Agressoras de vizinha em Natal são indiciadas por lesão corporal, ameaça e injúria racial
Natal, RN 16 de abr 2024

Agressoras de vizinha em Natal são indiciadas por lesão corporal, ameaça e injúria racial

25 de janeiro de 2023
3min
Agressoras de vizinha em Natal são indiciadas por lesão corporal, ameaça e injúria racial

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A Polícia Civil encerrou a investigação do caso de agressão racista contra a gerente de vendas Flávia Carvalho, 36 anos, no condomínio Quatro Estações, localizado no bairro de Candelária, Zona Sul de Natal. Regina dos Santos Araújo e a médica Suedja Márcia dos Santos Araújo, mãe e filha, devem responder na Justiça por lesão corporal, ameaça e injúria racial.

Na esfera policial, foi constatada a materialidade dos delitos, com base em depoimentos da vítima e de testemunhas, de imagens produzidas por Flávia e de câmeras de segurança do condomínio e ainda laudo do Itep. A investigação se estendeu por 47 dias.

“As agentes mostram-se culpáveis e não há nenhuma circunstância apta a afastar a ilicitude dos seus comportamentos”, analisa documento emitido em 24 de janeiro pela delegada Karen Cristina Lopes.

Situação atual

Flávia foi agredida física e verbalmente pelas vizinhas no dia 7 de dezembro de 2022. As duas moram na mesma torre da vítima, uma delas no mesmo andar e outra alguns andares acima. Movimentos sociais chegaram a realizar um ato em solidariedade a Flávia e a governadora Fátima Bezerra comentou o caso, pedindo rigor nas investigações.

Em janeiro, o crime de injúria racial foi equiparado ao de racismo, tornando-se também imprescritível e inafiançável. Flávia lamenta que a mudança na legislação não se aplique a crime pretérito.
Desde que foi agredida, ela segue em casa de parentes; não voltou a morar no apartamento onde vivia há cinco anos, apesar de continuar pagando o aluguel:

“No final do ano foi tudo muito conturbado e difícil. Então eu estou pagando aluguel com o apartamento fechado. Preciso cumprir com minhas obrigações financeiras. O dono do imóvel não tem culpa do que aquelas mulheres fizeram comigo”.

Flávia diz que está difícil conciliar as viagens de trabalho e a rotina e que se dedicou inicialmente a trocar as filhas, de 9 e 14 anos de escola, porque estudavam no mesmo lugar que o filho/neto das agressoras. A mudança definitiva será o próximo passo.

Flávia conta que foi ao local duas vezes buscar pertences. Uma delas estava com o companheiro e o ronda do condomínio acompanhou o casal. De acordo com a vítima, ao perceber a movimentação, a agressora que mora no mesmo andar foi até lá saber porque o funcionário estava ali.

“Existia um clima muito tenso. Não tenho a menor condição psicológica de encontrar com essas mulheres. Não lido bem com isso. É muito difícil pra mim estar lá, é muito difícil, ir no hall do apartamento é muito difícil. Não tenho segurança nenhuma no que essa louca é capaz de fazer”.

Da segunda vez em que esteve no condomínio, há duas semanas, Flávia foi acompanhada de um policial militar: “Fui buscar mais algumas cosias porque precisei viajar. A portaria me avisou que ela estava em casa e, dessa vez, ela realmente não saiu. Imagino que tenha visto o PM pelo olho mágico do apartamento dela. Não saiu de casa pra abordar nem pra questionar nada”.

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