Adriana Alves de Bessa tinha 36 anos e morava na zona rural do município de Encanto, no interior do Rio Grande do Norte. Ela foi assassinada a pauladas, na noite deste domingo (23), pelo ex-companheiro Kenedy José da Silva, de 39 anos, de quem estava separada há cerca de dois meses.
Segundo a Polícia Militar, Kenedy não se conformava com o fim do relacionamento e tentou retomar a relação, mas a proposta foi recusada pela vítima, que era mãe de três filhos. Adriana já havia relatado a familiares que vinha sofrendo ameaças e tinha ido deixar comida para o ex-marido quando foi agredida com uma paulada na cabeça. Depois de cair no chão, ela continuou a ser agredida, principalmente, na região da cabeça. Alguns vizinhos que ouviram gritos chegaram a ligar para a polícia e pedir socorro médico, mas Adriana não resistiu aos ferimentos e morreu ainda no local.
A polícia também desconfia que uma pedra encontrada perto do corpo de Adriana tenha sido utilizada no crime. Depois de matar a ex-mulher, Kenedy José se entregou na delegacia de Pau dos Ferros, município que fica perto de Encanto. No primeiro semestre de 2022, os casos de feminicídios permaneceram próximos daqueles registrados no mesmo período do ano passado. Nos seis primeiros meses de 2022 foram registrados 12 feminicídios no RN, enquanto no mesmo período do ano passado, foram 11 casos registrados.
OUTROS CASOS:
Facadas
Em julho, Ana Carolina Ferreira de Oliveira, de apenas 22 anos, foi morta a facadas pelo ex-companheiro, na cidade de Mossoró.
Mais uma vez, o assassino não se conformava com o fim do relacionamento. Ele pegou a vítima de surpresa com vários golpes de faca e fugiu após cometer o crime. Os vizinhos, assim como no caso citado no início da reportagem, acionaram a polícia e uma ambulância, mas quando o socorro médico chegou, Ana já estava sem vida.
Na frente das filhas

Em março deste ano, Manuela Josino Miranda, de 32 anos, foi assassinada com dois tiros na cabeça efetuados pelo ex-companheiro, Maciel Ramalho, de 40 anos.
O crime ocorreu na frente da mãe da vítima e das duas filhas do ex-casal, de 6 e 8 anos. Manuela era nutricionista e tinha terminado o casamento de 12 anos há cerca de um mês. Ela tinha se mudado para Fortaleza, no Ceará, para evitar conflito com o ex-marido, que não se conformava com a separação. A vítima tinha voltado a Natal, junto com as filhas, para passar os dias de carnaval na casa da mãe, localizada no Conjunto Parque dos Coqueiros.
Corpo encontrado em açude

Também no mês de março, o corpo de Ingrid Caroline Soares dos Santos, de 28 anos, foi encontrado sem roupas em um açude do município de Campo Grande, na região Oeste do RN.
Ingrid tinha três filhos. Um suspeito, ex-presidiário, foi preso como suspeito por ter sido a última pessoa a ter sido vista com a vítima.
Morte durante mudança
Em fevereiro, uma mulher de 43 anos foi assassinada dentro do apartamento do qual estava se mudando, na Avenida Maria Lacerda, em Nova Parnamirim, região metropolitana de Natal, pelo ex-companheiro que a matou a tiros.
O homem teria efetuado os disparos contra a vítima e depois cometido suicídio. A mulher estava acompanhada pela filha, que também tinha levado o namorado pra ajudar na mudança. O agressor, que tinha 33 anos, chegou ao local, mandou que o casal saísse e se trancou com a mulher no apartamento. A jovem, que tem cerca de 20 anos, é filha de outro relacionamento da vítima.
Em 10 anos, mais de mil mulheres foram vítimas de feminicídio no RN
O Observatório da Violência (OBVIO) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, mostra que entre 2011 e 2020, 1.050 potiguares foram assassinadas apenas pelo fato de serem mulheres. Isso significa que, nesse período, a cada três dias uma mulher foi morta no Estado. O mesmo estudo também aponta que oito em cada 10 dessas mulheres vítimas de feminicídio eram negras.
Ligue 180
O serviço registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgão competentes, bem como reclamações, sugestões ou elogios sobre o funcionamento dos serviços de atendimento.
O serviço também fornece informações sobre os direitos da mulher, como os locais de atendimento mais próximos e apropriados para cada caso: Casa da Mulher Brasileira, Centros de Referências, Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam), Defensorias Públicas, Núcleos Integrados de Atendimento às Mulheres, entre outros.
A ligação é gratuita e o serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana. São atendidas todas as pessoas que ligam relatando eventos de violência contra a mulher. O Ligue 180 atende todo o território nacional e também pode ser acessado em outros países.