Robinson Faria esconde Bolsonaro e recebe dinheiro de “Faria Limer” para tentar se eleger deputado federal
Natal, RN 28 de mar 2024

Robinson Faria esconde Bolsonaro e recebe dinheiro de “Faria Limer” para tentar se eleger deputado federal

29 de setembro de 2022
5min
Robinson Faria esconde Bolsonaro e recebe dinheiro de “Faria Limer” para tentar se eleger deputado federal

Ajude o Portal Saiba Mais a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Mesmo filiado ao Partido Liberal, partido do presidente Jair Bolsonaro, o ex-governador Robinson Faria (PL) tenta chegar à Câmara Federal escondendo a ligação com o presidente. Nas redes sociais, desde que iniciou a campanha, Robinson não demonstrou nenhum apoio direto a Bolsonaro. Na estratégia de tentar ser eleito, porém, se apoia no filho e ministro Fábio Faria, recebendo também investimento na campanha de um empresário com negócios na Faria Lima, avenida símbolo de riqueza situada em São Paulo-SP.

Nas redes sociais do ex-governador, não aparece apoio público ao presidente. No Instagram, por exemplo, onde é seguido por 86 mil perfis, Robinson surge apenas em agendas de campanha e dobradinhas com candidatos a deputado estadual. Também exibe o apoio de políticos do interior para se vender como o “governador das mil obras”. 

Atraso de salários

Com uma trajetória política principalmente na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, onde ocupou seis mandatos como deputado estadual, Robinson deixou a Casa para ser vice-governador de Rosalba Ciarlini em 2010. Quatro anos depois, assumiu a Governadoria, último cargo para o qual foi eleito. Ainda tentou a reeleição em 2018 mas, rejeitado, ficou apenas em terceiro lugar no 1º turno, sendo superado por Fátima Bezerra (PT) e Carlos Eduardo (PDT).

Ao deixar a governadoria, Robinson saiu da gestão desgastado e com alta rejeição, sendo marcado pelo atraso de folhas salariais. Em abril de 2016 ocorreu o primeiro atraso de pagamento dos salários. O prejuízo atingiu aposentados, pensionistas e parte de servidores da ativa. No ano seguinte, o Fórum dos Servidores Estaduais lançou uma carta em que denunciava os “sucessivos atrasos salariais e sucateamento da máquina pública”. Ao fim do mandato, a gestão deixou quatro folhas em atraso, relativas ao meses de novembro e dezembro de 2018 e aos décimos de 2017 e 2018.

Ainda que esteja fora da disputa majoritária este ano, segue sendo um personagem central ao longo da campanha. Seu ex-vice, Fábio Dantas, é hoje candidato a governador pelo Solidariedade e tenta concentrar os votos bolsonaristas para si. Candidato da oposição á governadora Fátima Bezerra (PT), Dantas rompeu politicamente com Robinson durante a gestão da dupla. Hoje, eles se reencontram na mesma chapa. Uma das suas dificuldades, que tem sido lembrada por adversários, é a participação no governo Robinson.

No debate dos governadoráveis realizado pela InterTV Cabugi na terça-feira (27), Fátima criticou Fábio lembrando sua passagem como vice-governador. “Deve ser muito difícil para você, porque você e Robinson fizeram a pior gestão da história administrativa desse Estado”, afirmou. “Por exemplo, quando chega aqui falando das estradas. Sabe por que a gente não ajeitou todas as estradas ainda? Por conta do buraco em que você e Robinson entregaram o Rio Grande do Norte”, disse.

Competição

Para voltar à vida pública, se lançou como candidato a deputado federal no lugar do filho, o ministro das Comunicações Fábio Faria, atualmente licenciado da Câmara. Mas Robinson pode enfrentar uma batalha dura pela frente, já que participa de uma nominata com nomes fortes.

Em 2018, o PL (antes chamado PR) elegeu João Maia com cerca de 93 mil votos. Dos atuais deputados do partido, também estava General Girão, que recebeu mais de 81 mil votos. Já para “capturar” os votos que antes eram de seu filho, Robinson vai precisar avançar, já que Fábio viveu uma queda vertiginosa de votos entre 2014 e 2018.

Fábio Faria e Robinson Faria na convenção estadual do PL. Atrás, telão exibe imagem de Bolsonaro | Reprodução

A primeira eleição do ministro como deputado federal foi em 2006, ficando em primeiro lugar entre os oito eleitos com mais de 195 mil votos. Em 2010, caiu para 156 mil, se recuperando em 2014, quando teve 166.427 apoios. Já na última eleição, Fábio caiu para 70.350 e ficou na última colocação entre os eleitos potiguares, uma perda de 57%. A eleição foi graças à média alcançada pela coligação.

Financiamento de empresário de São Paulo

Robinson Faria já recebeu até o momento R$1.634.893,45 para fazer a campanha, sendo R$ 1,5 milhão vindo apenas da direção nacional do partido. Outros 6% da sua receita, equivalente a R$ 100 mil, vem do empresário Burkhard Otto Cordes. Sócio da Gestora Rio das Pedras e conselheiro das empresas Cosan, Comgas, Rumo e da incorporadora Mitre, Cordes foi a pessoa física que deu a maior doação para o ex-governador. Das empresas em que atua, pelo menos duas delas, a Gestora Rio das Pedras e a Cosan, têm sedes na famosa Avenida Faria Lima, em São Paulo-SP.

Ainda no Grupo Cosan, ligado às áreas de energia e logística, Burkhard tem relações com o empresário Rubens Ometto, que atualmente ocupa o cargo de presidente da empresa. Ometto é o maior doador de campanhas eleitorais até o momento no Brasil, tendo já desembolsado R$ 8,8 milhões para 28 candidatos e direções partidárias diferentes. Recentemente, o empresário foi descrito pela Revista Forbes como o “bilionário do agro”.

Dentro da lista de doadores de Robinson, o próprio candidato já se autodoou R$ 25 mil. Consta ainda outras três doações que totalizam pouco mais de R$ 9,4 mil.

As mais quentes do dia

Apoiar Saiba Mais

Pra quem deseja ajudar a fortalecer o debate público

QR Code

Ajude-nos a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Este site utiliza cookies e solicita seus dados pessoais para melhorar sua experiência de navegação.