OPINIÃO

O pastor e o guerrilheiro

Por Rômulo Sckaff

Uma salada de frutas que não combinam, tampouco traz reparações históricas.

Um filme que percorre diversas camadas de nossa história, que se inicia em 1970 e vai até 2000 quando no romper do século,  passado e o presente se encontram nos principais personagens.

Uma narrativa superficial e simplista de nossa história.

Vemos um guerrilheiro, totalmente despreparado, movido exclusivamente pelo ideal, mais preocupado pelo amor de uma mulher, um grupo sem nenhuma liderança.

Um pastor em conflito com a modernidade, que coloca em duvida seu passado teológico.

E uma herança repleta de sangue por canalhas patriotas financiados pelo EUA sem nenhuma responsabilidade com o povo.
Essas camadas com 35 anos de diferença, e até que bem resolvida nas transições de tempo, esbarra nas realidades históricas dos fatos.

O filme O Pastor e o Guerrilheiro mostra um grupo de idealistas jovens, em meio a floresta Amazônica abandonados à própria sorte, não mostra qualquer integração aos povos locais.

Mostra um coronel “Cruz” em uma caçada e a repressão quase individual, mostra de forma muito rápida e sutil o programa Aliança para o Progresso que financiou todo o regime militar, e quase como visitante dos porões da ditadura um pastor preso por conhecer comunistas.

A história adaptada do livro “Araguaia: Relato de um Guerrilheiro” de Glênia Sá, serve unicamente para as frases de efeito em uma tentativa de humanizar o guerrilheiro, nem mesmo a razão de sua morte em situação estranha é levantada.

O filme ainda tenta mostrar a evolução da igreja primitiva evangélica em shows televisionados, mostrando que o conflito é entre gerações.

E por fim, no conflito familiar entre os militares e suas fortunas,  não expõe a perversidade de seus personagens.

Nessa salada de frutas, com algumas sem sabor, perdemos a possibilidade de ter um filme debate, também não conseguimos pensar na história como simples entretenimento, uma pena ter um filme com tema tão propicio para reflexão falar muito sem dizer nada.

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