Ideb aponta nota do ensino médio do RN como pior do País; secretário diz que resultado é distorcido por aprovação automática em outros Estados
Natal, RN 25 de abr 2024

Ideb aponta nota do ensino médio do RN como pior do País; secretário diz que resultado é distorcido por aprovação automática em outros Estados

17 de setembro de 2022
4min
Ideb aponta nota do ensino médio do RN como pior do País; secretário diz que resultado é distorcido por aprovação automática em outros Estados

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O Rio Grande do Norte registrou em 2021 a pior nota do ensino médio público do Brasil no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), com uma avaliação de 2,8 pontos. O melhor Estado neste quesito foi o Paraná, com 4,6. Considerando todo o ensino médio, com as redes públicas e privadas, o Estado teve uma melhora, com 3,4, deixando o RN acima do Amapá (3,3) e Pará (3,2). Já a média nacional da rede de ensino público foi de 3,9.

Os números trazem ainda uma piora da educação pública potiguar em relação ao Ideb anterior, referente a 2019. Naquele ano, a nota do ensino médio público da rede estadual do Estado havia sido de 3,2. Ou seja, houve uma queda de 0,4 pontos em dois anos. 

Mas, para o secretário estadual de educação, Getúlio Marques, os números são artificiais e não representam os dados reais. Com a chegada da pandemia ao Brasil, em 2020, o Conselho Nacional de Educação (CNE) lançou uma diretriz que permitia que as escolas aprovassem os alunos automaticamente, para diminuir os impactos aos estudantes em vulnerabilidade. Por isso, diz Marques, não é possível comparar os dados de 2021 com os de 2019, último Ideb até então. O próprio RN adotou a aprovação automática em 2020, mas não em 2021. 

“O Ideb é um vetor chamado ‘aprendizagem’ e outro chamado ‘progressão’, que é aprovação. No vetor ‘aprendizagem’, nós crescemos mais do que oito estados, e nossa aprovação foi de 75% dos alunos”, explica o secretário. 

A “aprendizagem” citada por Getúlio Marques é apontada pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que dá as médias de desempenho para estados e País. No Saeb de Língua Portuguesa, o RN teve uma proficiência calculada em 264,9 pontos. O Estado ficou à frente de Sergipe (264,5), Roraima (262,8), Pará (257,6), Maranhão (253,6), Bahia (257,8), Amazonas (251,7), Amapá (261,9) e Alagoas (261,8).

Já na prova de Matemática do Saeb, a proficiência potiguar foi de 258,1. Atrás ficaram Roraima (257), Pará (248,8), Maranhão (244,3), Bahia (250,7), Amazonas (242,8), Amapá (252,6) e Alagoas (254,9).

“Mas esses oito estados, que aprenderam menos do que os nossos, aprovaram em 2021 cerca de 100% dos alunos. Alguns estados fizeram aprovação automática, como o nosso, em 2020. Outros fizeram em 2020 e 2021, e outros só em 2021. Só que o Ideb pega os dados de 2021, então quem fez essa aprovação automática, independente da aprendizagem, o Ideb cresceu, porque só ali tem um vetor de 100%”, diz ele.

Por conta disso, Marques não refuta os dados, mas diz que são um “ponto fora da curva”. “O nosso aprendizado, junto com 75% de aprovação, é 2,8. Não é diferente. É esse mesmo. Só que em outros estados o aprendizado foi menor, mas esse número de aprovação, pela permissão da lei, é um ponto fora da curva”.

De acordo com o secretário, especialistas e entidades da educação, como o CNE, a ONG Todos pela Educação e a União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), também “dizem que não se pode comparar”. A presidente do CNE, Maria Helena Guimarães, destacou a situação nesta sexta-feira (16), durante a apresentação dos índices do Ideb. “A comparabilidade com anos anteriores deve ser evitada, porque os resultados foram impactados pela mudança na aprovação dos estudantes”, afirmou.

Ensino fundamental

Para os anos iniciais do ensino fundamental, que vão do 1º ao 5º ano, o Rio Grande do Norte teve uma média 5 no geral, na nota que considera as redes pública, privada e estadual. O desempenho foi superior somente ao do Amapá (4,9) e empatou com o Pará. A média nacional registrou 5,5.

Nos anos finais, do 6º ao 9º ano, os estudantes potiguares novamente tiveram uma avaliação baixa, superando somente duas unidades da federação. Nesta etapa da educação, o RN teve uma nota de 4,4, o mesmo do Pará, e acima do Maranhão (4,3) e Amapá (4,1).

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