Transparência Internacional considera “orçamento secreto” o maior caso de corrupção institucionalizada do Brasil
Natal, RN 25 de abr 2024

Transparência Internacional considera “orçamento secreto” o maior caso de corrupção institucionalizada do Brasil

31 de janeiro de 2023
4min
Transparência Internacional considera “orçamento secreto” o maior caso de corrupção institucionalizada do Brasil

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O esquema que ficou conhecido como “orçamento secreto”, criado pelo ministério do Desenvolvimento Regional durante a gestão do potiguar Rogério Marinho (PL), senador e candidato à presidência do Senado para o próximo biênio (2023-2024), foi apontado como o "maior esquema de corrupção institucionalizada conhecido no Brasil”, segundo avaliação da Ong Transparência Internacional, em seu Índice de Percepção de Corrupção.

Apesar do ex-presidente Jair Bolsonaro repetir durante toda sua gestão o discurso de que tinha um governo "livre da corrupção", a Transparência Internacional aponta, na verdade, que o esquema do "orçamento secreto" permitiu o favorecimento de aliados políticos com milhões de reais e sérios impactos nas políticas de saúde, educação e infraestrutura.

O orçamento secreto foi criado em 2019, mas tornou-se de conhecimento público apenas em maio de 2021, revelado em reportagem pelo jornal Estadão. A estratégia era de ampliar a quantidade de recursos públicos usados sem transparência pelo governo federal para beneficiar redutos eleitorais de alguns parlamentares.

Os dados sobre o Brasil, divulgados nesta terça (31) pela Transparência Internacional, se referem ao ano de 2022. Numa escala que vai de 0 (muito corrupto) a 100 (sem corrupção), o Brasil aparece na 38a posição, abaixo da média global e da América Latina, que é de 43 pontos. A média brasileira se manteve a mesma em 2020 e 2021, período posterior ao golpe parlamentar contra a ex-presidente Dilma Rousseff.

O Brasil ocupa a 38a posição junto com a Argentina, Etiópia, Marrocos e Tanzânia. Entre os países com menor Índice de Percepção de Corrupção estão Dinamarca, Finlândia e Nova Zelândia. Já entre aqueles com maior índice estão o Sudão do Sul, a Síria e a Somália.

Imagem: reprodução Transparência Internacional
Imagem: reprodução Transparência Internacional

Década perdida

A Transparência ainda aponta em seu relatório que entre os anos de 2012 e 2022 o Brasil perdeu 5 pontos no Índice de Percepção da Corrupção, o que resultou na queda de 25 posições do país, passando da 69ª para a 94ª colocação.

A Ong detalha, ainda, que o mau desempenho do Brasil é resultado, principalmente, do desmonte dos mecanismos de controle promovido por Bolsonaro no período em que ficou à frente da presidência.

Pelo relatório, o Brasil teve uma queda no Índice ainda em 2015, durante o governo Dilma, voltou a subir em 2016 e a cair, novamente, em 2017 e 2018, já sob a presidência de Michel Temer (MDB). Em 2019, sob Bolsonaro, o Índice de 35ª posição foi o mesmo do ano anterior, caindo depois para a 38ª entre 2020 e 2022.

Codevasf

Uma auditoria nas contas da estatal federal Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), apontou a ação de empresas para fraudar licitações de obras de pavimentação. Ao todo, os contratos somavam mais de R$ 1 bilhão, segundo o levantamento realizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), durante a gestão do presidente Bolsonaro (PL).

A Codevasf é uma empresa estatal vinculada ao Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR), que durante a maior parte do tempo investigado pelo TCU, foi comandado por Rogério Marinho, que se elegeu senador nas eleições do ano passado e agora concorre à presidência do Senado. Marinho esteve à frente do MDR de fevereiro de 2020 à março de 2022, quando se afastou para concorrer ao pleito.

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