DEMOCRACIA

Bancada potiguar em Brasília critica mentiras de Bolsonaro a embaixadores e denuncia anúncio de golpe

Bolsonaro em reunião com embaixadores I Foto: Clauber Cleber Caetano/ Agência Brasil

Parlamentares que compõem a bancada do Rio Grande do Norte em Brasília criticaram o presidente da República que, nesta segunda (18), convocou embaixadores de vários países para repetir uma série de mentiras, como a de possibilidade de fraudes em urnas eletrônicas utilizadas nas eleições. A deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) alertou para a construção de um clima que favoreça esse tipo de desvio.

Natália Bonavides
Natália Bonavides

A fala de Bolsonaro na reunião é um nítido ato golpista. Ele segue atacando o sistema eleitoral e o objetivo dele é explícito: caso perca a eleição, vai tentar dar um golpe. A reunião é parte da construção de um ambiente que facilite isto. Não nos intimidaremos, enfrentaremos e derrotaremos esse projeto golpista e de morte, nas urnas e nas ruas”, convoca Natália.

Rafael Motta (PSB-RN) também alertou para o incentivo ao caos e confusão com a divulgação de mentiras, uma prática comum ao presidente antes mesmo do início de seu mandato.

Bolsonaro está fazendo a única coisa que fez até aqui: mente para causar instabilidade, incerteza, o caos e, assim, atiçar os que ainda o seguem. Foi um ato desesperado. Ao chamar os embaixadores, ele busca dar um ar de solenidade para o absurdo. Foi constrangedor assistir a um show de inverdades. Tudo que ele falou já foi amplamente desmentido. É preciso repudiar duramente para que os radicais não se sintam à vontade para tumultuar o processo eleitoral”, defende Rafael Motta.

Rafael Motta

Analistas políticos enxergam na atitude de Bolsonaro (PL) um anúncio de golpe e lembram que a presença dos embaixadores na reunião não foi sinal de prestígio, já que o protocolo é de atender as convocações feitas pelo chefe do Executivo do país no qual atuam. Além disso, a utilização da estrutura do governo para a apresentação também tem sido apontada como propaganda eleitoral.

Jean Paul Prates

É grave quando o presidente da República se utiliza da estrutura do poder executivo para atacar outros poderes e colocar em dúvida a segurança de nossas eleições. Bolsonaro permanece fora dos limites da Constituição no seu desespero diante do resultado das eleições de outubro. Ele passou mais de duas décadas na Câmara dos Deputados se elegendo pelo sistema eleitoral brasileiro e foi eleito presidente da mesma maneira. Agora tenta descredibilizar o TSE, mas ele faz isso porque sabe que perderá nas urnas. Fez um péssimo governo e isso vai se refletir na derrota que terá na eleição deste ano. Bolsonaro ataca o sistema eleitoral porque quer arrumar desculpa para a sua derrota, mas a verdade é que será tirado do cargo democraticamente pelos brasileiros e brasileiras que não aprovam seu governo”, avalia o senador Jean Paul Prates (PT-RN).

Walter Alves

É lamentável e preocupante o fato de o Presidente da República convocar uma reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada e utilizar de toda a estrutura governamental para tentar colocar em xeque, mais uma vez, o sistema eleitoral do país. Bolsonaro presta um desserviço à democracia e ao Brasil divulgando informações que já foram esclarecidas diversas vezes pelos órgãos responsáveis. Felizmente, temos instituições fortes que vão garantir uma eleição democrática e transparente”, pontuou Walter Alves (MDB-RN), deputado federal e presidente do MDB no Rio Grande do Norte.

Deputado General Girão
Reprodução redes sociais

O parlamentar bolsonarista Beto Rosado (Progressistas) não se manifestou sobre o assunto em suas redes sociais, assim como João Maia (PL), do mesmo partido do presidente. A deputada Carla Dickson (União Brasil) também ignorou o assunto. Apenas o general Girão (PL) usou suas redes sociais para apoiar e ajudar a espalhar as mentiras de Bolsonaro.

Depois da reunião do presidente com os embaixadores em Brasília, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou uma lista desmentindo, pelo menos, 20 pontos apresentados pelo Chefe do Executivo durante o encontro, entre os quais, a informação de que as urnas podem ser manipuladas pela internet; que as urnas eram inauditáveis e que é uma empresa terceirizada que contabiliza os votos.

Deputados de vários partidos solicitaram ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça (19), autorização para investigar o ataque de Bolsonaro ao sistema eleitoral do país durante o encontro com embaixadores estrangeiros. Os parlamentares apontam os crimes de propaganda eleitoral antecipada, improbidade administrativa, abuso de poder político e econômico, além atentado contra o Estado Democrático. A Procuradoria Geral da República (PGR) é a responsável por avaliar se há elementos para abrir uma investigação formal contra Jair Bolsonaro.

 

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