Reforma do Forte dos Reis Magos ganha filme-ensaio de Carito e Fernando Suassuna
Natal, RN 19 de abr 2024

Reforma do Forte dos Reis Magos ganha filme-ensaio de Carito e Fernando Suassuna

30 de janeiro de 2023
6min
Reforma do Forte dos Reis Magos ganha filme-ensaio de Carito e Fernando Suassuna

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Informativo e poético, o documentário “A DANÇA DA HISTÓRIA - Vida e Obra de uma Fortaleza", de Carito Cavalcanti e Fernando Suassuna, registra a obra realizada no Forte dos Reis Magos em 2021, maior intervenção feita no prédio histórico desde a sua fundação, em 1628.

O curta-metragem (24’37”) terá lançado virtual na terça-feira (31), às 20h, pelo YouTube da Praieira Filmes, realizadora do trabalho com a Produtora Sucesso e a PS Engenharia.

Carito explica que as filmagens foram realizadas principalmente durante o ano de 2021, mas não de uma forma contínua, ainda na pandemia e sob a dinâmica das agendas dos entrevistados.

“Foi preciso um tempo mais "homeopático", já que realizamos as filmagens durante o período da reforma do Forte, e a própria obra também fez parte da narrativa do filme”, completa o cineasta, ao afirmar que a assinatura dele e do parceiro em várias linguagens, amigos desde os anos 1980, são visíveis.

O músico Fernando Suassuna montou o filme ao mesmo tempo em que criava a trilha sonora.

“Às vezes começo a edição a partir da trilha. E é o próprio ritmo que vai sugerindo as ideias. Nesse caso, o título já trazia um conceito mais lúdico. Então usei a música na abertura para fazer, literalmente, as imagens dançarem. E como é um assunto que une o passado ao presente, misturei timbres tradicionais com levadas mais modernas”, detalha o artista.

Suassuna não define o estilo das canções originais do filme, mas explica tratar-se de uma fusão de ritmos que “misturam tambores orquestrais, timbres que lembram sons de obras e uma voz de soprano que traz uma leveza como contraponto”.

Foto: Brunno Martins

Carito e Suassuna tocaram juntos nas bandas de rock Fluídos e Modus Vivendi e o reencontro no audiovisual manteve a poesia enquanto texto e metáfora de vida, resume Carito.

“É um documentário poético, porque tem uma liberdade construtiva. A poesia está ali independente da gente, com aquele mar em frente quebrando nas rochas e inundando o Forte, tendo essa característica de estar sempre alagando o entorno de mar, de poesia, seja metáfora ou não.”

Convidados e construção do filme

Guiados pelo conceito do filme-ensaio, os criadores deixam o acaso participar do trabalho. E, assim, surgiu “A DANÇA DA HISTÓRIA”, a partir da fala inspirada de um dos entrevistados, o escritor, professor e filósofo Pablo Capistrano.

“A História, ela não anda em linha reta, a gente sabe disso. Às vezes a gente pensa que as coisas caminham muito linearmente, mas ela faz curvas, ela muda o percurso. Então a gente pode imaginar que, de certa forma, há uma dança da História, há um bailado da História que muitas vezes funciona como um espaço de transformação”, registrou Pablo à câmera.

Carito explica que existe o roteiro para nortear a produção, mas a dupla estava aberta e atenta aos sinais. “A gente percebeu que o título do filme, uma espécie de essência metafórica também estava ali. Faz parte do nosso processo de concepção cinematográfica. Muitos dos nossos filmes, a gente deixa que o título apareça no meio do processo”.

O documentário alterna fatos históricos, processo de restauração e reflexões filosóficas e poéticas. Para isso inclui o canto de Mirabô Dantas e performance da bailarina Thaíse Galvão, que no vídeo dança nas páginas do livro “História da Fortaleza da Barra do Rio Grande” ,de Hélio Galvão, contribuindo para o exercício de linguagem do filme ensaio.

“Não é um artigo, não é um livro, é um filme. Então a gente faz questão, enquanto cineastas, de fazer o exercício de linguagem e colocar a nossa assinatura poética. Por isso que no documentário tem também um músico, uma bailarina e um filósofo colaborando com a construção da narrativa junto com arqueólogo, arquitetos, historiadora, as pessoas que participaram da obra de restauração”.

Participam a professora e historiadora Carmen Alveal; os arquitetos Haroldo Maranhão e Nilberto Gomes; o engenheiro civil e diretor da empresa de restauração arquitetônica, Álcio da Costa Pereira; o arqueólogo Onésimo Santos, o deputado federal Fernando Mineiro, que era secretário extraordinário para gestão de projetos e metas e coordenador do Projeto Governo Cidadão; a engenheira Rayxa Santos da Silva; e o mestre de obras Neto Leocádio.

Alguns deles, Mineiro, Álcio, Haroldo, Mirabô, Carito e Suassuna, participaram do Festival de Artes do Forte, nos anos 70 e 80. Essas memórias também são resgatadas nos depoimentos. “Nós super jovens tivemos esse privilégio, essa emoção, de termos esse momento marcante nos associando a pessoas protagonistas em um evento emblemático, em processo de formação tanto cidadã como artística”, lembra Carito, acreditando que estar à frente desse documentário, que vai além do registro da obra, embora tenha sido encomendado pela empresa, parece “conspiração da vida” e da arte.

Veja trailer:

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