RN: ato em frente à PRF de Natal pede justiça por Genivaldo, após morte em Sergipe

Movimentos Sociais estão convocando um ato para a próxima segunda-feira (30), às 15h, em frente à sede da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na Avenida Nascimento de Castro, nº 1540, em Natal, para pedir Justiça para Genivaldo de Jesus Santos. O homem, de 38 anos, morreu na última quarta-feira (25), no município de Umbaúba, no sul de Sergipe, após uma abordagem da corporação.

"Essa morte tão cruel não pode ser naturalizada! Dizemos em coro: sangue negro, nenhuma gota a mais!Em memória de Genivaldo e todas às vítimas dessa política de morte, convidamos você a levar flores, cartazes e sua voz contra essa brutalidade", afirmam os movimentos em chamado para o ato nas redes sociais.

Agentes da PRF colocaram Genivaldo no porta-malas de uma viatura e atiraram bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta. A vítima morreu com sinais de asfixia, segundo laudo do IML (Instituto Médico Legal).

O sobrinho da vítima Wallyson de Jesus, que presenciou a cena, disse à imprensa que o tio tinha um transtorno mental e ficou nervoso durante a abordagem depois que os policiais encontraram no bolso dele cartelas de medicamentos.

Mesmo com toda a ação gravada em vídeo por moradores da cidade, a PRF não reconheceu a responsabilidade dos seus agentes. Em nota, afirmou que o homem teria “resistido ativamente” à abordagem. Os agentes, então, teriam utilizado “técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo” para conter a agressividade da vítima, que “veio a passar mal” no caminho para a delegacia, segundo a corporação.

Esta, porém, não é a primeira vez que a PRF está envolvida em operações violentas. Desde o início do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), a corporação atuou em parceria com polícias militares em pelo menos três chacinas.

Além da parceria desta semana na ação com o Batalhão de Operações Especiais (Bope), deflagrada na VIla Cruzeiro – que já chegou a 25 mortes confirmadas –, agentes da PRF estiveram ao lado da Polícia Militar do Rio de Janeiro, em fevereiro deste ano, na mesma região. A operação deixou pelo menos oito mortos, no complexo da Penha.

Em outubro do ano passado, pelo menos 25 pessoas foram mortas em uma ação conjunta da PRF com a PM de Minas Gerais, em Varginha, no sul do estado.

As câmaras de gás

Nas redes sociais e em manifestações realizadas em todo o país na última semana, as pessoas se mostram assustadas com a semelhança com o Holocausto, quando câmaras de gás foram projetadas como parte da política nazista de genocídio contra judeus. Ciganos, homossexuais, deficientes físicos e mentais, intelectuais e integrantes do clero também eram alvos dos nazistas. Milhões de pessoas, entre 1941 e 1945, foram mortas com o emprego dessa prática.

Leia a íntegra da nota da PRF:

“Na data de hoje, 25 de maio de 2022, durante ação policial na BR-101, em Umbaúba-SE, um homem de 38 anos resistiu ativamente a uma abordagem de uma equipe PRF. Em razão da sua agressividade, foram empregados técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para sua contenção e o indivíduo foi conduzido à Delegacia de Polícia Civil em Umbaúba.

Durante o deslocamento, o abordado veio a passar mal e socorrido de imediato ao Hospital José Nailson Moura, onde posteriormente foi atendido e constatado o óbito.

A equipe registrou a ocorrência na Polícia Judiciária, que irá apurar o caso. A Polícia Rodoviária Federal em Sergipe lamenta o ocorrido e informa que foi aberto procedimento disciplinar para averiguar a conduta dos policiais envolvidos”.