CULTURA

Retorno do carnaval é motivo de esperança entre artistas e comerciantes do RN

Por Luan Conceição 

O carnaval é a maior festa do Brasil. Mas a importância da data vai muito além da folia e da representação cultural: é a época que movimenta toda uma cadeia produtiva que é base de renda para milhares de trabalhadores (formais e informais).  E o carnaval de 2023 marca um fim de um período de dois anos sem festa, por causa do isolamento social necessário para controlar os casos da Covid-19.

O primeiro caso registrado no Brasil foi confirmado no dia 27 de Fevereiro de 2020, pouco depois do carnaval daquele ano. Durante os meses seguintes, o mundo testemunhou a maior pandemia da história, onde eram necessários diversos esforços para desacelerar a proliferação do vírus. Por isso, a ideia de realizar um evento do tamanho do carnaval foi completamente descartada pela gestão dos pólos carnavalescos, incluindo os do Rio Grande do Norte. Apesar de a vacinação ter sido iniciada em janeiro de 2021, o número de casos da doença ainda eram altos, impossibilitando aglomerações. Já em 2022, as festas da virada do ano acabaram facilitando a proliferação da variante Ômicron, levando prefeituras do país inteiro a cancelarem seus planos para o carnaval. 

Agora, em 2023, a COVID-19 está longe de atrapalhar os planos do carnaval para a grande maioria dos brasileiros. Neste ano, a festa oficial acontecerá normalmente e promete ser uma das maiores da história, já que muitos dos foliões estão animados para matar a saudade dos eventos. É o caso da estudante potiguar Selena Dantas, de 21 anos:

“Devido o estado da pandemia e preferi não me arriscar”

“Ano passado, eu não saí pra curtir o carnaval em nenhum dia, não tiveram muitas festas de rua devido o estado da pandemia e preferi não me arriscar nas poucas festas que tiveram. Curti mais em casa com a família e alguns amigos próximos. Esse ano, estou na expectativa de conferir alguns bloquinhos em Ponta Negra e a programação de shows pela cidade.”.

Graças a esse retorno dos eventos e dos foliões, uma estimativa da Confederação Nacional do Turismo, aponta que o carnaval movimentará cerca de 8,2 bilhões de reais na economia brasileira. O próprio Ministério do Turismo fez uma previsão, afirmando que neste ano, o carnaval movimentará 46 milhões de turistas no Brasil. A movimentação comercial positiva é motivo de comemoração entre todos os que trabalham com serviços e produtos que envolvem o carnaval. Sejam os ambulantes que vendem bebidas durante as folias, os vendedores de glitter, adereços e fantasias, os serviços de turismo e hotelaria… a  lista de categorias que conquista uma alta de faturamento durante essa época é extensa.

“Esse ano tá bem diferenciado. A gente já começou a vender há muitos dias e tá bem movimentado”

Jailza Queiroz é comerciante e gerencia uma loja de variedades no bairro de Cidade Alta, em Natal. O local vende maquiagens, fantasias, adereços, instrumentos e outros produtos populares nas folias carnavalescas. Ela conta que, no carnaval de 2022, o estabelecimento não estava esperançoso quanto às vendas, mas ainda fez preparativos:

“A gente se preparou todo pro carnaval, mas sabendo que não ia ocorrer, por conta da pandemia. Mas a gente sempre vendeu. É tradição da nossa loja ter produtos de carnaval”. Porém, as vendas de 2022 nada se comparam com o momento atual, sem alta no número de casos de COVID: “Esse ano tá bem diferenciado. A gente já começou a vender há muitos dias e tá bem movimentado. Por isso o carnaval significa alegria, festa e muito mais.” 

Outro grupo de profissionais que foi bastante prejudicado pela falta do carnaval e agora respira mais tranquilo com a sua volta, é o dos artistas e produtores culturais. Com os shows proibidos durante os picos da pandemia, esses trabalhadores tiveram quedas bruscas de rendimento, a indústria cultural brasileira passou por muitos momentos de desamparo e dificuldade. 

“Foram anos difíceis, porque nem todos os profissionais foram contemplados com alguma política pública de auxílio emergencial, financeiro e cultural”

Agora, a categoria finalmente respira e tem esperança de melhora. João Felipe Santiago é músico e produtor musical, ele explica um pouco a falta que os eventos culturais fizeram na profissão: “Por causa da pandemia, os trabalhadores na área de cultura ficaram mais de dois anos com suas atividades paradas. Foram anos difíceis, porque nem todos os profissionais foram contemplados com alguma política pública de auxílio emergencial, financeiro e cultural. Muitos colegas optaram por buscar outros meios de sobrevivência.”

Ele ainda explica como o carnaval é uma época que faz falta e porquê a sua volta é tão importante: “Para quem trabalha com eventos, existem três datas comemorativas que ajudam bastante no rendimento: Réveillon, Carnaval e São João. Sendo o carnaval quatro dias e com diversos pólos culturais e festas privadas, o que dá uma possibilidade maior de rendimento. A volta do carnaval traz uma perspectiva de melhora para a nossa área em 2023.”

As falas desses profissionais revelam a importância gigante do carnaval para o país. Além de apresentar uma gama de manifestações culturais e de ser um período de descanso e lazer para muitos brasileiros, é parte da vida e do trabalho de milhares de trabalhadores. A pandemia pode ter impedido os foliões, trabalhadores e carnavalescos de aproveitarem o período no passado, mas o retorno do carnaval é um sinal esperança de tempos melhores na economia e na arte. 

 

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