Bolsonaro gastou R$ 45 mil no cartão corporativo em padaria de Assú enquanto estava em outra cidade
Durante passagem pelo Rio Grande do Norte em fevereiro de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gastou R$ 45.721 na Panificadora Vale do Assú com o cartão corporativo, na cidade de Assú, enquanto cumpria agenda em outras cidades.
Os gastos foram publicados pela agência Fiquem Sabendo, agência de dados especializada no acesso a informações públicas, em resposta a um pedido feito por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação).
Bolsonaro chegou no dia anterior para os compromissos oficiais. Ele desembarcou por volta das 16h30 do dia 8 em Caicó e estava acompanhado de Rogério Marinho, então ministro do Desenvolvimento Regional. O ex-presidente dormiu no quartel do Exército e no dia seguinte ainda fez um passeio de comboio pelas ruas, sendo saudado por apoiadores.
Depois, foi até Jardim de Piranhas, distante cerca de 30 quilômetros, para ver a chegada das águas do Rio São Francisco. O evento estava marcado para às 11h. Ele também passou pela cidade de Jucurutu para visitar a Barragem de Oiticica.
Outro gasto alto foi em Mossoró, também no dia 9. O cartão corporativo registrou uma compra de R$ 24.573,5 na Panificadora 2001, no centro da cidade. Mossoró, no Oeste Potiguar, é ainda mais distante das cidades em que o antigo mandatário passou. De lá até a Barragem de Oiticica, são cerca de 150km. De Mossoró para Jardim de Piranhas, por volta de 170km.
Ainda assim, há outros gastos na capital do Oeste. No Hotel Sabino Palace, a hospedagem custou aos cofres públicos R$ 12.153 no dia 9. Em uma plataforma de reserva de hotéis, a diária em um quarto para um adulto sai a R$ 175.
Bolsonaro ainda esbanjou carne em Mossoró. Na Churrascaria Tradição Gaúcha, foram dois gastos que totalizaram R$ 6.984.
Ao todo, os dois dias custaram R$ 366.796,39 no cartão corporativo. Foram 26 compras no dia 8 e 18 gastos no dia 9.
Até o momento, segundo a Fiquem Sabendo, não foram disponibilizadas informações de nenhuma nota fiscal, que mostrariam o serviço específico adquirido ou o horário. Por isso, não é possível afirmar com exatidão em quais momentos do dia o ex-presidente realizou os gastos.
Da mesma forma, não é possível dizer se Bolsonaro estava em Jardim de Piranhas, Jucurutu ou Caicó durante os gastos em Assú e Mossoró. Certo é que o ex-chefe do Executivo não cumpriu agenda oficial nas duas cidades.
As viagens fizeram parte de uma agenda do ex-presidente a quatro estados do Nordeste, em que passou por Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. A passagem pela região foi uma estratégia para buscar maior apoio em ano de eleição, o que não adiantou. No segundo turno, Lula recebeu 69,34% dos votos, enquanto Bolsonaro ficou com 30,66%.