Comandos do Governo do RN, Assembleia e Câmara de Natal só tiveram cinco mulheres à frente na história
Natal, RN 25 de abr 2024

Comandos do Governo do RN, Assembleia e Câmara de Natal só tiveram cinco mulheres à frente na história

8 de março de 2023
5min
Comandos do Governo do RN, Assembleia e Câmara de Natal só tiveram cinco mulheres à frente na história

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A história política do Rio Grande do Norte teve, até hoje, cinco mulheres nos comandos do Governo do Estado, Assembleia Legislativa e Câmara de Natal. Destas, apenas três foram eleitas diretamente, enquanto duas alçaram os comandos das suas Casas por um breve período. 

As três mulheres eleitas por voto direto foram justamente as três governadoras. Wilma de Faria ficou no posto entre 2003 e 2010. Entre 2011 a 2015, a chefe do Governo foi Rosalba Ciarlini e, desde 2019, a petista Fátima Bezerra é o principal nome da política estadual.

Wilma ascendeu ao comando após ter sido eleita governadora em 2002 numa chapa que contou com o ex-deputado Antônio Jácome como vice. Quatro anos mais tarde, ela buscou a reeleição contando com Iberê Ferreira de Souza como parceiro, e novamente saiu vitoriosa. Renunciou ao cargo em março de 2010 para ser candidata a senadora, mas perdeu. 

Iberê, então, foi o governador até 1º de janeiro de 2011, quando deu lugar a segunda mulher governadora: a ex-prefeita de Mossoró, Rosalba Ciarlini. Concorrendo contra, justamente, Iberê, Ciarlini teve uma vitória com folga ainda no primeiro turno e liquidou a disputa, ainda colhendo os frutos da boa avaliação que teve nos mandatos como prefeita mossoroense.

Da lista, foi a que enfrentou o maior “inferno astral”. Com alta rejeição acumulada nos quatro anos e envolvida em escândalos, como o que deu origem à CPI da Arena das Dunas, a mossoroense perdeu fôlego no próprio partido e sequer recebeu o direito da sua legenda à época, Democratas, de concorrer à reeleição. 

Rosalba se reabilitou politicamente ao voltar para seu reduto eleitoral, Mossoró, quando conquistou o terceiro mandato de prefeita em 2016. Em 2020, entretanto, perdeu a reeleição e não voltou a disputar nenhum cargo em 2022. Hoje, vive sem o mesmo estrelato de outrora.

Já Fátima Bezerra foi a primeira governadora de origem popular. Professora, sindicalista, ex-deputada e ex-senadora, a paraibense de Picuí, mas com vínculos com Natal desde cedo, concorreu em 2018 tendo Antenor Roberto (PCdoB) como vice, em chapa que derrotou Carlos Eduardo (PDT) no segundo turno.

Entre seus desafios, esteve o controle da máquina financeira do Estado, com salários atrasados, greves e equipamentos públicos fechados ou em mal estado herdados da antiga administração, de Robinson Faria. Com o discurso de “pôr a casa em dia”, teve uma primeira gestão bem avaliada e faturou a reeleição de 2018 ainda no primeiro turno reunindo em torno de si o projeto de frente ampla propagado por ela própria e pelo presidente Lula, com Walter Alves (MDB) de vice. 

Para a cientista social e professora aposentada do Departamento de História da UFRN, Conceição Fraga, os partidos e instituições estão sendo cada vez mais cobrados a incentivar e colocar mulheres em altos postos. 

“Mesmo os governos de esquerda tiveram dificuldade de implementar essas medidas. Você vê que já está no quarto mandato do PT no governo federal e é pela primeira vez que esse tema está tendo realmente uma relevância maior”, afirma Fraga.

A professora, entretanto, faz um contraponto ao governo Bolsonaro e diz que uma própria ministra agia contra os direitos femininos. Fraga vê a sociedade em um “processo gradativo de implementação de conquistas”. 

“A gente não pode acreditar que pronto, conquistou, agora vamos dormir. Não é assim. Você vê o retrocesso na democracia brasileira por um governo de ultra direita que passou quatro anos e retrocedeu 30 de democratização. Então os direitos das mulheres do mesmo jeito. Você tinha uma ministra que se dizia representante das mulheres e saía para fora do país articular para retirar os direitos constitucionais”, critica. 

Assembleia

Na Assembleia Legislativa do Estado (ALRN), a única mulher presidenta da Casa ocupou o cargo por um breve período. A ex-deputada Márcia Maia (filha de Wilma) era vice-presidente do Legislativo e passou a liderar a Casa por cerca de um mês com a renúncia do então presidente Robinson Faria para assumir, em 1º de janeiro de 2011, o cargo de vice-governador. Maia ficou no cargo de 30 de dezembro de 2010 a 1º de fevereiro de 2011.

Câmara

Na Casa natalense, a situação foi parecida. Atual vereadora pelo PCdoB, Arruda assumiu a presidência da CMN em dezembro de 2012 em meio ao imbróglio gerado com o afastamento da então prefeita Micarla de Sousa e as trocas no comando da Prefeitura. Foi sucedida por Albert Dickson. Desde então, o Legislativo da capital não recebeu mais mulheres no comando. 

Saída do papel

Segundo a professora aposentada, é preciso que a Constituição de 1988 saia do papel.

“A população é muito parecida, é quase equitativa, mas na prática isso não se reflete no mundo do trabalho e nas estruturas de poder. É fundamental que a gente saia da Constituição do papel e dê eficácia a Constituição. ‘Todos são iguais perante a lei’ significa também que todos que trabalham e exercem a mesma função devem ganhar igual. Isso não existe. ‘Todos são iguais perante a lei’ significa que todos podemos assumir funções de chefia, e isso você não encontra. Inclusive, muitas vezes em profissões que a maioria é mulher e as direções são homens. É impressionante”, ressalta Conceição Fraga.

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