Dando continuidade à série de entrevistas sobre as eleições de 2022, o Balbúrdia desta segunda-feira (15) recebeu João Emanuel Evangelista. Professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), ele fez uma análise do próximo pleito e comentou sobre os riscos de uma ruptura institucional, a partir das insinuações golpistas do presidente Jair Bolsonaro (PL). Para o docente, houve uma queda na qualidade de vida do brasileiro de 2018 para cá que fez diminuir também o sentimento antipestista.
“A sociedade brasileira piorou tanto que o antipetismo refluiu. O antipetismo claramente não vai ser a tônica da eleição. O clima hoje é, na verdade, uma disputa entre democracia e ditadura. Democracia sempre associada com direitos, e ditadura sempre associada com perda de direitos”, frisou.
Segundo ele, a disputa deste ano não será como as passadas. “Essas eleições são atípicas. A gente não está vivendo no Brasil uma situação de normalidade institucional, e essas eleições vão ter um elemento-chave para a definição do futuro imediato do Brasil. A gente está vivendo numa encruzilhada entre a restauração das instituições que caracterizam o Estado Democrático de Direito, ou a legitimação de sua derrocada”, afirmou, contrapondo as candidaturas de Lula (PT) e de Bolsonaro.
Segundo o cientista social, os elementos dessa eleição são diferentes dos outros pleitos presidenciais que ocorreram desde a redemocratização. “Estamos vivendo um momento no Brasil em que as autoridades que juraram a Constituição desrespeitam a Constituição todos os dias. É o caso muito claro do presidente Jair Bolsonaro”, disse.
De acordo com Evangelista, a eleição de 2022 será o que classificou como “plebiscitária”. “É uma eleição em que decide se você vai continuar com um regime político democrático e restaura algumas das instituições básicas desse regime, ou se você vai destruir e criar condições para uma ditadura aberta, que é o sonho de consumo de Jair Bolsonaro”, analisou.
Sobre a tentativa de alguns candidatos a cargos majoritários de “esconderem” o apoio a Bolsonaro nas campanhas, ele disse que a situação na região Nordeste é ainda mais difícil para quem reivindica o bolsonarismo. “Se fazer campanha para Bolsonaro é difícil no Brasil todo, no Nordeste é pior ainda. É questão de instinto de sobrevivência. Um político que sabe que tem Bolsonaro extremamente rejeitado não vai querer associar sua candidatura”.
Assim, o professor vê uma vantagem para os candidatos do campo progressistas. Enquanto as pesquisas apontam vantagem para Lula, que é líder em todas as pesquisas de intenção de voto à presidência, a governadora Fátima Bezerra (PT) também segue na dianteira para o Governo do Rio Grande do Norte.
“No Nordeste, os candidatos associados à Lula vão ter uma vantagem indiscutível. São potencialmente favorecidos por esse quadro plebiscitário que se configura em termos das eleições nacionais”, apontou.
Confira a entrevista completa: