O Partido Liberal (PL) anunciou, nesta quarta-feira (7), a candidatura do senador eleito Rogério Marinho (PL/RN) para concorrer à presidência do Senado. Ex-ministro do Governo Bolsonaro e ao lado do filho “01” do presidente – o senador Flávio Bolsonaro (PL/SP) -, Marinho, no entanto, não tocou no nome do atual presidente da República durante o seu pronunciamento. Ele irá concorrer contra Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que busca a reeleição para seguir comandando o Congresso Nacional.
Conhecido como o principal articulador da Reforma Trabalhista, que empurrou milhões de trabalhadores para a informalidade, cortou direitos e reduziu salários, Rogério Marinho assumiu o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Recentemente, uma auditoria nas contas da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), vinculada ao MDR, apontou indícios de fraude que somam mais de R$ 1 bilhão, segundo auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU).
Ignorando esses fatos e falando em “legado de transformações” e “restabelecer a normalidade democrática”, Rogério Marinho disse que a sua candidatura é uma resposta do PL à transição política vivida pelo Brasil neste momento, e que representa um consenso entre os 14 senadores do partido. A indicação foi confirmada pelo líder do PL no Senado, Carlos Portinho (PL/RJ).
“Estamos vivendo um momento extremamente tenso na vida nacional, de transição política. A importância de termos um parlamento independente. De termos um Senado que tenha as condições necessárias de restabelecer a normalidade democrática e a liberdade de opinião, sobretudo a inviolabilidade dos mandatos dos parlamentares”, disse o senador eleito durante o pronunciamento da sua candidatura.

Sem citar o nome do presidente Bolsonaro e sem falar da sua passagem pelo governo, Rogério Marinho se colocou como representante de um suposto “legado de transformações e de mudanças substanciais na economia brasileira” que, segundo ele, se deram nos últimos seis anos, desde o afastamento da presidenta Dilma (PT), em 2016.
“Essa modernização do estado brasileiro propiciou, ao longo dos últimos anos, um robusto crescimento econômico e uma mudança no cenário econômico que se refletiu em todos os aspectos da sociedade brasileira”, pontuou o senador sem apresentar dados que comprovem a sua tese e desconsiderando fatos como a crise vivida hoje pelas universidades e institutos federais após sucessivos cortes orçamentários impostos pelo governo Bolsonaro.
Além disso, o senador bolsonarista falou em “ameaças” e “cenário de retrocesso”.
“Há uma necessidade, em função das ameaças que estão postas no cenário de retrocesso, de danificar esse legado, que é um legado da sociedade brasileira. É importante que nós tenhamos um Senado independente, que tenha altivez e a capacidade de fazer as tratativas necessárias para, ao mesmo tempo, preservar esse legado em benefício da sociedade brasileira e avançarmos nas mudanças estruturantes que estavam acontecendo nos últimos seis anos”, comentou Marinho.
Para ser eleito, Rogério Marinho precisa de maioria absoluta, ou seja, 41 votos dos 81 parlamentares que compõem o Senado. A votação está marcada para o início dos trabalhos legislativos do próximo ano, em 1º fevereiro. Se eleito, o senador fica na presidência da Casa até 2024.
“Vamos conversar com os demais partidos através dos nossos líderes: aqui a está o líder do PL, o Flávio, o líder do governo, o Portinho, o senador Seif. […] Então, esse período que antecede o início do recesso parlamentar vai ser utilizado por todos nós para conversarmos com os demais senadores, com aqueles que estão na Casa e com aqueles que foram eleitos, com as demais forças políticas, porque entendemos que essa presidência necessariamente precisa representar o conjunto dos senadores e da população brasileira”, concluiu.