A estátua de Câmara Cascudo que fica na entrada do Memorial que leva o nome do pesquisador, escritor e intelectual potiguar, no bairro da Cidade Alta, centro de Natal, amanheceu com as mãos pintadas de vermelha e em sua base a frase: Fascistas não passarão!
A Fundação José Augusto (FJA), responsável por administrar o Memorial Câmara Cascudo já foi notificada da ocorrência e enviou uma equipe de técnicos para averiguar a ocorrência e dar início à restauração do monumento.
Câmara Cascudo é um intelectual potiguar reconhecido por suas contribuições à pesquisa do folclore, cultura, personagens do povo e foi um dos primeiros a pesquisar sobre a alimentação no Brasil. No entanto, o escritor, que também era monarquista e católico, tem sido criticado por alguns setores da esquerda por seu passado integralista. Segundo matéria publicada pelo jornal Folha de São Paulo, Cascudo foi o líder do movimento no Rio Grande do Norte em 1932, conforme carta encontrada no próprio Memorial pela equipe de reportagem.
Cascudo também teria recebido uma comenda de Mussolini, o ditador italiano, pela publicação do livro “Em Memória de Stradeli“, que conta a história do viajante italiano que passou pelo rio Amazonas no século XIX.
No entanto, Câmara Cascudo teria devolvido a comenda em 1942, depois que submarinos italianos torpedearam navios mercantes brasileiros e também teria se desvinculado do movimento em 1938, quando os integralistas tentaram derrubar Getúlio Vargas. Durante a ditadura, na década de 1970, Cascudo chegou a criticar os militares.
Entre suas obras mais conhecidas estão:
Antologia do folclore brasileiro (1943);
Geografia dos mitos brasileiros (1947);
Os holandeses no Rio Grande do Norte (1949);
Dicionário do folclore Brasileiro (1951).