CIDADANIA

“Ficha não caiu”: potiguares oriundos da escola pública relatam alegria após aprovação no Sisu

Nesta terça-feira (28), foi divulgado o resultado do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2023. No Rio Grande do Norte, as universidades públicas e o Instituto Federal oferecem 13.713 vagas em cursos de graduação. Entre os aprovados, estudantes oriundos da escola pública que conseguiram driblar o filtro social do vestibular. Confira algumas dessas histórias.

Eyshila fez cursinho popular e diz que ficha ainda não caiu 

Eyshila Ericka, de 22 anos, conseguiu a vaga em Ciências e Tecnologia na UFRN após estudar por meio de um cursinho popular, a Rede Emancipa. Antes, fez o ensino médio na Escola Estadual União do Povo, em Cidade Nova, zona oeste de Natal. Para chegar até a aprovação precisou de disciplina.

“Estudava em casa à noite quando chegava do trabalho e aos sábados ia para a Escola Estadual Maria Queiroz, onde está localizado um polo do Emancipa”, conta.

Esta foi a quarta tentativa da jovem de entrar na faculdade, um esforço agora recompensado.

“Pesquisei bastante sobre os cursos ofertados e as áreas de atuação e acabei me interessando por Ciências e Tecnologias. Não caiu a ficha ainda da aprovação, mas estou feliz e muito ansiosa para o início das aulas”, confessa.

No Emancipa, os professores são voluntários e Eyshila diz que os docentes buscam ver os resultados nos alunos. 

“Eles realmente se dedicam e querem ver o resultado do que estão ensinando. Não apenas isso: eles buscam ajudar caso algum aluno não possa frequentar as aulas devido a falta de passagem. Se alguém não está conseguindo absorver bem o conteúdo, disponibilizam o WhatsApp. Tentam ajudar de toda forma e isso faz muita diferença para quem vem de escola pública e bairros periféricos”, defende.

Aprovado em Design na UFRN, Guto vem do IFRN para Natal

Gabriel Augusto do Nascimento Melo, o “Guto”, sempre soube o que queria ser: designer. Recém-formado no curso técnico de informática pelo IFRN Mossoró, o jovem vê um “fascínio pelas tecnologias”.

“Desde muito novo sempre tive muito fascínio pelas tecnologias, pela arte, a expressão visual. Durante toda minha juventude expus isso como podia nas oportunidades que foram aparecendo. Acredito que a aprovação na UFRN será de grande contribuição para o meu aperfeiçoamento como um profissional”, afirma.

Cria da escola pública, afirma que viu as dificuldades de perto. 

“Da creche ao ensino médio sempre fui da escola pública. Estudei em escolas na periferia e sei o que é passar pelas dificuldades que há por lá. Mas graças ao apoio dos professores e outros excelentes profissionais que percorreram essa jornada comigo posso dizer que tive uma educação excelente, que me ajudou a ter autonomia nos estudos em todas as fases do ensino”, diz.

Em sua preparação para o Sisu, fez o Enem como treineiro por dois anos e também um cursinho isolado de redação. A nota na prova escrita evoluiu de 640 para 940.

“Não montei exatamente um cronograma de estudos específicos para o Enem, mas toda a base de exercícios e práticas das disciplinas que tive na escola contribuíram para o meu aprendizado, já que os professores trabalhavam também no eixo para o Enem”, explica.

Diretor da Ubes, Arthur será professor

Arthur Santos mora em Extremoz, região metropolitana de Natal, e ocupa o cargo de diretor de políticas educacionais da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes). 

Aos 18 anos, ele diz que não fez cursinho. No ensino fundamental, chegou a estudar em uma instituição particular da zona norte da capital. No ensino médio, porém, foi para o CEEP – Hélio Xavier de Vasconcelos, em Extremoz, onde se formou no curso técnico de administração. Agora, irá para a docência.

“Sou de uma família de professores e sempre fui apaixonado e defensor da educação. Ser aprovado e cursar pedagogia condiz com toda uma jornada de luta e defesa por uma educação de qualidade e emancipadora”, defende.

Ativista, diz que sua militância no movimento estudantil foi um dos pilares para confirmar o desejo de ser pedagogo.

“A escola pública, junto ao movimento estudantil, foram os principais responsáveis por confirmar em mim o chamado para a educação. Na escola pública pude conhecer a realidade brasileira e a desigualdade social”, destaca.

“Quero ajudar na construção e transformação dos meus futuros alunos, assim como meus professores ajudaram a me construir”, continua.

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