DEMOCRACIA

Após “baculejo” em eleitores anti-golpistas, PM diz que abrirá investigação contra policiais

A Polícia Militar do Rio Grande do Norte informou que abrirá um procedimento administrativo para apurar um “baculejo” de policiais contra ocupantes de um carro que disseram “o choro é livre” para golpistas instalados em frente ao Exército de Natal. 

Desde a última terça-feira (1), golpistas se concentram no 16° Batalhão de Infantaria Motorizada do Exército (16 RI) depois que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) desfez o bloqueio da pista que realizavam na BR-101, em Parnamirim. 

Em um vídeo divulgado nas redes sociais, um homem e uma mulher dentro de um carro passam pelo local e alfinetam os bolsonaristas, até serem abordados por um policial. As imagens mostram uma viatura do 9º Batalhão estacionada em frente ao Batalhão. Um casal de camisetas amarelas orienta o policial a abordá-los, apontando para o carro.

Depois, um homem diz: “Provoque agora, rapaz”. O motorista retruca: “Perguntei se ele queria um balde. Não pode perguntar?”.

O veículo é orientado a parar até que os ocupantes sejam revistados e o motorista diz que vai estacionar ao lado, mas o policial militar diz para ficar parado no meio da própria via. O motorista ainda reclama: “Tá batendo no meu carro”, diz, sobre os bolsonaristas. 

O PM emenda e ordena ao motorista: “Desça com a mão na cabeça”, exige. “Calma, meu senhor”, pede o condutor. A mulher que ocupa o banco do carona também recebe a ordem para sair do carro.

“A gente foi parado aqui porque ninguém pode falar nada contra o protesto de Bolsonaro. A gente foi parado, tem que botar a mão na cabeça aqui em via pública. O Uber aqui trabalhando”, reclama a mulher.

Em seguida, um dos policiais repete pelo menos seis vezes para colocar “a mão na cabeça” e ameaça prender o motorista por “desobediência”. “Respeita a autoridade, rapaz”, diz o PM.

Segundo a PM, a ocorrência foi no sábado (5). A corporação afirmou que mantém o monitoramento no local.

“A Polícia Militar reforça o compromisso com a  Democracia e que monitora as manifestações para garantir a ordem e segurança da população”, disse.

Assista ao vídeo:

O acampamento golpista

Manifestantes bolsonaristas fazem um acampamento na calçada do local desde a última terça (1) pedindo intervenção federal, uma bandeira inconstitucional. Recentemente, também invadiram o Aeroclube do RN e montaram tendas à revelia da administração do local. 

A organização se dá por meio de grupos de mensagens. Nas comunidades virtuais, eles fazem campanhas de arrecadação de alimentos e de dinheiro. Também programam os turnos em que cada bolsonarista fará no local, para que o ponto não seja esvaziado. 

Com o passar dos dias, o grupo passou também a montar acampamento dentro do Aeroclube, do outro lado da via e a poucos metros do batalhão. O imóvel é de propriedade do Governo do Rio Grande do Norte mas está cedido para o uso, sem gestão direta do Estado, de acordo com as informações do próprio Governo.

Direção do Aeroclube diz que não autorizou acampamento dentro do prédio | Foto: reprodução

Nesta segunda (7), a gestão do Aeroclube condenou a ocupação irregular do prédio pelos golpistas e disse que a instalação das pessoas no local não foi permitida. Os militantes “resolveram sem qualquer fundamento invadir parte das dependências do Clube, prejudicando as atividades da instituição e o livre acesso de seus sócios, colaboradores e prestadores de serviços”, diz a nota assinada pelo presidente do Aeroclube RN, Arnon de Queiroz Garcia.

Para o presidente, “não pode o Clube concordar e aceitar que a plena utilização de seu espaço seja prejudicada por uma ação de indivíduos que, a pretexto de defender a democracia, obstam o direito de ir e vir das pessoas e o pleno exercício das atividades da instituição.”

Garcia reafirmou ainda que o clube “não estimulou, autorizou ou concordou com os atos de ocupação atualmente verificados em sua sede, esperando que as pessoas que lá estão, desocupem a área de forma pacífica, promovendo a imediata retirada da estrutura indevidamente instalada no local.“

Família com bebê foi atacada por extremistas ao passar pelo loca

Uma família denunciou nas redes sociais a violência que sofreu na noite deste domingo (6), por parte de golpistas, no ato antidemocrático que acontece em frente ao 16 RI. De acordo com a publicação feita pela mulher, ela passava de carro com o esposo e as duas filhas do casal quando foram insultados por ter uma identificação de Lula (PT) no carro.

“Tava um trânsito infernal, no nosso carro tem adesivo do Lula, eles viram e começaram a xingar a gente, estirar o dedo, bater no carro, chutar a porta”, contou. Segundo o relato, o homem ainda avisou diversas vezes que estavam com crianças no carro, mas não foi suficiente para cessar as agressões.

Secretarias municipais não se pronunciam

A agência SAIBA MAIS procurou diferentes órgãos da Prefeitura de Natal e do Governo do Estado para saber se estão acompanhando a manifestação no Batalhão. À Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU), o questionamento foi para saber se há agentes de trânsito trabalhando no local, e se alguém já foi autuado. Com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), perguntamos se a pasta já recebeu queixas de barulhos e se está acompanhando a movimentação no local, já que ela é a responsável por atender as denúncias de poluição sonora. As duas secretarias municipais não responderam até a publicação desta matéria.

A Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed) disse que “a PM está no local para dar segurança às pessoas”. Já a Polícia Civil informou que, até esta terça (1), não recebeu nenhum boletim de ocorrência relativo à perturbação.

Saiba mais

Família com bebês relata violência de golpistas em frente ao 16 RI, em Natal

Clique para ajudar a Agência Saiba Mais Clique para ajudar a Agência Saiba Mais
Previous ArticleNext Article