A Justiça do Rio Grande do Norte condenou o bolsonarista Álvaro Roberto da Silva Melo a indenizar em R$ 2 mil, por danos morais, o diretor do Sindicato Intermunicipal dos Vigilantes do Rio Grande do Norte (Sindsegur) Gerson Gomes.
Após divergências políticas em um grupo de Whatsapp que reúne vigilantes, Gerson Gomes foi xingado, perseguido e ameaçado de morte pelo réu. Atualmente, Álvaro não trabalha como vigilante, embora continue armado, além de colecionar facas artesanais.
“Tudo começou porque estava tendo uma discussão política no grupo e ele falou que todos da esquerda são pessoas violentas. Por eu dizer que são ambas as partes, ele se doeu e perguntou se eu tava chamando ele de vagabundo e dizer ‘vagabundo é você’. E começou a me ameaçar de morte”, contou o diretor.
“Por eu ser sindicalista, por eu ter opinião formada, ele começou a desferir ataques contra a minha pessoa, dizendo que não valho nada, que poderia me matar que ninguém ia se importar com a minha vida”, completou.
Foi anexada ao processo uma conversa em que Álvaro vai atrás da vítima em um restaurante e um áudio de ameaça que diz: “Cadê tu Gerson? Tu não é homem não, seu veado safado. Tô aqui em frente o Camarões saia aqui fora para eu dar um tiro na sua cara seu vagabundo. Você hoje não vai morrer não, mas a partir de segunda-feira você se prepare, porque onde eu lhe pegar, eu mato”.
Ouça:
De acordo com Gerson, o acusado também foi ao seu local de trabalho e chegou a ser atendido por uma pessoa. Ele também teria oferecido a moto em troca do endereço residencial do diretor sindical.
No grupo, chegou a ter apoio de outro homem, Luiz Henrique Nascimento:
Ao se manifestar no processo, Álvaro se retratou pelo ocorrido e disse que as ofensas foram feitas pelas duas partes – o que não foi verificado pelos juízes: “restou incontroverso, inicialmente, o fato de existir perseguição ao autor ou perturbação do sossego realizada por parte da ré”, diz a sentença.
“É uma pessoa intransigente, que apoia o atual governo, tem fotos manuseando armas, por aí você tira do que é capaz”, alerta Gerson.
No Instagram, Álvaro costuma fazer publicações antipetistas violentas. Em 2018 publicou uma montagem em que Bolsonaro dispara um canhão contra a sede Partido dos Trabalhadores, que explode.
Em nota, o Sindsegur ressaltou a necessidade de preservação de um ambiente político baseado na ética e na democracia, “com diálogo livre de constrangimentos, desrespeito e de autoritarismos”.
“Se, de um lado, temos a liberdade de expressão, do outro podemos ter a dignidade da pessoa humana, o direito à vida privada, à imagem e à honra. É lamentável e inadmissível que pessoas utilizem grupos de Whatsapp da nossa valorosa categoria para disseminar discurso de ódio, injúria e difamação. A direção do Sindsegur repudia veementemente toda manifestação de ódio, violência, e intolerância sob qualquer pretexto”, manifesta o sindicato.