CIDADANIA

RN tem queda na taxa de desocupação, renda maior que média no Nordeste, mas inferior à nacional

Os meses de outubro, novembro e dezembro foram os melhores para o Rio Grande do Norte desde 2013, levando em consideração os indicadores de trabalho e rendimento para o 4º trimestre de 2022, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No Rio Grande do Norte, há uma tendência de queda no número de desocupados (pessoas que não estão trabalhando, mas seguem à procura de emprego) com uma taxa estável de 9,9% no trimestre que vai de outubro a dezembro de 2022, contra 10,5% do trimestre anterior. A queda é ainda maior quando a comparação é feita com o mesmo trimestre de 2021, quando a taxa no estado era de 12,7%. Apenas em 2013 o RN apresentou índice mais baixo, de 9,8%.

Na prática, o período analisado (4º trimestre de 2022) aponta que cerca de 153 mil pessoas estavam desocupadas no RN, dez mil a menos do que no trimestre anterior. Entre os homens, a taxa de desocupação foi de 9,3%, enquanto entre as mulheres foi maior, chegando a 10,8%. A diferença na taxa de desocupação entre os gêneros apresentou redução em relação ao trimestre anterior quando para eles foi de 9,2% e, para elas, de 12,3%.

Cor e escolaridade

A diferença de empregabilidade entre os gêneros também fica evidente quando são analisados outros fatores, como cor e escolaridade. No RN, a taxa de desocupação fé de 8,8% para pessoas brancas, de 7,7% para pessoas pretas e de 11% para pessoas pardas. Em números absolutos, são 48 mil pessoas brancas desocupadas, ao passo que pretos e pardos somam 103 mil.

Já levando em conta a escolaridade, a desocupação no RN é de 8,4% para quem não tem instrução ou tem até um ano de estudo; sobe para 10,3% entre aqueles com ensino fundamental completo; para 11,8% entre as pessoas com ensino médio completo e baixa para 4,4% entre os que possuem diploma de ensino superior. Dos cerca de 153 mil desocupados no estado, cerca de 131 mil (86%) têm até o ensino médio completo como maior nível de instrução.

Natal

Na capital, a taxa de desocupação foi de 8,8% no 4º trimestre de 2022. Em comparação a outras capitais nordestinas, Natal tem a 3ª menor taxa de desocupação, ficando acima apenas de Fortaleza (7,5%) e Teresina (8,7%). Nacionalmente, Natal fica na 14ª posição no ranking. O comércio continua sendo o setor que mais emprega no estado, representando 22,1% no volume de pessoas ocupadas. Em segundo, está a administração pública com 20,9%.

Renda

No RN, a renda média mensal é de R$ 2.153,00, valor acima da média da região Nordeste (R$1.885,00), porém abaixo da média nacional (R$2.808,00). O estado teve um aumento de 6,2% na renda em relação ao trimestre anterior (R$ 2.028,00) e de 3,9% em comparação ao mesmo trimestre de 2021 (R$ 2.072,00), o que indica apenas estabilidade na renda, sem tendência de crescimento. No Nordeste, apenas Pernambuco registrou tendência de aumento (9,7%) no rendimento mensal em relação ao trimestre anterior. Os pesquisadores do IBGE também constataram uma diferença de R$ 329 entre o rendimento médio mensal pago aos homens (R$2.288,00) e às mulheres (R$1.959,00).

Informalidade

No Brasil, o número de pessoas trabalhando informalmente, ou seja, sem carteira assinada, teve a maior alta desde 2012, quando a Pnad começou a ser realizada. Foram 12,9 milhões de pessoas em 2022, o que representa um aumento de 14,9% em comparação a 2021, quando 11,2 milhões enfrentavam essa situação.

Do ponto de vista do mercado de trabalho, sempre que a gente tinha uma crise, a informalidade servia como um colchão para amortecer a queda da atividade econômica e, portanto, o aumento do desemprego. As pessoas quando se viam em dificuldade procuravam uma atividade informal para se sustentar e perder menos renda. Mas, nos últimos anos, temos visto que toda recuperação econômica, na verdade, vem acompanhada de um aumento da informalidade”, avalia o professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Cassiano Trovão.

Apesar do número de trabalhadores com carteira assinada em 2022 ter aumentado em relação a 2021, num total de 98 milhões de pessoas, a média salarial paga a essas pessoas tem caído com o tempo, um indicativo de que a crise econômica continua a reverberar de maneira complexa no mercado de trabalho.

Isso tem mostrado uma condição de vulnerabilidade do mercado de trabalho e que essas ocupações que crescem nessa informalidade são de baixíssima produtividade, o que não permite que a economia cresça. São empregos de baixa remuneração e, portanto, a capacidade de consumo dessa população não é elevada, o que dificulta, inclusive, a possibilidade de retomada da atividade econômica. Há uma queda do desemprego associada à queda de renda, ou seja, os postos de trabalho gerados são de baixa produtividade, baixa qualificação e baixa remuneração”, acrescenta o professor Cassiano Trovão.

Pandemia

“Na pandemia, houve uma queda acentuada de postos de trabalhos informais, isso ocorre porque eles são os mais afetados. Não é à toa que milhões de brasileiros pediram auxílio emergencial. Há uma queda expressiva da informalidade, mas quando a economia retoma, essa informalidade dispara, não é à toa que hoje temos quase 40% (38.8%) de taxa de informalidade. Esse é um cenário complexo, inclusive, do ponto de vista da possibilidade de retomar o crescimento econômico de maneira mais sustentável uma vez que a renda não está acompanhando essa elevação do emprego porque os postos gerados são, em sua maioria, no mercado de trabalho informal”, avalia o professor da UFRN.

Reforma Trabalhista

A Reforma Trabalhista veio, em tese, para facilitar a geração de emprego, uma vez que o discurso de quem defendia a Reforma era de que o mercado de trabalho era muito rígido e, portanto, flexibilizá-lo favorecia a geração de postos de trabalho formais. Mas, na verdade, o que vimos foi que isso não aconteceu. Verificamos uma elevação dos postos informais e aqueles gerados na formalidade, por conta das novas formas de contratação que a Reforma Trabalhista permitiu, estão trazendo pro mercado formal características de informalidade, como alta rotatividade, baixos salários, trabalho por demanda. Aumenta a precarização e a rotatividade, tornando o mercado de trabalho ainda mais frágil”, conclui o professor do Departamento de economia da UFRN.

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