Autoridades sanitárias e ambientais do Rio Grande do Norte já se posicionaram contra o uso turístico do “buraco azul” que aflorou durante as obras de Estação Elevatória de Esgotos (EEE), no bairro Nova Esperança, de Parnamirim. A água vista na cor turquesa atraiu curiosos e o prefeito Rosano Taveira (Republicamos) anunciou nesta quinta-feira (2) que pretende explorar o local, sem considerar prejuízos financeiros, ambientais e sociais.
“Recebemos ontem com maior alegria o laudo da Caern dizendo que a água é potável, a água é boa. Já determinei para o meu secretário de obras se junte com a equipe do planejamento para se planejar alguma coisa para ali. A ideia é que seja um ponto turístico de Parnamirim. Com certeza, a população merece”, declarou.
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Como assistente técnico do município de Parnamirim, a Caern esclarece as consequências: o prejuízo será milionário, além da possibilidade de atrasar em anos a chegada de saneamento básico para muitas famílias, e consequentemente melhores condições de moradia e saúde.
O Idema (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiental) também se posiciona pela continuidade da obra. A mudança da obra também implicaria em novos estudos para eventual concessão de licença.

Finanças
De acordo com o diretor presidente da Companhia, Roberto Linhares, a obra da estação foi avaliada em R$ 196 milhões, sendo R$ 120 milhões do Orçamento Geral da União, R$ 55 milhões do Fundo de Garantia, que é empréstimo do Município, e R$ 21 milhões da Caern. A cada mês de atraso, acrescenta-se R$ 2 milhões de reajuste, que não são garantidos por nenhuma das fontes.
Segundo Linhares, quilômetros de rede já foram concluídos e teriam que ser reinstalados em nova posição, aumentando ainda mais o prejuízo.
Ambiental e social
O adensamento desordenado em Parnamirim ocasionou o surgimento de esgotos a céu aberto e fossas inadequadas, que podem contaminar o lençol freático e por consequência as águas. Para Roberto Linhares, com o atraso da obra os maiores prejudicados são os cidadãos sem esgotamento.
“Até a pele das crianças que moram em locais que tem esgotamento sanitário tem a cor diferente daquela que não tem. Há muitas doenças hidrotransmissíveis onde não tem”, alerta o diretor.
Segundo conta, Parnamirim tem apenas 5% da cobertura de esgoto e vai a 70% com a conclusão da obra, em seis meses.
Também alerta que aquela água não é azul, é cristalina. E como está confinada, sem correnteza, deve ficar bastante suja se começar a ser usada pela população. “Vai ficando mais escura e possivelmente fique próxima à cor preta”.
Confira explicação de Roberto Linhares: