“Uma perspectiva importante para o processo de mecanização da Agricultura Familiar no Nordeste e no Rio Grande do Norte”. É assim que o coordenador da Câmara Temática e do Fórum Eugênio Peixoto de Gestores da Agricultura Familiar do Nordeste, o secretário Alexandre Lima (Sedraf), avalia o acordo de cooperação firmado entre o Consórcio Nordeste, representando os nove estados da região, e a China na última quinta-feira (8).
O memorando de entendimento foi assinado em videoconferência realizada entre Consórcio Nordeste, o Instituto Internacional de Equipamentos Agrícolas e Inovação Agrícola Inteligente da Universidade Agrícola da China, a Associação de Fabricantes de Máquinas Agrícolas da China e a Associação Internacional para a Cooperação Popular (AICP).
Para Alexandre, “garantir a mecanização é sobretudo garantir que a agricultura familiar se modernize e continue o seu processo de produção de alimentos saudáveis para a sociedade potiguar e também para a sociedade brasileira”.
Isso porque, existe uma lacuna histórica na mecanização agrícola da agricultura familiar brasileira. Os dados do último Censo Agropecuário, divulgado em 2017, indicam que menos de 2% da agricultura familiar possui tratores e menos de 0,3% utilizam algum tipo de equipamento para colheita.
“Isso se dá em função justamente de que esses equipamentos atualmente usados no Brasil foram concebidos para o agronegócio, para as grandes propriedades. E aí o que nós estamos construindo no âmbito da câmara temática da agricultura familiar é justamente buscar a inserção de equipamentos de baixo custo, de fácil manutenção, que sejam adequados à realidade agrária, ambiental e social da agricultura familiar”, afirma Alexandre Lima, ao lembrar que 66% por cento das propriedades da agricultura no Nordeste possui até 10 hectares, e a região possui quase 50% do total das propriedades rurais do Brasil.
Yang Minli, presidente do Instituto Internacional de Equipamentos Agrícolas e Inovação Agrícola Inteligente da China Agricultural University, destacou que as máquinas agrícolas chinesas contribuirão para mudar os métodos tradicionais de produção, melhorar a eficiência da produção e reduzir os custos de produção para a agricultura. processo agrícola e aumentar a renda dos agricultores.
O acordo já vinha sendo discutido há praticamente um ano, a partir da intermediação da Associação Internacional para a Cooperação Popular (AICP). “O AICP fez a ponte entre o governo chinês e o Consórcio, e a partir daí aconteceram cinco reuniões, foi formado um grupo temático no âmbito da câmara temática que selecionou os tipos de equipamentos que mais se adequavam às cadeias produtivas do Nordeste. E na Feira Nordestina da Agricultura Familiar foi feita uma um seminário on-line, como parte do processo de construção e a partir desse seminário se definiu pela construção de um memorando de entendimento que estabeleceu as base desse acordo”.
A 1ª Feira Nordestina da Agricultura Familiar e Economia Solidária (FENAFES) foi realizada em Natal, no Centro de Convenções. O evento ocorreu entre os dias 15 e 19 de junho e reuniu 778 expositores organizados em 273 entidades, sendo 90 cooperativas. Ao final, o faturamento bruto ficou acima dos R$ 600 mil entre as vendas produtos frescos, beneficiados, alimentos processados e prontos para consumo.
Além da necessidade de modernização das gerações de produção na agricultura familiar, o acordo surge do investimento da China no desenvolvimento de maquinário de baixo custo e adaptado a pequenas áreas. A China Agricultural University vem promovendo inúmeras iniciativas para ajudar outros países em desenvolvimento inspiradas na tecnologia, experiência e modelos industriais usados na China.
A partir de agora vai ser elaborado um plano de trabalho que dará prosseguimento a esse processo de intercâmbio. “A perspectiva é que haja ainda esse ano a visita de uma missão chinesa ao Nordeste, e no primeiro semestre do próximo ano vá uma missão técnica aqui dos estados do Nordeste para a China para continuar as tratativas”, esclareceu o secretário da Sedraf.
A cooperação entre China e Consórcio Nordeste pode ser estendida a mais países latino-americanos com características, recursos e necessidades semelhantes.