ENTREVISTA

“É possível derrotar o fascismo”: candidato a senador, Marcos do MLB propõe reforma urbana e o não pagamento da dívida pública

Marcos Antônio Ribeiro, 48, está em sua primeira eleição e disputa uma cadeira no Senado pelo jovem partido Unidade Popular (UP). Morador da ocupação Valdete Guerra, no Planalto, Zona Oeste de Natal, ele atua no Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e defende uma reforma urbana para superar o déficit habitacional do Rio Grande do Norte e do país. Crítico do governo Jair Bolsonaro (PL), o sem-teto ainda propõe o não pagamento da dívida pública e o fim do atual governo federal. Marcos Antônio foi o entrevistado desta segunda-feira (5) do programa Balbúrdia.

O MLB existe há 18 anos no RN, o candidato compõe o movimento há 15. Ele chegou a participar da ocupação Leningrado — nome em homenagem ao revolucionário russo Vladimir Lenin — que depois se tornou um conjunto habitacional nascido através da reivindicação por moradias populares.

“A reforma urbana é cheia de percalços, mas a gente sabe que é possível. Ela deve incluir a regularização fundiária. Sem o título da casa, um país cresce desordenadamente, as pessoas passam anos e anos se reinscrevendo em projetos habitacionais, e não consegue haver uma fiscalização coerente com a demanda necessária”, fala.

Com “tanta gente sem casa, e tanta casa sem gente”, como diz, o candidato a senador defende também a implantação de um imposto progressivo para que quem tem maior renda pague mais. “Se a gente implanta o imposto progressivo, é uma ferramenta legal. Não teremos mais prédios abandonados no centro da cidade, não teremos mais terrenos ociosos esperando a especulação imobiliária, e o que vai fortalecer é o setor da construção civil. Se a construção civil não se envolver na reforma urbana, a gente não vai conseguir”, afirma.

Caso seja eleito senador, também propõe uma auditoria da dívida pública. “É nosso maior prejuízo no país ao longo de décadas”, lamenta. “É uma dívida interminável que consome mais de 50% do que é arrecadado no nosso país. E esses recursos arrecadados não voltam em equipamentos sociais, pensando em melhorar a qualidade de vida das pessoas. Eles vão direto para os bancos, os mesmos que a cada trimestre lucram bilhões de juros do trabalhador que pegou um empréstimo, quando o próprio banco não honra seu compromisso com a União. Os cinco maiores bancos que temos no país são os maiores devedores da Previdência”, diz o candidato.

Com uma estrutura pequena, a Unidade Popular recebe nacionalmente apenas 0,06% do fundo eleitoral. Segundo Marcos, “é o milhão contra o tostão”. Socialista, a UP faz oposição ao governo Bolsonaro, que o sem-teto diz ser um governante fascista. “Na nossa luta, sempre vai estar colocado a derrubada do fascismo. O fascismo não morreu. Ele ficou atordoado durante muitos anos e agora com a presidência sendo ocupada por um fascista, eles acharam que estava na hora de sair dos seus escombros. Desde 2018 a gente já apontava para esse possível desastre no nosso país”, critica, sobre a condução do governo nos últimos quatro anos. Por isso, de acordo com o militante, o presidente “não serve para governar o nosso país”. Na UP e na campanha eleitoral, o lema do candidato é claro: “só o povo salva o povo”.

Confira o programa Balbúrdia na íntegra:

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