Portal reúne mais de 200 produções audiovisuais feitas por indígenas do Nordeste
Natal, RN 29 de mar 2024

Portal reúne mais de 200 produções audiovisuais feitas por indígenas do Nordeste

28 de abril de 2022
4min
Portal reúne mais de 200 produções audiovisuais feitas por indígenas do Nordeste

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Helena Dias e Lucila Bezerra
Brasil de Fato

Abril é considerado o mês de luta e resistência dos povos indígenas, marcado também pela 18ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL). E, um dos marcos dessa grande mobilização, é a produção audiovisual produzida pelos povos originários. Uma plataforma que marca este tipo de produção é a Narrativas Indígenas do Nordeste, que reúne e divulga produções e experiências das etnias da região.


O site foi fruto da parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e indígenas das etnias Xucuru de Ororubá, de Pernambuco, e Tinguí-Botó, de Alagoas, que já tem cerca de 200 filmes catalogados. O Brasil de Fato Pernambuco conversou com o cineasta indígena alagoano e integrante da coordenação da plataforma, Marcelo Tingui no programa Trilhas do Nordeste. Confira os principais pontos da entrevista:

Brasil de Fato Pernambuco: Marcelo, conta para nós como que surge a plataforma e o que vocês pretendem com ela.

Marcelo Tingui: A proposta da plataforma veio através de um projeto sonhado por nós de construirmos uma rede audiovisual indígena, mostrando as lutas sociais, os povos indígenas do Nordeste. É um projeto colaborativo na construção dessa rede audiovisual que dá visibilidade às causas indígenas, às nossas lutas sociais, nossa forma de canto, dança, nossa religiosidade.

A plataforma nada mais é que trabalhos de outros indígenas cineastas, de outros indígenas que fazem parte de coletivos, que fundaram coletivos audiovisuais e nós pegamos esses trabalhos e colocamos nessa plataforma para dar visibilidade às causas e às lutas sociais dos povos indígenas do Nordeste.

Qual a importância de fazer o recorte dos povos indígenas do Nordeste e dessas narrativas audiovisuais?

São povos originários que eu chamo de “os resistentes”, porque da maneira que a gente fala de natureza e biodiversidade vem à nossa mente o Mato Grosso e a Amazônia. Então, quando falamos de povos indígenas hoje no Brasil, a gente faz uma menção à Amazônia e ao Mato Grosso.

Daí a importância de darmos visibilidade às lutas sociais e às narrativas desses indígenas do Nordeste, da costa e do Atlântico, todos esses indígenas que estão aqui. A plataforma traz consigo essa análise e toda essas narrativas dos povos do Nordeste mostrando que estivemos e estamos aqui com a nossa cultura, força espiritual e cosmológica e nossos territórios.

O audiovisual tem se mostrado uma ferramenta de denúncia e diálogo com a sociedade. Quais são os principais desafios no uso dessa ferramenta e o que é que vocês têm de perspectiva com ela para os próximos passos?

Eu falo por experiência própria, porque eu estou no território aqui, mas eu saio para eventos, eu vou para a ATL, conheço vários povos, coletivos e artistas indígenas. Nós, os povos indígenas, entendemos que o audiovisual é uma ferramenta poderosa para poder mostrar a denúncia, mas também a arte de maneira geral.

Não só podemos denunciar as negligências com os direitos humanos, com a natureza e os territórios e com o ser humano indígena; mas também é uma forma de fortalecer a nossa cultura no momento em que traçamos documentários etnográficos, onde a gente se pinta, dança e faz a colheita.

No momento em que a gente faz as mostras, os cinemas nas aldeias, curtas nas aldeias, que são projetos advindos do audiovisual indígena. A gente fortalece a nossa cultura e mostra para si que é importante a gente se pintar, a gente cantar, a gente dançar e respeitar o território e o velho ancião que está na comunidade.

E assim, os desafios são porque hoje em dia estamos em uma era de “fake news”, uma era de desinformação muito grande. Então assim, o espaço para realidade é um espaço muito pequeno, então é um desafio muito grande você estar nesse mundo audiovisual.

Fonte: BdF Pernambuco

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