DEMOCRACIA

Hackers invadiram sites de estados nordestinos com mensagens de ódio; RN não foi atacado

As páginas dos Governos do Ceará e Alagoas foram invadidas nesta semana com mensagens xenofóbicas e golpistas, que pediam anulação dos votos do Nordeste. O restabelecimento das páginas veio nesta terça-feira (13). No Rio Grande do Norte não houve ataque nem tentativa de invasão, segundo a Secretaria Estadual de Administração (Sead), responsável pela área de Tecnologia da Informação (TI) do Governo local.

Na página principal do Governo do Ceará, os recados pediam “anulação de votos de todo o povo do Nordeste”, “intervenção militar no país” e “morte à Lula”. Já nos sites do governo alagoano, uma frase dizia: “Não se pede voto pedindo morte ao adversário, seja melhor”. A mensagem seria uma referência ao texto deixado por outro grupo hacker na página do Governo do Ceará. As duas invasões ocorreram no dia da diplomação do presidente eleito.

No RN, de acordo com a Sead, não foi detectada nenhuma tentativa de invasão. A pasta ainda informou que segue “atenta aos acontecimentos dos outros estados”. Ao Governo do Estado, a reportagem perguntou se medidas adicionais de segurança foram adotadas para reforçar a integridade dos dados. O Governo disse que “trata-se de informação de segurança institucional” e que não tem “como informar se houve, ou não, medidas adicionais ao que já existe”.

Inicialmente, as invasões apontavam para crimes em sites de quatro estados: além de Ceará e Alagoas, Pernambuco e Maranhão despontaram como vítimas do ataque cibernético, mas a informação depois foi corrigida.

Mensagem deixada na página do Governo de Alagoas | Foto: reprodução

No Ceará, o caso foi remetido à investigação pela Polícia Civil, que disse que investiga o ataque criminoso aos sites oficiais. Segundo o Governo cearense, equipes de TI trabalharam para que o acesso aos sistemas de serviço à população fosse preservado

Em Alagoas, a invasão atingiu páginas das Polícias Civil e Militar, além das Secretarias da Fazenda e da Saúde. De acordo com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), “dados, serviços e conectividade não foram alterados”.

“A falha de segurança ocorreu nas credenciais da conta que gerencia o domínio al.gov.br no sistema do registro brasileiro, o registro.br. Nenhum sistema local foi invadido, apenas os direcionamentos dos endereços dos sites foram mudados (DNS)”, informou.

“A Fapeal contactou o “registro.br”/NIC.br, em caráter de urgência, que resetou a conta, para que a função de administrador fosse retomada e para que os endereços fossem corrigidos. Dados, serviços e conectividade não foram alterados e, juntamente ao correto direcionamento das URLs, já se encontram restaurados na íntegra”, completou o órgão.

Lula venceu no Nordeste

As mensagens de ódio contra eleitores nordestinos aconteceram no estado que deu o maior percentual de votos ao petista nas eleições de 2022. No Nordeste, Lula venceu com 69,34% dos votos, ante 30,66% de Jair Bolsonaro (PL). Dos mais de 118,5 milhões de votos válidos registrados no segundo turno da eleição, 32,5 milhões foram da região Nordeste, desempenho essencial para o petista, já que nas outras quatro regiões a vitória foi do candidato do PL.

Golpistas contestam resultados das urnas

Mesmo após a diplomação do presidente eleito, último passo antes da posse oficial em 1º de janeiro, bolsonaristas radicais mantém a contestação dos resultados obtidos por meio de voto popular. Em Natal, os militantes de extrema-direita montam acampamento na frente do 16º Batalhão de Infantaria Motorizado (16 RI) desde 1º de novembro, após uma ação que bloqueou rodovias em todas as regiões do país logo após o segundo turno.

Também nesta segunda (12), golpistas partidários de Jair Bolsonaro atearam fogo em carros e tentaram invadir a sede da Polícia Federal em Brasília. Os ataques começaram após a diplomação de Lula como presidente eleito, no Tribunal Superior Eleitoral, e da prisão do cacique identificado como José Acácio Tserere Xavante, acusado de participar de atos antidemocráticos.

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