“A folha continua a ser o principal problema do Rio Grande do Norte. Quando assumimos, o Estado gastava 66% da Receita Corrente Líquida com folha. Esse percentual caiu para 53% e ainda está acima do limite máximo que é 49%. É preciso que essa trajetória de queda continue por obrigação legal, tem que tirar 0,5% por ano sob pena da governadora ficar inelegível…
Um drama adicional a isso é que o Estado não tem excesso de servidores, na verdade, carece de servidores. Hoje, metade está na ativa e metade inativa. Agora só é permitido fazer concurso para ocupar vacância na área de saúde, segurança e educação”,
revela o economista Aldemir Freire, que nessa última segunda (08) deixou o cargo de Secretário de Planejamento e Finanças do Estado do Rio Grande do Norte (Seplan) para assumir a Diretoria de Planejamento do Banco do Nordeste.
Aldemir, que foi o entrevistado do Balbúrdia desta quarta (10), também fez um balanço do período à frente da Seplan :
“O primeiro desafio eram as quatro folhas salarias em atraso. Quando assumimos, em 1º de janeiro de 2019, tinha o salário de dezembro em atraso, o 13º de 2018, parte de novembro e outubro, e outros servidores com o 13º de 2017 em aberto. Isso era o que mais nos pressionava na época, uma dívida de um bilhão”, relata.
O agora diretor de Planejamento do Banco do Nordeste (BNB) ainda fez uma avaliação do histórico político no RN que tinha resultado na derrota dos últimos três governadores do RN enquanto ainda ocupavam os cargos:
“O Estado vinha num histórico de ladeira abaixo desde 2010. A cadeira do Governo do RN era uma cadeira de moer reputações políticas. Os últimos três governadores tinham perdido a eleição, quando estavam no cargo. Iberê perde em 2010, Rosalba nem consegue se candidatar, viabilizar a candidatura, e Robinson também perdeu quando ocupava a cadeira de governador”.
Além de organizar as contas, o período da primeira gestão de Fátima Bezerra (PT) trouxe outro desafio, lidar com a pandemia da Covid-19 com um governo federal hostil, que adotava medidas que dificultavam a administração dos estados.
“Se você tem dívida no cartão, tá devendo conta de água, luz, gás, tá com o aluguel atrasado… não vai construir um apartamento novo. Vai primeiro resolver suas contas, minimamente, para reformar a casa ou comprar móveis novos, não vai fazer investimento! Passamos quatro anos resolvendo os problemas financeiros, embora tenhamos sido surpreendidos com aquela medida de redução do ICMS dos combustíveis”, resume Aldemir Freire.
Durante a entrevista, o ex-Secretário de Planejamento e Finanças do Estado do Rio Grande do Norte também fala sobre os planos de investimento para o RN nos próximos anos, as gestões fiscais dos partidos no poder, a pressão dos movimentos grevistas e o impacto financeiro de leis do piso de diferentes categorias, como a dos Professores e Enfermagem.
Confira a entrevista na íntegra:
O novo diretor de Planejamento do BNB: entrevista com Aldemir Freire – YouTube