CULTURA

Pedro Pereira, 60 anos: o artista potiguar que pinta o amor para vencer limites

Por Karen Sousa

Entre cores e telas está Pedro Pereira: é onde ele mora hoje. Nas pinceladas expostas nos quadros que passeiam entre o impressionismo e o impressionismo abstrato, ele coloca um pouco da sua vivência, dos 60 anos de vida que completou no dia 25 de fevereiro.

Pedro Pereira é filho do interior potiguar, nascido em Passa e Fica no ano de 1963, viajou para morar em Natal ainda criança. Igualmente cedo ele se interessou pela arte e  participava de todos os eventos culturais da escola.

“Meu interesse pela arte vem desde minha infância. Quando fazia os primeiros anos da escola, gostava muito de pintar e desenhar, sempre do meu jeito”, diz.

Mas foi apenas aos 15 anos que Pedro começou a tomar gosto, conta ele, quando começou a se dedicar não só ao desenho e à pintura, como também à poesia.

“Foi nos anos 1980 que eu iniciei no mundo artístico, fazendo parte da geração alternativa, movimento cultural que produzia arte às próprias custas”, explica o artista.

Ainda entre os anos 1980 e 1990, Pedro fez parte de um grupo de rock, o Cabeças Errantes, com quem realizou shows no Festival de Arte de Natal, no Forte dos Reis Magos, alem de apresentações no antigo Teatro Jesiel Figueiredo e na antiga Escola Técnica Federal do RN (ETFERN).

Foi nesse período, também, que lançou quatro livros de poesia. Em 1981 estreou com Lutar Pela Paz, e publicou Pingo de Força no ano seguinte, em 1982. Alto Astral, o terceiro livro do artista, foi lançado em 1983 e, em 1985, nasceu Artemanha, obra em parceria com o poeta Vlamir Cruz.

Paralelo à poesia, Pedro Pereira praticava artes plásticas a partir da pintura de camisetas, papéis, telas e da produção de colagens artísticas e instalações plásticas.

“Eu pinto o que não sei escrever; escrevo o que não sei pintar; pinto e escrevo o que me faz sonhar”

Pedro Pereira

Barreiras para derrubar

Em 2002, Pedro Pereira enfrentou a batalha mais difícil ate então, um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Ele perdeu os movimentos no lado esquerdo do corpo e se tornou cadeirante, mas nunca deixou de ser artista. Hoje, Pedro coleciona momentos em que fez da arte seu refúgio.

“Esse ano eu faço 60 anos de idade e 43 de arte”, revela.

Pedro gosta de retratar elementos naturais em suas obras. Foto: Daniela Cabral

O artista não esconde que se encontra na arte e que é ela a sua terapia.

“Me sinto apto a fazer da minha arte, é ela minha sobrevivência, meu bálsamo e meu equilíbrio mental, espiritual e físico”.

Ele conta e adiciona que, dentro das suas limitações, a dificuldade principal é de produzir obras em telas maiores, como costumava fazer antes do AVC. Mas isso não o impede de realizar outras pinturas e desenhos.

“A arte está viva na minha essência”, afirma ele.

E é também vivo que ele gosta que estejam os elementos nas suas obras. São flores, plantas, pássaros, mar, céu e ar os elementos retratados em seu quadro preferido, intitulado Pela Fauna Aflora.

“Gosto muito de pintar flores campestres, paisagens bucólicas, líricas do agreste potiguar e praianas, sempre com céus exuberantes”, ressalta.

Inspirar e ser inspirado

Enquanto se inspira e é influenciado por pintores potiguares como Dorian Gray Caldas, Thomé Filgueira, Newton Navarro e Leopoldo Nelson, e artistas do exterior como Claude Monet, Van Gogh, Henri Matisse, Paul Gauguin e Paul Cézanne, ele também inspirou artistas que conheceram suas obras.

Assim como foi inspirado por artistas potiguares, Pedro inspirou outros futuros artistas. Foto: Fábio Cortês.

Pedro relata que realizou diversas oficinas de pintura e desenho ao longo de sua vida, totalizando em mais de 100 ações em escolas e comunidades. Ele afirma, ainda, que deixou muitos talentos encaminhados.

Alda Maria, esposa de Pedro, também é inspirada diariamente por ele e suas obras e se sente privilegiada por isso.

“Sou muito grata a Deus por ter nos colocado um na vida do outro. Conviver com um artista é sempre algo inusitado e o que mais me inspira com a convivência é ver nascer, do branco da tela, cores e formas, cada uma com sua peculiaridade, tão variadas e belas”, relata a companheira, que revela como o marido também lhe da força:

“Quando tenho alguma coisa que me limita a fazer, me espelho nele, que não deixa nunca os obstáculos serem maiores do que a força de vontade de vencê-las”.

Alda Maria, companheira de Pedro Pereira 

Pedro não quer deixar de fora os versos que cria a cada dia e deixa uma mensagem especial para todos que são, foram e ainda serão alcançados pelas suas obras:

— O tempo lapida, a distância aproxima, o amor une, a arte salva.

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