Famílias agricultoras de Macaíba realizam sonho de produzir em sua própria terra; reportagem em vídeo
Romper com o atual ciclo de retrocessos e construir um ambiente de paz, sustento, produtividade e novas ideias. É assim que um grupo de 31 famílias de agricultores do município de Macaíba tem enfrentado a falta de investimento do governo de Jair Bolsonaro no setor que já ajudou o país a sair do mapa da fome e que é capaz de assegurar a segurança e a soberania alimentar da população.
Num contexto de desincentivo e cortes orçamentários à atividade da Agricultura Familiar no Brasil, responsável hoje por 70% dos alimentos que são consumidos pela população brasileira, a Agência Saiba Mais traz a história da Cooperativa dos assentados Produtores da Agricultura Familiar de Macaíba (Coopafama), uma referência em gestão coletiva e diversificação no meio rural. O vídeo foi gravado na sede da cooperativa, distante 23 quilômetros da capital potiguar.
O cenário começou a ser construído em 2018 e, em mais de três anos de funcionamento, os frutos do trabalho coletivo são visíveis nas plantações de mamão, maracujá, macaxeira, banana, abacaxi, jerimum, melancia e batata, e na renda das famílias cooperadas que se distribuem em assentamentos de mais ou menos 4 hectares e meio de terra nos municípios de Macaíba, São José de Mipibu, Bento Fernandes, Ceará-Mirim e Ielmo Marinho.
O tamanho e a importância do setor estão expressos nos dados do Censo Agropecuário 2017-2018, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo revela que 76,8% dos 5,073 milhões de estabelecimentos rurais do Brasil foram caracterizados como pertencentes à agricultura familiar. Somente a região Nordeste representa 47,2% do total de unidades familiares no país. São 1.838.846 estabelecimentos, totalizando 73,8% das pessoas ocupadas nas atividades agropecuárias no Nordeste brasileiro.
Mesmo assim, o setor não tem recebido a atenção de Bolsonaro. Os agricultores e agricultoras denunciam a falta de apoio adequado na forma de crédito, assistência técnica e acesso a mercados e atribuem aos desinvestimentos o aumento da miséria no país e a repetição do cenário social da fome, que já havia sido vencido. Em 2022, mais da metade da população brasileira – 58,7% – vive com algum tipo de insegurança alimentar e pelo menos 33,1 milhões de pessoas não tem o que comer durante um dia inteiro (24h). Os dados são do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, feito pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), e revelam que nem mesmo quem produz alimentos escapou.
Mesmo nas áreas rurais do Brasil, a insegurança alimentar é vivida em 60% das casas. Destas, 18,6% estão em situação grave. A fome atingiu 21,8% dos domicílios de agricultores familiares e pequenos produtores.
Fim do PAA
Em 2021, o presidente Bolsonaro rebatizou o programa de Alimenta Brasil e reduziu drasticamente o orçamento a ele destinado. De R$ 291 milhões de 2020 para meros R$ 58 milhões em 2021. Até maio deste ano, apenas R$ 89 mil foram empenhados nessa política pública.
Muitas cooperativas encerraram suas atividades e projetos reduziram a qualidade da comida oferecida para famílias carentes, crianças em creches e idosos em acolhimento. O número de unidades recebedoras das doações de alimentos por parte do programa caiu de 17 mil, em 2021, para 2.535 em 2020, segundo dados da Conab.
Bolsonaro também foi o responsável pelo fechamento, em 2019, de 27 unidades armazenadoras de alimentos da Conab. Além de operacionalizar o PAA, os estoques eram uma forma de controlar o preço dos alimentos.