalismo, totalizando aproximadamente R$ 1 bilhão, fora os débitos com fornecedores, terceirizados e precatórios que, juntos, representava uma soma de R$ 2,6 bi. Haja solidariedade dos blogueiros e das rádios amigas nesta tarefa.

Na margem esquerda do rio, Fátima conseguiu equacionar a dívida com os servidores e, durante a campanha, terá todo o tempo de rádio, TV, as redes e as ruas para apresentar os argumentos, provas e contraprovas, e mostrar ao eleitor que consertou pelo menos uma das lambanças que o governo de Fábio deixou. A Segurança Pública e a Saúde são outros dois setores em que, a olhos vistos, a comparação é cruel entre o que entregou o governo petista e o que Robinson faria e não fez.

À memória dos potiguares, Fábio Dantas, se lembrado, representará um governo estadual que deixou à míngua o funcionalismo, afetando diretamente mais de 110 mil famílias. E como desgraça pouca é bobagem, quem também não sai da cabeça do povo pobre e de classe média é Rogério Marinho, o senador de Fábio e de Bolsonaro. Relator da Reforma Trabalhista que alterou mais de 100 artigos da CLT e precarizou empregos em todo o país, Marinho ainda tem as digitais na reforma da Previdência, que elevou a idade de aposentadoria para homens e mulheres, e retirou outros direitos conquistados pela turma que tanto trabalhou pelo país enquanto esteve na ativa e hoje não pode nem mais descansar em paz.

Como bem lembrou a deputada Isolda Dantas (PT) essa semana, um é conhecido por deixar servidores estaduais sem salário, o outro por levar milhares de brasileiros ao desemprego ou ao subemprego.

Na minha época de moleque, havia um jogo na rua chamado tora-réia em que a galera jogava uma bola para cima e o objetivo, a partir dali, era acertar um chute no amigo, de preferência na cabeça ou nas partes baixas para lascar (ou reiar) quem estivesse mais próximo.

Há quem evolua no caminho, outros levam a cabo a maldade e transformam uma brincadeira idiota em profissão.

Mas mensagem de ontem e de hoje é a mesma: sai da frente que lá vem a tora-réia.