CIDADANIA

Casos de AIDS no RN aumentaram mais entre homens do que entre mulheres em dez anos

Foto: Anvisa

Enquanto em 2011 eram detectados 22,7 casos de Aids entre homens para cada 100 mil habitantes, em 2021 esse número passou para 29,5 casos por 100 mil habitantes, o que representa um aumento de 30%. Já entre as mulheres, a taxa de detecção passou de 8,7 para 9,3 casos por 100 mil habitantes, revelando um crescimento de 7%.

A maior concentração dos casos, entre 2011 e 2021, foi observada nos indivíduos entre 30 e 39 anos (31,1%). Nos homens, a faixa etária que apresentou maior variação no período foi a de 13 a 19 anos (184%) e, nas mulheres, foi observado maior crescimento na faixa etária de 60 anos e mais (150%).

Ao todo, nesse período de dez anos entre janeiro de 2011 e dezembro de 2021, foram registrados um 6.470 casos de AIDS no Rio Grande do Norte. Desses, 6.363 (98,3%) ocorreram em adultos e 107 (1,7%) em crianças, sendo 64 em menores de cinco anos.

Nesse mesmo período, 1.057 gestantes foram infectadas pelo HIV e 1.068 crianças expostas ao vírus. O estado teve, ainda, 6.906 casos de infecção pelo HIV e 1.404 óbitos por AIDS. Nesses dez anos também houve aumento de 36,8% no registro de casos de AIDS, de 28,8% nos casos de infecção pelo HIV, de 74% no número de casos de gestantes infectadas pelo HIV, de 203,2% na identificação de crianças expostas ao HIV e de 19,4% na ocorrência de óbitos por AIDS. Já a notificação de casos de AIDS em menores de cinco anos apresentou uma redução de 100%.

Regiões

A Região Metropolitana apresentou 56,1% dos casos de AIDS e o município de Natal concentrou 38,5% do total de casos registrados no estado. A taxa de detecção da AIDS passou de 15,5 casos por 100.000 habitantes, em 2011, para 19,1 casos por 100.000 habitantes, em 2021, o que revela uma alta de 23,3%.

Com a exceção de Caicó (4ª região de saúde), que teve uma queda de 20%, as demais regiões de saúde mostraram aumento na taxa de detecção, com variações de 94,4% em São José de Mipibú (1ª região), de 17,4% em Mossoró (2ª região), de 43,4% em João Câmara (3ª região), de 30,7% em Santa Cruz (5ª região), de 56,1% em Pau dos Ferros (6ª região), de 9,9% na Região Metropolitana (7ª região) e de 71,9% em Açu (8ª região).

Fonte: SINAN, SICLOM, SIM, SIMC e SISCEL (atualizados em 08/04/2022)

Sexo

A principal maneira de transmissão detectada entre janeiro de 2011 e dezembro de 2021 foi a sexual em 53,6% dos casos. Entre os homens, a categoria de exposição predominante foi a homossexual/bissexual (27,9%), já para o sexo feminino foi a heterossexual (56,1%). No relatório, os técnicos destacam o fato de 50,1% dos casos apresentaram a categoria de exposição ignorada, ou seja, a forma de transmissão não foi declarada, comprometendo a qualidade desses dados.

Cor/ Escolaridade

Nesse mesmo período analisado, 52,7% dos casos de HIV notificados ocorreram em pardos, 15,4% em brancos, 4,4% em pretos e 27,2% tiveram a informação de raça ignorada. A notificação de indivíduos com raça/cor amarela e indígena totalizou apenas 0,3% dos casos.

Há um elevado percentual de casos com escolaridade ignorada (36,5%), o que dificulta a avaliação dessa variável. Quanto aos casos com escolaridade informada, a maioria possuía ensino médio completo, representando 13,7% do total, seguido por aqueles com escolaridade entre a 5ª e a 8ª série incompleta (11,4%).

Crianças

Entre 2011 e 2021, das 107 crianças registradas com AIDS (menores de 13 anos), 64 (59,8%) foram diagnosticados antes dos cinco anos de idade. A transmissão vertical (de mãe para filho durante a gravidez, parto ou amamentação) é a forma de exposição predominante com percentuais em torno de 76,6%. O maior número de ocorrências foi na Região Metropolitana de Natal, que apresentou 51,4% do total de casos identificados. Os municípios que mostraram maior concentração de casos foram Natal com 41 casos (38,3%), Mossoró com 11 casos (10,3%) e Parnamirim com 10 casos (9,3%).

A partir de 2019 há uma tendência de redução dos casos de AIDS entre crianças no RN. Em 2020, o Estado registrou três casos de AIDS em menores de cinco anos, atingindo a meta de identificar até cinco casos. Para 2021, a estimativa era de reduzir em 10% o registro de casos, o que correspondia a uma meta de até dois casos. O objetivo foi alcançado já que não houve registro da doença.

Gestantes

Foram notificados 1.057 casos de gestantes com HIV entre 2011 e 2021. A maioria dos casos foi registrada entre mulheres de 20 a 29 anos (54,1%). A maior parte possuía escolaridade entre a 5ª e 8ª série incompleta (28,7%) e 61,2% apresentava raça/cor parda. Cerca de 84,9% das gestantes tiveram o diagnóstico antes do parto ou durante o pré-natal, 88,6% realizaram acompanhamento pré-natal e 70,9% fizeram o uso do antirretroviral para evitar passar o vírus para o feto.

Mortalidade

Entre janeiro de 2011 e dezembro de 2021, também foram registrados 1.404 óbitos por AIDS em todo o RN. Desses, 1.015 (72,3%) ocorreram em homens e 389 (27,7%) em mulheres. A faixa etária predominante foi a de 40 a 49 anos com 29,5% dos casos registrados. A maior concentração de óbitos ocorreu na Região Metropolitana com 54,2% do total do estado. Nesse período, houve um aumento de 19,4% no número de óbitos relacionados à AIDS no estado.

O coeficiente de mortalidade no RN em 2020, foi de 3,5 óbitos por 100 mil habitantes, valor inferior ao observado na região nordeste (3,6 óbitos por 100 mil habitantes) e no Brasil, que apresentou um coeficiente de 4,0 óbitos por 100 mil habitantes.

AIDS/ HIV

Apesar dos anos de campanhas de prevenção, algumas pessoas ainda se confundem. Existe uma diferença entre AIDS e HIV: O HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) é o vírus causador da AIDS, que ataca células específicas do sistema imunológico (os linfócitos T-CD4+), responsáveis por defender o organismo contra doenças. Um paciente com HIV pode não desenvolver a AIDS, mas, uma vez infectado, ele viverá com o HIV durante toda a vida.

Não há vacina ou cura para infecção pelo HIV, mas há tratamento. O vírus é transmitido por meio de relação sexual sem proteção, compartilhamento de seringas ou materiais não esterilizados, como alicates. Além disso, também há risco de transmissão durante a gravidez, parto e amamentação do bebê, caso a mãe não adote as medidas de prevenção (profilaxia).

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