Quase todo o movimento indígena apoiou Lula, diz cacique potiguar que espera demarcação
Natal, RN 18 de abr 2024

Quase todo o movimento indígena apoiou Lula, diz cacique potiguar que espera demarcação

17 de novembro de 2022
4min
Quase todo o movimento indígena apoiou Lula, diz cacique potiguar que espera demarcação

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O novo governo Lula (PT) anima lideranças indígenas do Brasil, inclusive do Rio Grande do Norte. O cacique Luiz Katu, do território Potiguara Katu, é um deles. No único estado do país sem território demarcado em nome dos povos originários da região, o cacique diz que quase todos os indígenas votaram em Lula, contra Jair Bolsonaro (PL) que, segundo ele, representou um “retrocesso” para os povos originários. O indicativo de criação do Ministério dos Povos Originários é outro motivo de celebração.

“Nós acompanhamos de perto essa luta dos povos originários para combater e fazer frente aos desmandos do governo federal. Não foi fácil passar esses quatro anos de retrocessos, muitos decretos genocidas e nocivos demais como retiradas de direitos, impedindo demarcações”, lembra. Por isso, segundo ele, o “movimento indígena praticamente em sua totalidade apoiou Lula na sua investida para derrubar esse governo fascista.”

Uma das críticas ao governo Bolsonaro é a postergação da demarcação de três terras indígenas no RN. Um grupo de trabalho para acompanhar o processo do povo Sagi/Trabanda, no município de Baía Formosa, havia sido criado, mas não andou. “Esse grupo de trabalho ficou travado, não conseguiu avançar”, afirma.

Entre as adversidades enfrentadas, até riscos físicos, com “ameaças, tentativas de cooptação e investidas das usinas que cercam território Sagi/Trabanda e o território Katu”, aponta.

Agora, uma das propostas do petista durante a campanha, a criação do Ministério dos Povos Originários – para atender a população indígena – deve sair do papel. Os povos originários são os descendentes dos primeiros habitantes de um território que, no caso do Brasil, são os indígenas. Hoje, eles formam 0,4% da população do país, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São ainda 305 povos espalhados pelo território, segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Após a vitória na eleição, Lula voltou a reafirmar que iria criar a nova pasta ministerial, e já criou um grupo temático dos povos originários na equipe de transição. Nesta quinta-feira (17), durante o Fórum Internacional dos Povos Indígenas realizado na COP 27, reafirmou novamente a criação do ministério. Katu espera que, na transição, mais nomes do Nordeste também sejam inseridos. Uma das principais lideranças indígenas atuais é a deputada federal eleita e ex-candidata à vice-presidência, Sonia Guajajara, do Maranhão.

“Temos acompanhado e também tentado pressionar de alguma forma, sensibilizar para que o Nordeste não fique de fora, que tenha representação”, afirma Katu. Um dos nomes elogiados e que ele quer ver na equipe é o do cearense Weibe Tapeba, do Ceará.

“A gente tem questionado a presença dele na transição. Não está sendo fácil porque tem decisões políticas envolvidas em todo esse processo, mas os nomes que hoje estão propostos são nomes excelentes também, são pessoas muito representativas”, comenta.

Por isso, de acordo com o cacique, as sinalizações de Lula apontam um novo momento de reivindicações para os povos originários.

“Lula está andando na linha de garantir os direitos fundamentais dos povos originários, garantir a sustentabilidade, o respeito ao meio ambiente, zerar o desmatamento. Acreditamos que vai ser possível avançar, parar com esse retrocesso, garantir que tenhamos a primeira, a segunda e a terceira terra indígena demarcadas no Rio Grande do Norte”, fala.

Estes territórios são os de Sagi/Trabada, Katu e os “Mendonça”, da comunidade Amarelão. “Esses a gente acredita que devem avançar no processo de demarcação e apresentar-se como terras demarcadas num estado que foi negado isso por séculos”, espera.

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