​​Débi e Lóide​ em versão brasileira​​​
Natal, RN 16 de abr 2024

​​Débi e Lóide​ em versão brasileira​​​

28 de março de 2023
5min
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​​Cefas Carvalho​​

​Uma bomba político-jurídica foi solta ​nesta segunda-feira, 27. ​O advogado ​​Rodrigo ​Tacla Duran entregou em depoimento à Justiça do Paraná ​​fotos e gravações que comprometem Sergio Moro, senador e ex-juiz​,​ afirm​ando​ que solicitaram o depósito de U$ 5 milhões na conta de um advogado ligado a Moro e Deltan Dallagnol​, ex-procurador e hoje deputado federal e ainda provas de que pagou US$ 613 mil a advogados ligados a Rosângela Moro, ​´conje` do senador e ​atualmente deputada federal. que comprova​ria​m tentativa de suborno da Lava-Jato para a garantia de sua liberdade.

​​Procuradores pediram que os documentos entregues fossem preservados no nível quatro de sigilo, um dos mais restritivos, mas Eduardo Appio, juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, não aceitou sigilo sobre o material entregue e afirmou que o caso “foge de sua alçada” por envolver um deputado federal e um senador, que em foro privilegiado, e encaminhou o caso ao SF.

Pela força da denúncia (esta com provas e não só convicções...) mais uma vez Moro e Dallagnol são pegos em flagrante delito (como aconteceu quando eram juiz e promotor e armaram contra Lula, como mostrou o The Intercept com as reportagens da Vaza Jato, que foi o vazamento de conversas realizadas através do Telegram entre o então juiz Moro, o então promotor Dallagnol e outros integrantes da Operação Lava Jato. A divulgação das conversas foi feita pelo The Intercept Brasil, a partir de 9 de junho de 2019 e causaram um turbilhão na política e na justiça do país que evidenciaram que o juiz (que deveria ser imparcial) "trocava figurinhas" com a acusação e tinha motivações políticas no caso, mostrando que Lula tinha razão em se dizer inocente e perseguido. Como resultado, Lula foi solo em 2021 e se candidatou a presidente, tendo vencido o pleito, contra Jair Bolsonaro, que quando assumiu escolheu para ministro da Justiça justamente... Sérgio Moro.

À época (janeiro de 2019) Moro era um dos homens mais celebrados do país, tratado pela mídia como "herói anticorrupção". Porém, como vaticinou Guimarães Rosa, "quando a esperteza é muita engole o esperto", de maneira que ao ter aceitado o cargo (sonhando com prometida vaga no SF) não apenas corroborou as acusações de parcialidade que lhe faziam como teve de se submeter ao autoritarismo e manipulações de Bolsonaro, de maneira que romperam e viraram inimigos. A parir daí a vida de Moro virou um "pupurri de emoções". Filiou-se ao Podemos, de Álvaro Dias, para ser candidato a presidente, traiu o amigo e saiu para o União Brasil, desistiu de ser presidenciável, tentou candidatura a senador por São Paulo mas não conseguiu, até que disputou vaga ao Senado pelo Paraná contra o próprio Dias, tendo vencido.

Há poucos dias Moro voltou aos holofotes ao comparar o Pt ao PCC e ao se vitimizar ao ser acusado por Lula de colaborar com a armação de um suposto plano do PCC para assassina-lo. Com as denuncias graves de Duran e a fragilidade das evidências de que haveria mesmo um plano para mata-lo, ganhou corpo a suspeita de que tratou-se de mera "cortina de fumaça" para abafar o caso Duran.

Paralelamente a isso tudo, Dallagnol, eterno Sancho Pança e escudeiro fiel de Moro, vem defendendo nas redes sociais o amigo, por cero consciente que a sujeira disso tudo vai respingar nele, claro.

São duas criaturas que se acham espertas mas na verdade são burras. Em menos de meia década de atuação deixaram rastros e provas contra si por onde passaram, na magistratura, no Ministério Público e agora na política, tendo ambos disputado suas primeiras eleições. Em cinco anos já tem contra eles material suficiente para que mofem na cadeia, fosse o Brasil um país sério (o que vamos ver nos próximos tempos). Comparemos com Lula, que está na política ininterruptamente desde 1982 (ou seja a quaro décadas) e o máximo que conseguiram de acusações contra ele foi o tríplex do Guarujá e o sítio de Atibaia que jamais estiveram em seu nome e que jamais pertenceram a ele.

Moro e Dallagnol se assemelham aos protagonistas do filme "Débi e Lóide", ​1994, dirigido por Peter Farrelly e Bobby Farrelly, na qual Lloyd Christmas (Jim Carrey) e Harry Dunne (Jeff Daniels) são dois homens extremamente estúpidos que se metem em uma série de problemas envolvendo dinheiro e mal entendidos, todos amplificados pela incapacidade de dupla de lidar com situações e de agir de maneira correta. Não a toa o filme no Brasil ganhou o subtítulo de "Dois idiotas em apuros". Frase que pode bem definir Moro e Dallagnol nesta terça-feira 28 de março de 2023.

Mas, espere aí, refletindo com a devida calma, a comparação que fiz é estapafúrdia. Débi e Lóide eram burros e atrapalhados, mas não mau caracteres, nem extorquiam os outros, nem afinavam com a extrema-direita nem atentavam contra a Democracia. Enfim, Moro e Dallagnol não merecem a comparação embora sejam definitivamente dois idiotas. E cada vez mais em apuros. Esperemos o fim desse filme.

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