Casos de AIDS no RN aumentaram mais entre homens do que entre mulheres em dez anos
Natal, RN 28 de mar 2024

Casos de AIDS no RN aumentaram mais entre homens do que entre mulheres em dez anos

24 de maio de 2022
7min
Casos de AIDS no RN aumentaram mais entre homens do que entre mulheres em dez anos

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Enquanto em 2011 eram detectados 22,7 casos de Aids entre homens para cada 100 mil habitantes, em 2021 esse número passou para 29,5 casos por 100 mil habitantes, o que representa um aumento de 30%. Já entre as mulheres, a taxa de detecção passou de 8,7 para 9,3 casos por 100 mil habitantes, revelando um crescimento de 7%.

A maior concentração dos casos, entre 2011 e 2021, foi observada nos indivíduos entre 30 e 39 anos (31,1%). Nos homens, a faixa etária que apresentou maior variação no período foi a de 13 a 19 anos (184%) e, nas mulheres, foi observado maior crescimento na faixa etária de 60 anos e mais (150%).

Ao todo, nesse período de dez anos entre janeiro de 2011 e dezembro de 2021, foram registrados um 6.470 casos de AIDS no Rio Grande do Norte. Desses, 6.363 (98,3%) ocorreram em adultos e 107 (1,7%) em crianças, sendo 64 em menores de cinco anos.

Nesse mesmo período, 1.057 gestantes foram infectadas pelo HIV e 1.068 crianças expostas ao vírus. O estado teve, ainda, 6.906 casos de infecção pelo HIV e 1.404 óbitos por AIDS. Nesses dez anos também houve aumento de 36,8% no registro de casos de AIDS, de 28,8% nos casos de infecção pelo HIV, de 74% no número de casos de gestantes infectadas pelo HIV, de 203,2% na identificação de crianças expostas ao HIV e de 19,4% na ocorrência de óbitos por AIDS. Já a notificação de casos de AIDS em menores de cinco anos apresentou uma redução de 100%.

Regiões

A Região Metropolitana apresentou 56,1% dos casos de AIDS e o município de Natal concentrou 38,5% do total de casos registrados no estado. A taxa de detecção da AIDS passou de 15,5 casos por 100.000 habitantes, em 2011, para 19,1 casos por 100.000 habitantes, em 2021, o que revela uma alta de 23,3%.

Com a exceção de Caicó (4ª região de saúde), que teve uma queda de 20%, as demais regiões de saúde mostraram aumento na taxa de detecção, com variações de 94,4% em São José de Mipibú (1ª região), de 17,4% em Mossoró (2ª região), de 43,4% em João Câmara (3ª região), de 30,7% em Santa Cruz (5ª região), de 56,1% em Pau dos Ferros (6ª região), de 9,9% na Região Metropolitana (7ª região) e de 71,9% em Açu (8ª região).

Fonte: SINAN, SICLOM, SIM, SIMC e SISCEL (atualizados em 08/04/2022)

Sexo

A principal maneira de transmissão detectada entre janeiro de 2011 e dezembro de 2021 foi a sexual em 53,6% dos casos. Entre os homens, a categoria de exposição predominante foi a homossexual/bissexual (27,9%), já para o sexo feminino foi a heterossexual (56,1%). No relatório, os técnicos destacam o fato de 50,1% dos casos apresentaram a categoria de exposição ignorada, ou seja, a forma de transmissão não foi declarada, comprometendo a qualidade desses dados.

Cor/ Escolaridade

Nesse mesmo período analisado, 52,7% dos casos de HIV notificados ocorreram em pardos, 15,4% em brancos, 4,4% em pretos e 27,2% tiveram a informação de raça ignorada. A notificação de indivíduos com raça/cor amarela e indígena totalizou apenas 0,3% dos casos.

Há um elevado percentual de casos com escolaridade ignorada (36,5%), o que dificulta a avaliação dessa variável. Quanto aos casos com escolaridade informada, a maioria possuía ensino médio completo, representando 13,7% do total, seguido por aqueles com escolaridade entre a 5ª e a 8ª série incompleta (11,4%).

Crianças

Entre 2011 e 2021, das 107 crianças registradas com AIDS (menores de 13 anos), 64 (59,8%) foram diagnosticados antes dos cinco anos de idade. A transmissão vertical (de mãe para filho durante a gravidez, parto ou amamentação) é a forma de exposição predominante com percentuais em torno de 76,6%. O maior número de ocorrências foi na Região Metropolitana de Natal, que apresentou 51,4% do total de casos identificados. Os municípios que mostraram maior concentração de casos foram Natal com 41 casos (38,3%), Mossoró com 11 casos (10,3%) e Parnamirim com 10 casos (9,3%).

A partir de 2019 há uma tendência de redução dos casos de AIDS entre crianças no RN. Em 2020, o Estado registrou três casos de AIDS em menores de cinco anos, atingindo a meta de identificar até cinco casos. Para 2021, a estimativa era de reduzir em 10% o registro de casos, o que correspondia a uma meta de até dois casos. O objetivo foi alcançado já que não houve registro da doença.

Gestantes

Foram notificados 1.057 casos de gestantes com HIV entre 2011 e 2021. A maioria dos casos foi registrada entre mulheres de 20 a 29 anos (54,1%). A maior parte possuía escolaridade entre a 5ª e 8ª série incompleta (28,7%) e 61,2% apresentava raça/cor parda. Cerca de 84,9% das gestantes tiveram o diagnóstico antes do parto ou durante o pré-natal, 88,6% realizaram acompanhamento pré-natal e 70,9% fizeram o uso do antirretroviral para evitar passar o vírus para o feto.

Mortalidade

Entre janeiro de 2011 e dezembro de 2021, também foram registrados 1.404 óbitos por AIDS em todo o RN. Desses, 1.015 (72,3%) ocorreram em homens e 389 (27,7%) em mulheres. A faixa etária predominante foi a de 40 a 49 anos com 29,5% dos casos registrados. A maior concentração de óbitos ocorreu na Região Metropolitana com 54,2% do total do estado. Nesse período, houve um aumento de 19,4% no número de óbitos relacionados à AIDS no estado.

O coeficiente de mortalidade no RN em 2020, foi de 3,5 óbitos por 100 mil habitantes, valor inferior ao observado na região nordeste (3,6 óbitos por 100 mil habitantes) e no Brasil, que apresentou um coeficiente de 4,0 óbitos por 100 mil habitantes.

AIDS/ HIV

Apesar dos anos de campanhas de prevenção, algumas pessoas ainda se confundem. Existe uma diferença entre AIDS e HIV: O HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) é o vírus causador da AIDS, que ataca células específicas do sistema imunológico (os linfócitos T-CD4+), responsáveis por defender o organismo contra doenças. Um paciente com HIV pode não desenvolver a AIDS, mas, uma vez infectado, ele viverá com o HIV durante toda a vida.

Não há vacina ou cura para infecção pelo HIV, mas há tratamento. O vírus é transmitido por meio de relação sexual sem proteção, compartilhamento de seringas ou materiais não esterilizados, como alicates. Além disso, também há risco de transmissão durante a gravidez, parto e amamentação do bebê, caso a mãe não adote as medidas de prevenção (profilaxia).

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