Doutoranda potiguar em Lisboa faz mediação de mesa em evento literário internacional lusófono nesta terça
Natal, RN 28 de mar 2024

Doutoranda potiguar em Lisboa faz mediação de mesa em evento literário internacional lusófono nesta terça

3 de maio de 2022
6min
Doutoranda potiguar em Lisboa faz mediação de mesa em evento literário internacional lusófono nesta terça

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Para celebrar o Dia Internacional da ​ ​Língua Portuguesa, comemorado a 5 de maio, ​um consórcio de instituições culturais, universidades e festivais literários dos países falantes de língua portuguesa e dos países não falantes de português como língua materna, vai realizar pela primeira vez, entre os dias 2 a 6 de maio, um ciclo de debates​ virtuais​, sob o lema “Diversidade, mobilidade e criatividade”, dirigido a um público diversificado e com transmissão on-line para todo mundo​, com participação de pessoas importantes da literatura lusófona, como a escritora angolana Cremilda de Lima, em plena atividade aos 82 anos, com reconhecida obra para crianças e jovens. E também Eurídice Monteiro (Cabo Verde) Benita Prieto (Brasil), Kátia Casimiro (Guiné Bissau), Sónia Sultuane (Moçambique) Paulo Mirás (Galiza/Espanha) e João Fernando André (Angola)​.

A professora e poeta potiguar Elizabeth Olegário, participa do encontro, mediando uma mesa nesta terça-feira, 3,​ ​com o tema “A imprensa como tribuna dos intelectuais nos países de língua portuguesa”. ​A mesa acontecerá às 11h de Brasília e 15h de Lisboa, e terá participação de Leonel ​Matusse (jornalista de Moçambique), Patrícia Noronha (jornalista e escritora de Portugal), Gociante Patissa (escritor de Angola) e Francisco Conduto Pina (jornalista e poeta de Guiné Bissau).

​"​A imprensa é objeto e fonte da minha pesquisa de doutoramento, que está sendo desenvolvida na Faculdade de Ciência Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCSH) e que conta com o financiamento da Fundação para Ciência e a Tecnologia, de Portugal (FCT/PT)​", explica Elizabeth, que reside em Lisboa desde 2017 e prepara a defesa da sua tese intitulada "Os suplementos literários em meados do século 20: representações no campo da produção cultural no Brasil e em Portugal" para o início de 2023.​ "​Tenho trabalhado com jornais, revistas e suplementos literários do século ​20. Sabemos que o espaço destinado a literatura nos jornais tem diminuído sistematicamente e sabemos também que estas instâncias são fundamentais para a divulgação e legitimação da literatura. Lugar que vincula outros lugares. Estes espaços podem aproximar artistas, antecipar discussões, revelar autores, iluminar e projetar obras e fomentar redes de relações. A imprensa como um espaço de sociabilidade é a tónica dessa mesa. A imprensa como uma grande rede de encontros e de circulação da cultura letrada​", opina.​

"Esse seminário comemorativo visa valorizar, promover e estimular o debate em torno da língua portuguesa, bem como ressaltar a diversidade da língua como um fator de enriquecimento. E quero ressaltar que nessa mesa falaremos também da importância das novas mídias como ferramentas de democratização da comunicação. U​m exemplo é Mbenga Artes e Reflexões, portal moçambicano que se dedica às artes e cultura. O projeto mereceu, em reconhecimento do seu potencial, um financiamento da União Europeia que permitiu a criação de um aplicativo, o Mbenga Artes e Reflexões e do site (Www.mbenga.mz.co), além de um estúdio que está a produzir o programa Cinema em Foco que passa na RDP África​”, explica Elizabeth.

Perguntada sobre ​​a​ perspectiva de sair do Nordeste ​ e residindo ​em Lisboa participar de encontros internacionais​, a doutoranda afirma que ​ "essa pergunta é um duplo, pois ao mesmo tempo que solicita uma resposta de contentamento por estar a ocupar um espaço, também sinaliza para a ideia de que uma mulher nordestina dificilmente consegue circular nos espaços de arte e de produção de conhecimento.​ ​O poder é uma ficção, assim como a ideia de centro e periferia. Por isso enxergo com tranquilidade o mover das margens - Da margem que sou. O Nordeste não é periférico é periferizado. Se olho para o passado recordo que foi a literatura produzida pelos escritores nordestinos que influenciou os escritores portugueses nos anos 30 e 40 no século ​20, e os escritores africanos, nos anos 50 do século ​20. Recordo ​frase do​ escritor ​baiano ​Itamar Vieira​ Júnior​: ​´Eu falo a partir do meu centro​", finaliza.​

O EVENTO​

O seminário comemorativo é uma coorganização da Feira do Livro de Maputo e da União Internacional dos Escritores de Língua Portuguesa, UELP, que também contará com uma programação sobre a literatura infanto-juvenil. Segundo a organização “a Semana tem como principal objetivo a promoção, a valorização da identidade, da diversidade cultural, da produção literária contemporânea, em particular, a circulação dos escritores, a mobilidade editorial, a acessibilidade da produção literária produzida nos países de língua portuguesa”. Este ciclo de debates estimula o multilateralismo e a cooperação cultural, pratica, defende e estima a contribuição de cada nação que fala a língua portuguesa. E abre espaço para reflexão sobre relações entre diversidade cultural, autoafirmação, construção de identidade e legitimação das nações que integram a comunidade dos países falantes da língua portuguesa, CPLP.

A curadoria, dirigida pelo poeta e curador moçambicano, Amosse Mucavele, traz à mesa para discussão e reflexão assuntos atinentes a partilha de registos de vivências pessoais e experiências coletivas em torno da produção literária e suas adversidades em cada território onde a língua portuguesa, assume-se como um espaço de reencontros e projeção de futuro. Oferecendo oportunidades para um maior diálogo entre os escritores, editores, pesquisadores, tradutores, leitores, gestores, professores e desafios para a procura de meios alternativos de celebração das culturas unidas na diversidade e na sua dimensão estética a escala global. Portanto, refletir sobre o acima exposto é dar a voz à multiplicidade de vozes que compõe as culturas e a língua portuguesa e que constitui um dos seus traços fundamentais, observou Mucavele.

A data de 5 de Maio foi oficialmente estabelecida em 2009 pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) - uma organização intergovernamental, parceira oficial da UNESCO desde 2000, que reúne os povos que têm a língua portuguesa como um dos fundamentos da sua identidade específica - para celebrar a língua portuguesa e as culturas lusófonas. Em 2019, a 40ª sessão da Conferência Geral da UNESCO decidiu proclamar o dia 5 de Maio de cada ano como "Dia Mundial da Língua Portuguesa".

A língua portuguesa é não só uma das línguas mais difundidas no mundo, com mais de 265 milhões de falantes espalhados por todos os continentes, como é também a língua mais falada no hemisfério sul. O português continua a ser, hoje, uma das principais línguas de comunicação internacional, e uma língua com uma forte extensão geográfica, destinada a aumentar.

Para saber mais sobre o evento e assistir as mesas, aqui: ​https://escritores.utopia.org.br

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