O inolvidável doutor Souza Pinto
Natal, RN 19 de abr 2024

O inolvidável doutor Souza Pinto

8 de agosto de 2022
4min
O inolvidável doutor Souza Pinto

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Por João Gothardo Dantas Emerenciano

O Norte-rio-grandense Francisco das Chagas Souza Pinto, nascido na cidade de Mossoró em 7 de março de 1848, espera no silêncio do túmulo o reconhecimento da sua contribuição às letras e a historiografia brasileira.

Ficando órfão muito cedo, muda-se para Fortaleza (CE), abraçando a carreira burocrática, servindo como 3 o escriturário da Tesouraria Provincial e logo depois 2 o da Tesouraria Geral da Fazenda, tendo se submetido aos respectivos concursos para a obtenção desses cargos.
Republicano convicto fundou o jornal A Revolução, em 2 de novembro de 1872, com João Cordeiro, Oliveira Praxedes, Alexandre Gadelha e Frederico Severo, “para propaganda dos princípios delineados no célebre Manifesto de 1870”. Adepto da campanha abolicionista na terra de Iracema, Souza Pinto fez parte da benemérita Sociedade Pedro Pereira, ao lado de Clóvis Beviláqua, Álvaro de Alencar, Raimundo Ribeiro, Pedro de Queiróz, Alarico Catunda e outros.

Concluído o curso secundário, trata da sua transferência da Tesouraria Geral da Fazenda, em Fortaleza, para a Alfândega de Pernambuco, em cuja capital se matriculou na Faculdade de Direito, tendo desposado a jovem cearense Henriqueta Herbster, filha do do engenheiro- arquiteto Adolfo Herbster, antes de partir para Recife, em abril de 1876. Em novembro de 1881 concluiu o curso de Direito, tendo por companheiros de formatura Artur Orlando, César Villaboim, Urbano Santos, Torreão da Costa, Machado Portela, Clodoaldo Lopes, Góes de Vasconcelos e outros, doutorando-se no ano seguinte, com brilhantismo.

Abandonando a carreira da Fazenda, regressou ao Ceará, nomeado secretário do Tribunal da Relação de Fortaleza, por decreto do governo imperial, tendo antes recusado o cargo de Inspetor do Tesouro Provincial do Rio Grande do Norte e, posteriormente, a presidência da província da Paraíba.

Demitiu-se em 1888 do cargo de secretário do Tribunal da Relação e embarcou para o Amazonas, onde exerceu a advocacia e militando na política foi eleito deputado ao Congresso Amazonense no triênio de 1892-1894, tendo sido um dos principais colaboradores da
constituição promulgada a 23 de julho daquele ano. Era protetor incansável dos rio-grandenses e cearenses que ali aportavam em procura de trabalho.

Escreveu Frei Miguelinho: uma página da revolução de 1817, publicado em 1885 no jornal cearense Pedro II, de Fortaleza, “enfeixando-a em seguida numa edição que ficou circunscrita ao círculo de amigos e colegas”, tendo o Barão de Studart inserindo-a na Revista Trimensal do Instituto do Ceará, “como um estudo raro hoje e de poucos conhecido”, antecedida de um esboço biográfico de sua autoria sobre o autor, tendo ela sido reproduzida posteriormente na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, volume XVI, 1918, como um “substancioso estudo”, acompanhado do mesmo esboço.

A monografia do ilustre potiguar foi bem acolhida pela crítica, apresentando na 5 o edição, prefaciada por Hugo de Lacerda, juízos críticos de Conde de Afonso Celso, Oliveira Lima, que considerava o “mais completo publicado sobre o grande mártir”, Carlos D. Fernandes, Rocha Pombo que “já conhecia esse trabalho, inserto na Revista do Instituto do Ceará em 1917; e tão importante o reconheci que lamentei não o ter podido aproveitar para a parte da minha “História”, relativa a revolução de 1817.”

Colaborou assiduamente na imprensa do Ceará e do Amazonas,” onde o seu nome deixou a mais honrosa tradição”, deixando um arquivo valioso com vários estudos históricos e outros por concluir, destacando-se “Sociologia do Direito”.

Faleceu em Manaus, a 6 de julho de 1895, aos 47 anos de idade, vitimado por uma congestão
cerebral.

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