Um monumento bizarro enfeia Natal
Natal, RN 29 de mar 2024

Um monumento bizarro enfeia Natal

2 de junho de 2022
3min
Um monumento bizarro enfeia Natal

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A pessoa que sai ou entra em Natal, uma cidade com quase 900 mil habitantes, pela BR-101, vai se deparar com um bizarro monumento. A entrada ou saída da cidade foi agredida brutalmente por um monstrengo bizarro, fruto dos delírios de um empresário que está chegando à cidade, o tal de Luciano Hang, dono da empresa Havan, e que tem como marca registrada sua ignorância e truculência, recheada de um bolsonarismo patético, que leva este senhor a se fantasiar com trajes que levou boa parte das pessoas a chamá-lo de “Zé Carioca Ensandecido”. A cópia grotesca da estátua da liberdade, localizada às margens da já citada BR, obriga o natalense a ver que a cidade entra na lista das que se tornaram receptáculos desse ogro fascista.

A chegada da “megaloja” promete, a meu ver, duas coisas básicas: aumentar a arrecadação de impostos em Natal e provavelmente quebrar mais algumas pequenas e médias lojas que se situam no seu espaço de concorrência. Deverá, segundo o irmão do “Zé Carioca”, Nilton Hang, em entrevista à Tribuna do Norte, um “jornalão” tradicional das nossas paragens, gerar entre 150 e 200 empregos diretos. Não se sabe quantos empregos indiretos pode gerar e acredito que a prefeitura não tenha nenhum estudo a respeito.

Essa imagem bizarra, que enfeiará a entrada e saída da cidade, em outros tempos seria exatamente isso: um trambolho feio, brega e cafona. Mas nesses tempos sombrios é uma representação simbólica de um elemento que tem sido um dos pontas de lança do bolsonarismo fascista país afora.

Hang é dessa nova leva de capitalistas que encontraram guarida no fascismo bolsonarista. Uma pessoa medíocre que se tornou um megaempresário cujo ódio a tudo que representa uma afronta ao seu reacionarismo, foi expresso no recente ataque ao padre Júlio Lancelloti, cujo “crime” é ajudar os pobres. Para Hang socorrer os pobres é pôr mais malandros na rua. Sua defesa? Se gabar de ter comprado R$ 10 mil em fichas de cachorro-quente na festa de Igreja de Azambuja e dado aos trabalhadores da sua empresa.

Uma reportagem publicada no Correio Braziliense, de 22 de junho de 2021, revelou que a ABIN fez um relatório para o Mandrião, alertando sobre quem era essa figura. O documento foi elaborado em junho de 2020 e faz um compilado das investigações e suspeitas que recaem sobre ele. Alguns dos possíveis crimes apontados pelo documento são: agiotagem, contrabando, evasão de divisas e sonegação. De acordo com o documento, só na Justiça de Santa Catarina há 25 processos em aberto envolvendo o braço financeiro dos negócios de Hang. Talvez por isso mesmo Bolsonaro o admire tanto, e vice-versa.

Obviamente que Hang não é o único empresário tosco e truculento desse país. Aqui mesmo temos vários exemplos desse tipo de capitalista, que muitas vezes surfam nas ações governamentais, que os sustentam há décadas. Mas, por chamar para si a imagem de reacionário e ser uma pessoa que adora ter essa imagem propalada mundo afora, Hang tornou-se, sob muitos aspectos, a imagem dessa bizarrice que nós vivemos.

O monstrengo instalado na rua Adão Silveira não é ilegal. Mas é feio. É um atentado à estética. Mas é mais do que isso. É uma espécie de ode à ignorância.

Triste Natal.

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