Pai usa religião, profissão e aparência de mãe para obter guarda provisória de filho de sete anos
Natal, RN 28 de mar 2024

Pai usa religião, profissão e aparência de mãe para obter guarda provisória de filho de sete anos

24 de maio de 2022
4min
Pai usa religião, profissão e aparência de mãe para obter guarda provisória de filho de sete anos

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Em Parnamirim, a narrativa criada pela defesa de um pai para conquistar a guarda do filho inclui ataques à religião, à profissão e à aparência da mãe. E está dando certo. A juíza Suiane de Castro Fonseca Medeiros concedeu guarda provisória em dezembro de 2021 e desde então o contato da progenitora com a criança de sete anos de idade tem sido dificultado. Ela conta que está sem contato e comunicação desde abril.

O menino foi tirado de casa por policiais, às 6h de uma manhã daquele mês, sem aviso. A mulher, que prefere não se identificar, é artista circense e terapeuta holística; tem tatuagens, usa piercing e segue a Jurema, tradição religiosa nordestina com origem afro-ameríndia.

Ela conta que os três moraram juntos durante o primeiro ano do garoto. Recentemente, passou um ano em Fortaleza com o menino e, no ano passado, voltaram para o Rio Grande do Norte para ficar mais perto do pai da criança, que é argentino e vive na capital potiguar.

“Lá eu recebia muitas mensagens da avó materna da criança e do pai com injúrias que acabavam tirando a minha paz. Diziam também que eu vivia em condições precárias, mas lá eu vivia super bem, tranquila, tinha minha carreira artística, fazendo apresentações, dando aula de tecido acrobático. Nunca faltou nada, mas pelo fato de insistirem que eu cedesse a guarda da criança, vim morar em Pium para ficar mais próxima, na tentativa de minimizar essas mensagens abusivas e também entendendo que é importante pra criança ficar perto, embora eu já o trouxesse pra passar um tempo aqui”, contou ela.

A mudança não foi suficiente. Segundo a mãe, antes mesmo de compartilhar o novo endereço, a casa onde mora atualmente começou a ser rondada pelo homem a ponto de os vizinhos fazerem o alerta.

“Chegou a gritar pelo nome da criança. Não mandava mensagem pra comunicar que tava indo lá. Às vezes eu nem estava em casa, quem atendia era a dona do condomínio onde a gente morava. Ele nem falava os dias que tinha folga, pra gente poder se organizar”.

Depois disso, veio o processo e, dias depois, a mãe perdeu o direito de cuidar do filho. O direito de visita foi concedido, mas logo suspenso. Chegou a passar alguns finais de semana com a criança e da última vez que o viu, foi à escola onde estuda. Lá recebeu uma intimação dizendo que estava impedida da convivência com a criança “Ele me perguntou 'amanhã você vem me buscar?’", lembra.

“Nos últimos meses os impedimentos começaram a ficar mais presentes. A criança chegava a me dizer que o pai dizia que eu não era uma boa mãe pra justificar o que estava acontecendo quando ele se mostrava confuso ou perguntava por mim. Isso afeta minha dignidade, moral, honra, distorce até o meu trabalho. Ele diz que uso psicoativos e que a criança ficava presente nesse meio. Mas eu não bebo, não fumo e até fiz um exame toxicológico que pega mais de 180 dias para provar que não utilizo nenhuma substância ilegal", garante.

"Faço massagens terapêuticas, não utilizo nenhum tipo de substância a não ser óleos essenciais”, conta a mãe.

“Não tive oportunidade de ficar com ele no Natal, Réveillon, aniversário dele, Dia das Mães. Abri um processo de alienação parental, mas parecem estar engavetadas as provas que a gente tem incluído. É muito tempo sem nenhuma resposta, sabendo que enquanto mãe não cometi nenhum crime. É absurdo, abusivo”, lamenta, informando que, por causa dos fatos recentes, também abriu processo contra o pai por alienação parental. .

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