O União Brasil, partido comandado no Rio Grande do Norte pelo ex-senador José Agripino, pode integrar a futura base de sustentação do governo Lula (PT). A indicação veio do presidente nacional da sigla, o deputado federal Luciano Bivar (UNIÃO-PE), e foi acompanhada também pelo deputado potiguar Benes Leocádio. Opositor do PT, Agripino declarou apoio a Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições.
O União foi formado a partir da fusão do DEM (de Agripino) e do PSL, que elegeu Bolsonaro em 2018. Mesmo sendo do campo da direita, Bivar afirmou em entrevista ao Painel, da Folha de S. Paulo, que a sigla não fará oposição “de jeito nenhum” ao futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Temos princípios econômicos diferentes, mas o que mais importa é o fortalecimento da democracia. Queremos dar governabilidade e sustentação ao presidente Lula e apoiaremos com o maior prazer seu governo. Não vamos ser oposição de jeito nenhum”, afirmou o pernambucano, segundo relatou a Folha.
Na mesma direção, o deputado federal reeleito Benes Leocádio, do União Brasil, também sinalizou interesse em compor a base do petista na Câmara. Benes foi outro que aderiu ao bolsonarismo anteriormente.
Em entrevista à rádio 98 FM, Leocádio respaldou o resultado das urnas, a despeito da contestação da vitória lulista por golpistas bolsonaristas.
“Ganhou Lula. Vamos respeitar o resultado. Vamos entender que foi a vontade do povo brasileiro. Quem vai querer ficar à mercê de dificultar a gestão de quem quer que seja? Na medida que torçamos ou formos atuar para dificultar a desenvoltura de quem quer que seja o governo, vai dificultar a vida do brasileiro. Se hoje a gente está como deputado, é para torcer, trabalhar e ajudar o povo do Rio Grande do Norte”, disse.
Agripino e Benes caminharam com Bolsonaro
No primeiro turno das eleições, o União lançou Soraya Thronicke para a presidência. Já no segundo, o diretório nacional liberou os estados para apoiarem Lula ou Bolsonaro na corrida eleitoral. O partido no Rio Grande do Norte aderiu ao atual presidente, inclusive com anúncio oficial para a imprensa na sede local em Natal. No anúncio, Agripino e Benes estavam lado a lado.
A decisão do União potiguar, que teve participação direta do ex-senador, confrontou uma posição anterior do próprio Agripino. Em março de 2021, ele havia se pronunciado sobre a condução da vacinação contra a covid-19 no país, sob responsabilidade do Governo Federal.
“O Brasil está se transformando num pária na América do Sul e no mundo. Brasileiro, depois que passar a pandemia, vai demorar um bocado de tempo até ser recebido na Argentina, no Chile, para entrar nos EUA… porque aqui [no Brasil], por conta da operação que o governo está levando a efeito no combate a pandemia, eu diria na convivência com a pandemia, está se possibilitando a multiplicação de cepas”, criticou. Para o dirigente partidário, à época, o Brasil era “visto como um país irresponsável”.